Mãos sinistras
Em cada dia que amanhece
Há dedos que teclam letras
Que furam papéis das montras
Oxidadas em adornos de fenece.
Há mãos que escrevem assombros
Brotando cristais de sofrimento
Abismando emoções do momento,
E sofrimentos sem amparos…
E vejo outras mãos aos ombros…
E os cumes conformes à maresia
Deslizando para uma doce falésia
A mergulhar-se nos escombros.
Preferências caprichadas a faro
Fizeram afastar valentes carreiras
Da vida de gente, cheia de asneiras
E talentos de gigantes pés de
barro.
E vi olhos bestas a enlearem
cordéis
Emaranhados em tripas de atolam
Dores anestesiantes que se protelam
Em bicas que só pingam em bordéis.