Mar da cidade
velha
Ó mar cinzento da
velha cidade!
Parar à tua
beira, com sagacidade,
Contemplar em
êxtase o teu ir e vir incessante
É ver-te sem
nenhum ritmo constante.
É ver-te ladeado
de ovais calhaus
Talhando crânios
de homens maus,
Que moldaram a
história das origens
Da Cidade Velha para
fazer vertigens.
Cidade Velha a
par de sua idade
É velha na sua
história e origem,
Madura de gente
pura e sem ferrugem
Que as fortes
ondas esculpiram com calhaus!
Penetrando o
fundo das tuas águas
Retira-se de lá
antepassadas mágoas,
Abscônditos olhos
arrancados a garfo
Algum rosto
esmagado ao crânio safo.
Olhando para
cima, a amarga fuligem,
Recorda o
refúgio, com vertigem,
E antepassados,
cismando seu focinho,
Fintando o olho a
tortura no pelourinho!
Do alto teor de
sofrimento escapou gente
E o que agora
resta da enlutada mente,
Dum postergado
passado profundo e dorido
Hoje é um
presente a exibir com alarido.
29 de Julho de
2011.