DIA MUNDIAL DO AMBIENTE
O Dia 5 de Junho, dia mundial do ambiente;
D evíamos tratar com carinho o ambiente
I dentificar ações benéficas e do mal ciente
A qualquer tempo, ano, mês, dia e vivente!
M udemos de mentalidade, cada um em particular,
U rdindo ideais que se materializam sem prejudicar,
N em o ambiente, nem a ecologia, nem a atmosfera
D ê-me a sua mão e façamos um grupo que se esmera,
I nspirando-nos em boas práticas protetoras da vida
A nimal racional e irracional, planta, a coisa querida,
L astimando na poluição, o efeito de estufa e a morte lenta.
D ê-me a sua mão e façamos um grupo que se esmera,
O rquestremos e entoemos em voz alta: deixemos esta era!
A mamos este mundo e queremos que ele persista…
M arquemos uma presença com amor, não desista!
B em-aventurados aqueles que protejam o ambiente
I dentificando suas práticas com este ideal decente
E scolhendo actos nocivos ao ambiente, deles afastar
N em que seja preciso algum sacrifício no belo estar
T endo que prevalecer o ser, cirandado no tudo ter
E stonteante, que não o deixa ver a desgraça do ser!
Amália Faustino Mendes, 5 de Junho de 2011
Aqui,
à espera do pôr do sol,
Escuto
o chap chap das ondas
Dum
mar que insiste no vaivém,
E
desassossego desmedido .
Ó
mar, perdoa-me se errei
Quando
levou o meu amor!
E
agora, é castigo demais recordar
De
algo, algures, como o céu distante
Que
o tempo escondeu
Abafado
ou fadado e bafejado,
Mas
não apagado
Da
minha memória defronte,
Por
detrás do horizonte!
Amáia Faustino
Exibições: 91
SEBASTIÃO
S oam sete badaladas do dia 14 de Fevereiro
E exausta e sonolenta dum caso urgente e derradeiro
B ocejos de amor por ti, que não se evadem do cansaço,
A vançam, abraçando-te imaginativamente, beijinhos no pescoço…
S eja meu para sempre e desfruta comigo a vida que te imploro,
T emplo meu, sucesso familiar e profissional, que adoro,
I nstinto de amor verdadeiro, subjacente o teu companheirismo,
A nda cá reafirmar-me o teu carinho que nos leva ao sismo,
O ndas gigantes nos teus olhos lindos e inesgotáveis de amor
Amália Faustino
14 de fevereiro de 2011
MUNDO INDISPOSTO
Nasci no alto de um outeiro
Cresci com a família Monteiro,
Vivi no meio de companheiros,
Num campo de dragoeiros!
Eu era um poço de utilidade
Meus parentes, com probidade
Fizeram-me horta de felicidades
Onde semearam honestidades!
Criei e cultivei a minha família
Onde ninguém era feliz à revelia
De o outro ficar em lamento,
Pela infelicidade em detrimento!
Ninguém é verdadeiramente feliz
Ante outro gerador da infelicidade,
O próximo, um espelho que prediz
Só reflete o outro em conformidade!
E hoje que já não sou nem estou
Expetante - o mundo diversificou,
Paradoxos, interesses, desinteresses,
Idealizam abundantes impasses.
E agora, já de partida, serei levada,
Experimentando uma levada alterada
Absurdos, incongruências, desapegos,
Males, apertos… em família de inimigos.
Neste exato momento, resta-me ir
Antes que o coração chore a partir,
Ou venha a bramir, se pouco muda
Num mundo indisposto e sem ajuda!
JULHO 2011
CARTA DE ALFORRIA
Tenho uma carta de alforria para descartarJá que de nada vale no meu excelente portar,
Desprezado ao vale do esforço do desacorrentar,
Pelo desreconhecimento que se veio a votar.
Era preciso que ela fosse tomada por alguém,
Lida e rasgada ou prendida e considerada,
Que não fosse mantida como coisa em desdém,
De um pertencente de sociedade sem camada.
Se, qualquer perna é perna, diz o pardal,
Então toda a carta de alforria liberta,
Sem ser, nunca útil para o próprio mal,
Perpetrado por gente de maldade encoberta.
Será devida a opção por esse tipo de carta,
Se desconfiasse estar neste vale de maldade,
Onde a crueldade se valoriza, cresce e aperta
A pessoa humana, valorizando mais a herdade?
Agora sofro na prisão, sem voz, mas vejo a carta,
Pensando que é mesmo pela alforria que devo ripostar:
Vale ainda menos ser escravo do que badia liberta,
E ser um recurso, ainda que em mim não se apostar!
amalia faustino
2011
Venero-te, Cabo Verde
C á estou eu, de novo a venerar-te,A o chegar de longínquas paragens!
B astantes vezes venho percorrer-te,
O stentando-te as minhas origens!
V eja se me entende porque venho!
É s maior do que onde eu estava,
R iqueza maior do que eu tenho
D istribuíste a quem contigo andava
E te afligiste ante a minha falta!
T ens um íman que atrai meu amor
E irrompe desse teu âmago o afecto
R aiando do teu mar, grande primor
R eluzente, de luz e calor repleto,
A fagando-me carinhosamente: meu filho!
M inha terra, terra que me aninha!
I lumine destino meu, guarida minha,
N em que eu não mereça uma protecção
H umanize-me se me vê ante má moção
A ntes que me torne delinquente ou falho!
Amália Faustino
ISTO É AMOR
Amor sente-se, e é um sentimento
Amar é sentir um certo batimento
Em si e para si, e, com nobreza,
Inspira-o, expirando a sua natureza.
A natureza do amor é um tanto
Simples, sincera e forte, no entanto;
O amor realiza-se sem lamento,
E não se iliba de mau momento
Vive-se o amor sem arrependimento!
Arrepende-se de certa falta de alimento
Ao amor, consumado na indevida altura,
Para efeito de dispensar sua captura!
Ninguém dispensa o amor, captura-o,
No âmago de um trama urdido, fura-o
E lá encontra o essencial de seus ensejos
Que faltava assimilar e saber viver desejos!
O amor assimila-se e acomoda-se nele
Intelectualmente percebido como aquele
Que se vive de corpo, espírito e alma,
De pureza satisfação de quem se ama!
Aceita-se o amor a qualquer altura;
Ninguém se afasta do amor que dura
Em função do tempo do amor vivido,
Mas, em função do amor no tempo vivido!
É claro que não sabes isso o que é
E alardeias ser amor esse seu rapé
Que dizes ter por mim, todos rejeitam,
Desmarcam-se e não te experimentam!
Desejo ser profundamente amado por alguém
Isso é bom, dá força sem a tirar de ninguém!
Amar alguém, profundamente, dá coragem,
Se for correspondido sem muita miragem!
Amália Faustino Mendes
DESISTE OU INSISTE?
Quem nunca pensou em desistir de ideais e sonhos?
Quem nunca quis desistir de causas semi-tresmalhadas,
Ainda que parta com o coração amargurado por tacanhos,
Que teimam e insistem em tê-las perdidas?!
E vale a pena debatermos as causas extraviadas?
É que às vezes desistimos de causas não perdidas,
Quando aquelas lágrimas teimam em jorrar,
Nos momentos em que fortes desejamos aparentar!
E pedimos a outrem um pouco de pujança,
E a Deus solicitamos que a luz nos empresta,
Esperançosos de seja qual for a resposta:
A conivência, a cumplicidade e ou a força.
Mas pode-se ouvir: aguenta a sua aposta!
Ainda negar-se, ao menos, um olhar cúmplice;
Ou então, uma gota de água benta, em cálice,
Vem sob a forma de uma divina proposta!
Quando padecimentos forem bastantes,
Sem termos com quem os partilhar,
Sentimos solidão, enquanto cercado de entes,
E muitas vezes existimos com luz sem brilhar!
Mas Deus pode insistir em nos abençoar,
E caminhos seguros nos mostrar,
Onde sucessos podemos alcançar,
Se prosseguirmos, insistindo em Nele afiançar.
A insistência em seguir é uma missão a cumprir.
A realização pessoal insiste em se atingir.
E sem se realizar a gente insiste em agir,
Que a felicidade é a meta a conseguir!
Autora: Amália Faustino Mendes
NÓS E O TEMPO
Nós e o tempo I
(Alterado)
Normalmente, não se reflecte o tempoÓbito, enquanto tempo sai do tempo
Sabendo que tempo é tempo por ser tempo.
E o tempo temporiza-se no tempo!
O tempo é tão precioso ao longo do tempo!
Teme-se as dores da futura face do tempo,
Enquanto rola a tempestade desse tempo
Matando, assassinando tudo desse tempo,
Perigando o tempo vindouro no tempo
O temperamento não tem culpa desse tempo.
Amália Faustino Mendes
I
Nós e o tempo I (ORIGINAL)
Normalmente, a tempo, não se reflecte o tempoÓbito, enquanto tempo final, temporário, sai do tempo
Sabendo que qualquer tempo é tempo só por ser tempo.
E o tempo, dádiva superior, temporiza-se no tempo!
O tempo é tão precioso e valioso só ao longo do tempo!
Teme-se as dores da têmpera, na futura face do tempo,
Enquanto rola a tempestade típica desse moderno tempo
Matando, assassinando, a tempo, tudo o que está no tempo,
Perigando o tempo vindouro, temperando no tempo o tempo
Onde o temperamento não tem culpa do tempo desse tempo.
Amália Faustino Mendes
NÓS E O TEMPO II
Ordenando o tempo do temporal contável no tempo
Sem temperança de neo templários a operar no tempo!
E temporariamente, vem a temporada prejudicial ao tempo,
Ostentar, no seu tempo de antena, as mazelas do tempo.
Tempo é mais valioso do que o dinheiro desse tempo
É melhor reconhecer que, uma vez gasto o tempo,
Mais não se pode reivindicar a volta desse tempo,
Por ser irreversível a utilização do consumido tempo;
O temporizador é que não recua a evolução do tempo!
Amália Faustino Mendes
EFEMERIDADES DA VIDA
Um triz é o que corresponde o fôlego
Com que se oxigena o cárcere do ego
Se arma, bactéria, ou um minúsculo vírus
Abalroarem o motor de quaisquer gurus!
Com a cabeça cheia de planos, chega-se à meta,
Ainda olhando, de soslaio, o percurso e a partida,
A lembrar, duma vez, quão curta foi a estada,Que nem os avanços tecnológicos deram guarida.
A tafofobia[1] prossegue em termos lógicos,
Sem a certeza de se estar em vida ou na morte
Seguindo, com aparência de ubiquistas[2] loucos
Que não temem enfrentar um zurzidor[3] de porte.
Agora, e não sempre, se actua na moda assim:
Se tem contas de ubiquista ela é ajustada, sim
E não tem talho, ainda que se fica sem ar,
Nos pulmões nunca estupefactos fora do bar!
E assim se somem e se consomem os gajos,
Cujos bens materiais ficam em despojos,
Excedentes de um e de outro, sem cortesia
Permanecem em perfeita e idêntica paralisia!
Só se conhecem os destinos de cada qual,
Mas fica-se por saber em que esbulhos de capital
Se deduz a causa do perecimento do danado
Que, mesmo sem habilidade, se salvou a nado!
Sempre se fica a saber que alguém termina,
Num porém curioso, fica sempre incógnito,
O passo do malfeitor que não se determina,
E de propósito, o pilim se mantém em recôndito.
E a história se repete e se estende variada,
Instalando-se umas tantas e outras, até com piada,
Porque o zurzidor indaga antes como se prefere,
Se com anestesia ou sem ela que a vitima adere.
Se a opção tarda, eis que a paciência se esgota,
É então que se pode enxergar a cor da gota
Para além da trauma de consciência esvaída,
Que se elucida durante a contabilidade decaída.
Jorros de água e sangue sempre ou quase,
Com um espectro de insegurança e medo
Trauma e tremor indeterminados, na base
Segue-se, sob ameaça de um enorme penedo.
Quando assim, armas até aos dentes se exibem
Amedrontadas e tementes aos que não o ilibem,
Mesmo em caso de defesa de preciosidades
São situações que interessam apreciar as idades.
Discutindo sobre a legitimidade do acto defensável,
Estando em jogo a disputa do direito indispensável
A intransigência preservativa que só instala o alarido
Entra em cena na defensiva do herói como vítima ferido.
No mundo em espiral, a esperança mantém-se viva
Num dia diferente, do alto nível, poder-se cantar viva,
Distintas audiências, diferentes visões, realidades,
Realizações em medidas, mocidade, idades, felicidades!
Amália Faustino Mendes
[2] Pessoa que dá impressão de estar em várias partes ao mesmo tempo
[3] Que dá sova, castigos físicos.
Paro à tua beira, em êxtase e
sagacidade,
Contemplo o teu ir e vir incessante
Sem nenhum ritmo constante.
E vejo-te ladeado de ovais calhaus
Talhados a crânio de homens maus,
Lembrando-me a história das origens
Da Cidade Velha e das suas miragens.
Miragens velhas pela sua idade
Velhas na sua história e origem
Cidade madura e dura na margem
Onde as ondas esculpiram calhaus!
Perfurando o fundo das tuas águas
Desarreigo de lá antepassadas mágoas,
Abscônditos olhos arrancados a garfo
De algum rosto esmagado ao crânio
safo.
Olhando para cima, vi a amarga
fuligem,
Recordando o refúgio, com vertigem,
E antepassados cismando seu focinho
Catando, a olho, a tortura no
pelourinho!
Do alto teor de sofrimento escapou
gente
E o que agora resta, enluta a sua mente,
Num postergado passado, profundamente
dorido
Que hoje é um presente a exibir com
alarido.
Amália Faustino, 29 de Julho de 2011.
NASCEU DO SACO AZUL
Nasceu uma criança
Que trouxe numa mão uma alça
E a alça desprendera-se de algo
Que já não se via o seu apego!
Depois da criança
Um saco de abastança
Também nasce e se despeja
Na presença de quem peleja.
Inscrita no saco se vê:
Eu sou a tua abastança
Boa sorte a quem me vê
E me leva como herança!
Com as moedas de ouro
Torna-se rico e a parentes seus
Distribui parte do tesouro,
Assumindo o controlo dos fariseus.
E o saco de cor azul,
Da cor do céu do continente,
Do país e concelho decadente
É, num certo sítio, um paul.
E lá, cada quem é como cada qual,
Cada um seu bolso, e de lá a bolsa,
Se de qualquer controlo, tudo normal,
A contabilidade, existindo, é falsa.
Amália Faustino Mendes, 14 de Agosto de 2011
A FORÇA DA PAIXÃO
De um lado ele, do outro, ela…
O mar e a terra separando os dois
A mesma chama queimando a ele e a ela
Ambos não contêm o expirado fôlego de
bois!
E ouve-se de lá chiando os dois
A terra e o mar que observam,
A conter energia dos dois sóis
Que sem as mãos não desbravam.
A energia contida nos órgãos
Fazem-nos avolumar, respirar,
E latejar, sem dor nos pés e mãos,
Mas sim de prazer a enfartar.
Se é o que arde que os faz espirrar,
O que é doce os faz lamber os beiços,
O que é salgado vai a tensão alterar,
O corpo em tudo redobra em esforços.
Que coisa é essa que sinaliza a
vitalidade,
Enlouquecendo qualquer um que a
porta,
Desrespeitando preconceitos da
sociedade,
Sem desprimor pelos valores que
importa?
Essa coisa é a atração de dois que
se queiram,
E se entregam, cegos por quem se lhes
vê,
Ensurdecidos para o que deles se
ouve,
Sem sentir o cheiro que no momento
exalam!
A atração confisca a fraqueza e
confere forças
Mais do que o ardor de Camões, o amor
é doce
E omite qualquer sofrimento, sem
esforços,
Só requerendo a ausência de foice e
coice.
Amália Faustino, Santiago de Cabo
Verde
Um amor interesseiro
O amor da minha parte, desde sempre,
Fundiu meu querer e meu ser no meu
ter,
Incorporando tudo em tudo, a todo o
timbre,
Sem deixar a lucidez fluir no meu
antever!
As investidas de um certo desamor,
Estabelecidas e desenraizadas duma
alma
Despistadas sorrateiramente no amor
Mostraram-me que, afinal, não me ama!
Arrisquei-me a um amor afoito,
Que só me interessou por uma coisa
Sua pertença, onde tira seu proveito,
A gozar prazer e lazer donde poisa!
Com seus restos orgânicos, por
prazer,
A sonhar ou acordado, no seu lazer,
Reduziu-me a todos os seus benefícios
E restos de sobras de grandes
sacrifícios.
Meu amor inocente e simples ao
dispor,
Sem se opor por opor a um não sincero
amor,
Foi um nada ante o interesse pelo meu
ter
Que Teu ser não dispensa, pelo
querer!
Amália Faustino Mendes
SÓ TU
PODES SALVAR-ME
Sei
que posso estar morrendo,
Não te estou chantageando,
Idolatrado meu, é mesmo verdade!
Tu podes, no entanto, salvar-me,
Regando a minha felicidade,
Amando-me, e na realidade
Malefícios podes apartar-me!
Podes fazer por obter tudo na vida,
Endireitando-me o destino do teu amor,
Reservas-me, assim, tudo o que me confere vida
Entretanto, erradicada de desprimor;
Isto é tudo o que não me mata, de verdade,
Reforças, assim, a minha felicidade,
Arrecadando meu amor por ti, na perpetuidade.
Bem-haja o amor correspondido,
Eterna condição de se ser querido,
Lisonjeado, elogiado, estimado,
Mimado, acariciado e afagado,
Instigado a uma paixão arrebatada,
Roçadora que esfrega o amor relaxado
Onde o querer, sem limites, é tudo criado.
Amália Faustino Mendes, 24 Setembro de 11
Bramidos da minha alma
Ó minha alma penada que sofre,
Procuro no teu olho que se abre
Um sinal de emoção que o cobre
Ao te soltares o cofre ao pobre.
Expectante, aguardo que regresses,
Trazendo contigo a prova de posses
De tudo o que te tornou um andante
Ao longo do dia e à noite, um voante!
Deixaste o cárcere de estrugidos,
Abandonado à sorte de foragidos,
Na marca de água de um pobre
A debater com o problema de cobre.
Tenha a pena da pena que me tirou
O abandono e a sorte que me restou
Para o benefício da alma que penou,
Hoje o feitiço, contra feiticeiro,
virou.
E nos dias que correm hoje e aqui,
Tanto se deve e paga-se também aqui,
Ao penalizar a quem não deve tal
croqui,
Faz-se o retorno do gume mesmo para
si.
Saudades de todos
Quem vai é que leva saudades!
Fui e levei saudades de todos
Daqui, e de suas propriedades,
Recordando seus bons modos!
Fui e levei saudades de cada um
De todos em geral, e de nenhum
Pude esquecer de sua essência
Durante toda a minha ausência.
Agora amenizo saudades de alguns
Que verdade manifestaram em seu sentir
E minha alma viu sinceridade duns
Com quem presença estou agora a repartir!
Amália Faustino, 3 de Novembro de 2011
Amor no tempo
O amor nasce e cresce
Vive,sobrevive e fortalece
Ante as agruras do tempo
De paixão de certo campo!
Minha paixão por ti prevalece
E, sempre que eu te veja,
Meu coração estremece
No meu peito que ainda troveja,
Sacodindo sob a minha blusa
O relâmpago que me refusa.
E a cova da garganta acusa
O bater descompassado
Do meu coração assado!
E eu não consigo esconder
A fúria do meu coração,
Quando te vejo entender
A certeza de toda a noção
De que, realmente te amo!
Agora e sempre, a todo o campo,
Apesar das agruras do tempo.
Pensando que no nosso ramo
Só se apaixona, e eu te amo,
Sinto-me culpado de portar amor
Por ti nutrido e arrastado no andor
Do peito e do teto meu alucinado
Que me acusa de mal iluminado!
Mas tu me elucidaste, bem entendida,
Sem culpa de pecadora ou de ofendida,
Que tens conservado o mesmo sentimento
Do passado para este nosso momento.
Amália Faustino Mendes, 4 de Novembro de 2011
Deixa-me amar-te
Sinto que te amo e tu a mim,
Mas tento conter em mim
A atracão física que não quero
Que notes, que afinal é vero!
E o meu coração te persegue
O teu a mim e ao meu consegue,
Numa reivindicação mórbida visível,
Penetrar no meu recôndito indelével.
Ah! Não consegui agora escamotear!
Estou sendo apanhado em flagrante,
Pelo teu coração apaixonado a tactear
Com a língua de fogo, já penetrante!
Culpado sou eu e o crime foi ocultar
O amor proibido que ainda sinto por ti,
Pois, em pesada carga eléctrica, parti
Para cima do teu coração a crepitar.
Por isso algema-me no teu tronco
Depois de eu marinar no chá de tartaruga
Até me encharcar e enervar como louco,
Numa paixão intranquila, ostenta de fuga.
Amália Faustino Mendes
NÃO SEJAS INDIFERENTE
Não seja indiferente
É possível que
Levante a sua cabeça e olhe
Que, em seu redor, tem gente
Que precisa do pão que lança
Ao monte de lixo onde ela colhe
Migalhas limpas pela mente
Como pão que formata na pança?
É possível que
Abra seus ouvidos e escute
O grito do seu vizinho que chora
Porque hoje não tem grãos
E não vai fazer refeição quente
Porque tem data para se ir embora
E ter que deixar sofrer seus irmãos?
Afina o teu olfacto e distinga
O cheiro que exala o seu próximo
Quando for por motivo de doença,
Do cheiro de não lavado da catinga
Ajudando, sem privilegiar o sarcasmo
Evitando proceder a atos de troça!
Estenda as suas mãos só para ajudar,
E use sua mente e boca para orientar
Àqueles que precisam do seu poder
Ou beijos carinhosos que os passa dar,
Para suprir carências, sem os molestar
Por interesses de visibilidade a defender!
Deixe instalar seu espírito altruísta
Com interesse pelo humanismo,
Deixando fortalecer sua tolerância,
Resistindo a tentação de ser egoísta
Ou arrogante contagiado de cinismo
Que exceda e exagere na ganância!
Pode-se manter um ser da humanidade,
Privilegiado de paz e humanismo saudáveis,
Sem ser indiferente face aos problemas
De outrem que não afectam sua felicidade,
Debelando situações desagradáveis
Promotoras de sofrimento e dilemas.
Amália Faustino, 16 de Dezembro de 2011
Fundo musical: Richard Clayderman. Murmures
(1980)
CESÁRIA
Cesária canta, encanta o mundo e cala-se,
Enquanto embaixadora da música krioula;
Simples e serena que ritma e não carece,
Ao cantar coladeiras e mornas, de pauta:
Retumba-as, afinadas, mas nunca rebola,
Instiga grande audiência que a engrandece,
Ainda em vida, com tudo o que importa.
Amália Faustino, 17 de Dezembro de 2011
NATAL NO PEAPAZ
Nasceu Jesus Cristo,
A 25 de Dezembro,
Trazendo ao mundo o visto,
Autorização a cada membro,
Luz que eleva ao Pai Celeste.
Natal, enquanto aniversário,
Assume-se como festa de berçário,
Templo de menino sem veste
Alojado numa manjedoura,
Lumiado pela estrela aurora.
Natal, símbolo de união familiar,
Humildade e gentileza a reconciliar,
Trindade santificada por mérito,
Apologia da paz e do perdão ao mal,
Logro e doação de presente inédito.
No entanto, Natal é festa
Adornada com muito cobro;
Tropeçando a essência desta,
Aumentando exageros ao dobro,
Ludibria-se a crença em Cristo!
Partilha-se menos bem do que se ostenta,
Reparte-se problemas com quem os aventa,
Odeia-se a quem nada tem, só porque pede,
Faz-se muita despesa, que nem se pode,
Ao fim do mês, desespera-se, igual ao coitado
Na sua habitual sobrevivência, bem animado,
Orgulhando-se ante seu mês igualmente mal!
Não profanemos a essência do Natal,
Obstando a eficiência do essencial!
FESTEJEMOS O NATAL, NA PAZ E ENTENDIMENTO,
CONCÓRDIA E SOLIDARIEDADE REAL,
SEM OSTENTAÇÃO.
GANHAREMOS A PROSPERIDADE EM TODO 2012
Amália Faustino 25 de dezembro de 2011
NATAL NO PROFANO
Nasceu Jesus Cristo,
A 25 de Dezembro,
Trazendo ao mundo o visto,
Autorização a cada membro,
Luz que eleva ao Pai Celeste.
Natal, enquanto aniversário,
Assume-se como festa de berçário,
Templo de menino sem veste
Alojado numa manjedoura,
Lumiado pela estrela aurora.
Natal, símbolo de união familiar,
Humildade e gentileza a reconciliar,
Trindade santificada por mérito,
Apologia da paz e do perdão ao mal,
Logro e doação de presente inédito.
No entanto, Natal é festa
Adornada com muito cobro;
Tropeçando a essência desta,
Aumentando exageros ao dobro,
Ludibria-se a crença em Cristo!
Partilha-se menos bem do que se ostenta,
Reparte-se problemas com quem os aventa,
Odeia-se a quem nada tem, só porque pede,
Faz-se muita despesa, que nem se pode,
Ao fim do mês, desespera-se, igual ao coitado
Na sua habitual sobrevivência, bem animado,
Orgulhando-se ante seu mês igualmente mal!
Não profanemos a essência do Natal,
Obstando a eficiência do essencial!
FESTEJEMOS O NATAL, NA PAZ E ENTENDIMENTO,
CONCÓRDIA E SOLIDARIEDADE REAL,
SEM OSTENTAÇÃO.
GANHAREMOS A PROSPERIDADE EM TODO 2012
Amália Faustino 25 de dezembro de 2011
AMOR À MODA DE 2012
AMOR deste século vem-se inovando de conceito,
Mudando sua essência sem paciência com o preceito,
Armadilhando-se no sexo, abundado na exiguidade afetiva,
Relações sem carinho congelando-se em condição aflitiva!
Ano passa, arrastando novos paradigmas de amar!
Mais se pulula no imediatismo libidinoso, que um amar
Ordenado por sentimentos sinceros de querer estimar,
Dar amparo e companheirismo, conferindo sentido à vida
Ausente de pressão angustiante e afronta promovida.
Deixem-me ficar o amor de 2011 se 2012 não acrescenta
Estes ingredientes de amor, carinho e amizade que basta:
2 dezenas de abraços envolventes, durante o dia solar;
0 situações aflitivas e zero afrontas por ciúmes no meu lar;
1 beijão carinhoso e desejado no abraço envolvente;
2 reforços diários ao meu valor e razão de estar vivente!
Amália Faustino Mendes, 28 de Dezembro de 2011
SE É BOM NÃO FINJA
Se é bom, não finja
Qualquer indivíduo é bom por natureza,
Mas a maldade pode destronar a bondade,
À medida que é invadida pela impureza
Da competição pela vida na imoralidade.
A impureza da competição pela vida imoral
Possui, na inserção, uma força descomunal
Para infetar, contagiar, disseminar e dominar
Os arautos da libertinagem, sem os iluminar.
Quem é bom por natureza, não deve coibir
Seu lado bom, mas deixar-se ver e exibir
A moralidade de sua alma, e o mal a eximir,
Mesmo em caso de necessidade de reprimir.
Quem repele o bem e atrai o mal, às vezes,
Numa subtil omissão ou ostentação de poses,
Distrai-se ante tais subtilezas de omissão,
Ocultando o bem no mal, em subtil missão.
A razão absorvedora pode-lhe fazer refém
Da ignorância de sentir todo o mal por bem,
E ainda adotar atitudes de arrogância
De contornos perspicazes de ganância.
O interesse pelo benefício ao próximo
É essencial à felicidade da alma que cura,
Aspergindo sucessos de acção, ao máximo,
Gozando o triunfo que o mal não atura.
Ser bom torna feliz quem o for, sem remorso,
Ser bom é inerente ao detentor, sem postiço;
Sendo melhor ser bom do que mau, seja bom
Sem fingir e deixa-se sê-lo, conforme seu dom.
Amália Faustino, 4 de Janeiro de 2012
SOLIDÃO NA MULTIDÃO
Este meu meio tem gente
E dentro dele mora gente;
Aqui e em toda a parte vive gente
Que passa, olha sem ver a gente!
Aqui na rua sei que há gente
E ouço falar muita gente,
Passos apressados de gente
Assinalam presença de gente.
Mas eu continuo sem gente,
Que pudesse falar-me como gente
E comigo convivesse como gente
Facilitando a existência da gente.
Talvez eu mesmo não seja gente,
Ou não se prefere que seja gente,
Ou porque já não posso ser gente,
Coloca-se-me à margem da gente!
Eu sou marginalizado por gente
Que se afasta de mim, como gente,
Despreza-me, sem me considerar gente,
Por ser originário dum meio indigente.
Mas depois fala-se em cuidar da gente
Piando que há gente carenciada com mente
Em que se deve investir, consciente
Mas é só para entrevistar e focar a gente.
Mas sempre vem bastante gente
Que mais podia fazer para gente,
Partilhando o excesso com a gente
Para que o indigente vire gente!
Amália Faustino Mendes, 21 de Dezembro de 2011
Mãe negra
É negra a nossa mãe,África sua e minha mãe,
Fez de mim sua irmã
Em carinho, afecto e estima
Distribuídos em proporção!
É a preta de leite doce,
Alimento que aquece
Até o branco que se preze
Teve protecção oferecida
Ainda hoje reconhecida.
Mãe negra, com sua ternura
Faz-me senti-la mãe pura,
Protetora de filhos que a fome vence,
E o radical injuria, mas não perece
Sabendo que seu sol não escurece!
Mãe negra se empenha
Mas não insiste na senha
Da Humanidade que gerou
Tendo-a deitado no seu berço,
Donde se espalhou pelo terço
Do planeta terra que a preza,
Interessado, apenas, na riqueza.
Amália Faustino Mendes
CARDO SANTO
Tua beleza encantou meu ego
Despertando-me a tentação
De apreciar tua cauterização.
À moda de um cabo-verdiano,
Olhei com olhos que vêem à mão,
Segurando, a verificar teu tino,
Pressenti tremor de antemão.
Então algo mudou em mim
Decidi examinar se és jasmim
Ou rosa para o meu jardim
Ou cardo santo do meu jardim.
Exame de pouca duração
Ergueu espinhos, em função
Da tua tentação em relevo
Meu cérebro sentiu enlevo.
Não pude evitar-te de um beijão
Numa perfeita mescla sem vão
De cores que matizam espinhos
Em suaves dores sem lanhos.
Amália Faustino, 14 de Fevereiro de 2012
PASSARINHA ENDÉMICA
Passarinha endémica
Chamam-me passarinha, uma cabo-verdiana
Orgulhosa, simpática, porém, não leviana;
E só me vêem nesta terra de Cabo Verde,
A passar em voo veloz que não se mede.
E chamam-me passarinha, porque me vêem
passar
Em voo próximo da gente, sem pretender
maçar;
Dizem que sou multicolor e tenho asas azuis
e pretas,
E pelo meu bico vermelho digo coisas e não
tretas;
Tratam-me bem aqui e por acaso, estou bem
Nesta terra deslumbrante, da gente de bem
Que me trata bem, porque também nada se
perde
Por ser amável e atenciosa como gente de
Cabo-Verde!
Visito essa gente, levando mensagens
contundentes
Escutadas entre as minhas gargalhadas
estridentes!
Tenho caráter, dou informações boas em tom
de paz,
Que a gente surpreendida decifra quando for
capaz.
Transporto, no meu voo, alegria ou
tristeza,
Conforme a leitura imaginada com esperteza;
Mas não sou ave de mau agouro, nem fada má
Que venha trazer, de longe, uma notícia má;
Precisa-se de reflexo para descobrir que
queria,
Com o chilreio lindo que cantei, anunciar a
alegria
Da chegada de hóspede ou gente que não se
via
Há bastante tempo antes do chilreio que se
ouvia…
Amália Faustino, 21 de Fevereiro de 2012
NÔS LINGUA
Ô nha genti, nu papia
sem kanhenhe ês nôs língua
Nu dexa-l sai frupo tudu dia,
El e salta setena, sen morri míngua!
Nu ta fla ma língua adoptado bale
Ma krioulu di nos mai bale;
Si nu meste tudu dôs, pamodi bale,
Pa kê fla ma un ka bale?
Si nenhum dês ka bale más ki otu,
Nton ninhum dês ka superior
Y ninhum també ka inferior,
Si nu nxina un, nu nxina kelotu!!!
Si nu sabe e-s,nu ta lebá-s pa bom portu,
Si nu konxe ses frontera
Ninhun dês ka ta confundi ku otu.
Pa nós bem, ês dos meste fika na bera.
Amália Faustino, 21 de Fevereiro de 2012 - dia da Língua Materna
Nos%20lingua.png
Bem que queria
Se voltares a perguntar-me
Já tenho a resposta do exame,
Eu confesso que te queria ler
E tuas palavras atraentes reler.
Se antes não te respondia
É porque algo me impedia
De sempre te querer ter
E acontecer, mas sem poder.
Ganhei a coragem agora
E prefiro ouvir-te, por ora,
E tomara que te aproximes
Para eu sentir que me ames.
Está aberto o teu caminho,
Vem e traz-me teu carinho
De que sempre fui carente,
Fugindo disso ser crente!
Eu fingia a verdade do papel,
Esvaindo sonhos em batel
Esquecidos na minha condição
De caçada, sem isca, nem atração.
Amalia Faustino, 23 de Janeiro de 2012
TUDU FÉMIA É MUDJER?
Tudu femia e mudjer?
(Na Língua Kabuverdianu)
Ta konxedu argén ki e femia
So pamodi e nase femia
Ou e bira fémia, pamodi e kre,
Mas e ka fika mudjer ki e ta kre!
So pamodi e nase femia
Ou e bira fémia, pamodi e kre,
Mas e ka fika mudjer ki e ta kre!
Ta konxedu fémia ki ta kre
Ser jenti di verdade y ser mudjer,
Ki ka ta nega sta na péli di mudjer,
Sem ten ses motivu di dexa di kre.
Más na dizesperu di dizeju sen puder
E ta fla si: si N ka era fémia…
Oxi n ka debe staba ti si…
Mas na nha terra inda tendu keli:
Baka sem rabu moska ki ta rinka
maradu na kintal di Zé ningén
Nomi arkivadu na rinka finka
Kel ki ka da pa nada e ka algén
Ta konxedum mudjer ku perkursu di vida,
Ki dja luta, ku esforsu, mas inda
Ki se igual dotu jéneru, karamba!
Intxidu di fronta ku injustisa e ta tomba…
Ora ki sukuru ta fitxa, anti sol kamba,
Na séu di femia, ta stroba-l da mudjer!
Y e so mudjer ki tem direitu sima ómi;
Si konsidera-l so fémia e ka ta ten nomi.
Amalia Faustino, 8 de Março de 2012 – Dia internacional da mulher
Toda a fêmea é mulher?
(Língua Portuguesa)
Conhece-se alguém que é fêmea
Só porque nasceu fêmea
Ou se tornou fêmea porque quis,
Mas não ficou a mulher que quis.
Conhece-se alguém que quer
Ser gente de verdade e ser mulher
Que não recusa estar na pele de mulher
Sem ter motivos para deixar de a querer.
Mas no desespero do desejo sem poder
Ela diz assim: Se não fosse fêmea…
Hoje eu não devia estar só assim…
Mas na minha terra ainda tem disso:
Vaca sem rabo, mosca é que arranca
Amarrada no quintal de Zé ninguém
Nome arquivado no arranca e finca
Quem não valer gente, não vira alguém.
Até uma mulher com percurso de vida,
E que lutou, com esforço maior ainda
Que seu igual doutro género, caramba!...
Enchida de afronta e injustiça, tomba.
Quando anoitece, antes do pôr do sol
No céu de uma fêmea, impede-a de ser mulher
E, é só mulher que tem direito igual ao do
homem;
Se a considerar apenas fêmea, ela não tem
nome.
Amalia Faustino, 8 de Março de 2012 – Dia
internacional da mulher
Imagem: Google
Lembro-me, pai
Uma grande saudade de si me invade
Nestes dias, provocando-me lembranças
Em raios de negrura das paredes maciças
Ladeando a sua limitada e pobre herdade!
Na sua pobre herdade jazes de certeza,
Sem dúvida, aqui resiste o que não pesa
O pó invisível em que se transformou
O seu rico crânio que teu filho cobiçou.
Agora misturou-se a todos e lá entrou,
A possibilidade de lho roubar me retirou;
Resta-me o pouco que me deixou
Admitir e confirmar que me preservou!
Agradecido, pai, pela herança e pelo dote
De que sirvo para me afirmar como gente;
Na vida difícil, destes tempos, pude ser
ciente
Graças à perspicácia do seu ser
inteligente!
Agora ressinto a presença de suas
herdades,
Sei que é capaz de me ver chorar de
saudades,
Mas peça a outro Pai imortal que me aguente
Me catapulte para patamares não decadentes.
Amália Faustino Mendes
Cordas
do Sol - Mnine da rua ma mim - Oficial videoclipe
AMOR AZUL
Encontrei-te numa noite cálida
Com a tua pele sensual já pálida…
Que se passa contigo? Alguma dor?
Perdeste sangue nesta noite de cor?
Olha para a lua e depois para mim…
Suas fases têm influências sem fim!
Já reparaste que esta noite é azul?
O sangue da minha veia também é azul!!!
Quando me aproximo de quem eu ame
Meu sangue de amor entra no seu coração
Pela veia de sangue azul, sem derrame!!!
Então, por amor, eu quero-te por perto
Para refazer esta palidez em veneração
Ao meu amor eterno por ti descoberto!
Amália Faustino Mendes, 22 de Março de 2012
PAIXÃO
Paixão
Quem nunca passou por isso,
De ter atravessado o maciço
Da sofrida chama da paixão,
Sem ter sido levado ao caixão?
Quem levanta o braço a negar
Pode fingir que está a apagar
Suas marcas de queimadura
Daquele tipo de paixão pura!
É que a verdade mora nos olhos,
fundida na dobra dos escolhos,
Ocultada pelo esforço dos folhos
E paixão clareia.se nos seus miolos.
E não adianta escondes
Amália Fausti
FELIZ PÁSCOA i
Z - Zingradas ,outrora, sem piedade!
P - Proezas referidas até ainda
A - Ação misericordiosa infinda
S - Sem vaidade, com visibilidade
C - Cristo quis a nossa felicidade
O - Ostentando sofrimento aceite
A - Antes da morte, tortura e açoite.
Amália Faustino
O MEU PRIMEIRO BEIJO
Agora estou a lembrar do ensejo
Que impregnaste no teu beijo
Que plantaste na minha boca
E nos meus lábios azuis de seca!!!
Seca? De seca sim, porque sim!!!
Teimam ter cor azul do céu,
Reflexo de um espelho assim
Num quadro castanho ao léu.
Ao léu, não, porque em meu coração
Digo que ainda estás em imersão
E direi ainda seres meu amor eterno
Que, sendo pecado, vamos ao inferno!!!
Porque em mim também a verdade
Está omissa numa certa fatalidade
Então aceito aquele beijo das estrelas
Para renovar a viagem à lua, em telas.
Amália Faustino, 13 de Abril, dia do Beijo
PROFESSOR E A PAZ SOCIAL (MODIFICADO DEPOIS PARA MUSICA)
UM DIA VOLTO
Se um dia voltar a nascer,
Ao teu coração vou descer
Para baixar murmúrios meus
Nos ouvidos dos teus eus!
Ah sim! Ostentarei meu sofrimento
Em ressono de um tambor,
Compassado na melodia do amor
Escondido num compartimento.
Vertem dos vasos da minha paixão
Correntes de lavas de muito amor
Que ardem, escamoteando o calor
Expirado do vulcão do meu caixão!
Deixa, quando eu voltar te conto
E ouvirás como senti cada ponto
Da profundidade do contraponto,
Que me desfez a carreira de defunto.
Amália Faustino, 20 de Abril de 2012
CONFIO EM SI
Eu confio
muito em si
No SENHOR,
grande confiança
Que lhe
realiza toda a esperança.
===Eu confio
muito em si
No SENHOR,
grande confiança
Que lhe
realiza toda a esperança.
===
Desde sempre
confiei em si
E NELE,
ainda mais fiança
Adquiri com
temperança.
===
Eu confiarei
NELE e em si
Na
profundeza do meu ser
Na grandeza
desse SER.
===
Creiamos
todos num PODER
Imbuído de
grande bondade
Que nos
garante a felicidade.
===
Ó meu DEUS,
creio em SI
E com seu
poder, dai-me Graças
Resistentes
a quaisquer traças!
Amália
Faustino, 2 de Maio de 2012
MÃE NEGRA
É negra a nossa mãe,
África sua e minha mãe,
Fez de mim sua irmã
Em carinho, afecto e estima
Distribuídos em proporção!
________________________________
E a preta de leite doce,
Alimento que aquece
Até o branco que se preze
Teve protecção oferecida
Ainda hoje reconhecida.
_________________________________
Mãe negra, com tua ternura
Faz-me senti-la mãe pura,
Protetora de filhos que a fome vence,
E o radical injuria, mas não perece
Sabendo que seu sol não escurece!
__________________________________
Mãe negra, sei que, se empenha
Mas não insiste na senha
Da Humanidade que gerou,
Tendo-a deitado no seu berço,
Donde se espalhou pelo terço
Do planeta terra que a preza,
Interessado, apenas, na tua riqueza.
_____________________________________
Amália Faustino Mendes
MMM
MUNDO EM PENA
É penoso ver pagar entes
Por atos de outras mentes
Que em tempos remotos
Semearam venenos a lotos.
Se a lotos andam em jogos,
O presente é ganho a fogos
Que o tempo dribla em nó,
Num futuro afundado sem dó.
A humanidade desregra-se,
Vem o mal e perpetra-se,
Trepando-se a olho nu, visto
E a terra está cheia de quisto.
Sol acende, mar fumega, terra racha,
O céu, em poder mancha
Gotas mil vêem-se em derrame,
Range tudo, pondo todos a leme.
Confirma-se em tudo a atolada:
Ladeira e corpos em derrocada
Víveres, pedreiras em barreira
Imparáveis ao azul vão à abeira.
Pesadas vacas bóiam sem rumo
Árvores, de raiz em flor, acenam
E aves vêem, esvoaçam e rodopiam,
De seus peitos palpitantes, sai fumo!
Peixes de barbatanas em leque
Ginasticam no turbilhão da água
E, prepotente para que nada fique,
Para lá arrasta, extinguindo a mágoa!
O mar, sem tempo para acatar as algas
Desertou seu fundo que se manifesta piegas,
Indicando vias cruas e nuas pelo toque
Onde os seres se encontram em desfalque.
A Terra, essa deixa-se decompor:
Tornados formam-se para transpor
As barreiras fronteiriças artificiais,
Cortando aldeias e densos pinhais.
E no rasto da destruição se nota:
Telhados voados já sem conta
O que torna evidente a falta de cota
Que na reunião se deve, mas não se vota.
Cai o orçamento num plano desfeito
Afrontas iguais a pobres e sem jeito...
Os menos ricos sofrem a dor do peito
Bolsas, bolsos e contas com defeito.
Amália Faustino Mendes
SILHUETAS DE AMOR
Numa fértil e húmida planície
Silhuetas salpicam a calvície
E na terra onde brota a vida
Um ser amoroso me convida
A uma tarefa que me vicie
Na terra onde brota a vida,
Na fértil e húmida planície.
Amália Faustino, 1 de Junho de 2012
(ensaiando triolé e o Jorge Montenegro que me perdoe)
LETRAS DA MODA
ISTO É AMOR
O Amor sente-se, e é um sentimento;
Amar é sentir um certo batimento
Um bem de si e para algo, com nobreza,
E o inspira, expirando a sua natureza.
A natureza do amor é um tanto
Simples, sincera e forte, no entanto;
O amor realiza-se sem lamento,
Mas não se iliba de mau momento
Vive-se o amor sem arrependimento!
Arrepende-se de certa falta de alimento
Ao amor, consumado na indevida altura,
Para efeito de dispensar sua captura!
Ninguém dispensa o amor, captura-o,
E no âmago de um trama urdido, fura-o
Para encontrar o essencial de seus ensejos
Que faltava assimilar e saber viver desejos!
O amor assimila-se e se acomoda nele
Intelectualmente percebido como aquele
Que se vive de corpo, espírito e alma,
De pureza na satisfação de quem ama!
Aceita-se o amor a qualquer altura;
Ninguém se afasta do amor que dura,
Em função do tempo do amor vivido,
Mas, em função do amor no tempo vivido!
Desejo ser profundamente amada por alguém!
Isso é bom, dá força sem a tirar de ninguém!
Amar alguém, profundamente, dá viragem
De ser correspondido sem muita miragem!
Amália FaustinoAmar é sentir um certo batimento
Um bem de si e para algo, com nobreza,
E o inspira, expirando a sua natureza.
A natureza do amor é um tanto
Simples, sincera e forte, no entanto;
O amor realiza-se sem lamento,
Mas não se iliba de mau momento
Vive-se o amor sem arrependimento!
Arrepende-se de certa falta de alimento
Ao amor, consumado na indevida altura,
Para efeito de dispensar sua captura!
Ninguém dispensa o amor, captura-o,
E no âmago de um trama urdido, fura-o
Para encontrar o essencial de seus ensejos
Que faltava assimilar e saber viver desejos!
O amor assimila-se e se acomoda nele
Intelectualmente percebido como aquele
Que se vive de corpo, espírito e alma,
De pureza na satisfação de quem ama!
Aceita-se o amor a qualquer altura;
Ninguém se afasta do amor que dura,
Em função do tempo do amor vivido,
Mas, em função do amor no tempo vivido!
Desejo ser profundamente amada por alguém!
Isso é bom, dá força sem a tirar de ninguém!
Amar alguém, profundamente, dá viragem
De ser correspondido sem muita miragem!
O VIGOR DE UM SONHO
Acordei suada, como se fosse verdade,
Todo o ato que realizei durante o sono…
E haveria movimentos, nesta idade,
Tão ágeis, tão frenéticos e em uníssono?
Tomara que ficasse a sonhar, acordada,
Recordando meus tempos idos, medos verdes,
Coragem tremida dessa tenra idade, amada,
Mas não experimentada, nem quebrada!
Agora meus sonhos vêm, batem recordes,
Com todo o vigor de outrora, voa-me a fama
Que aterrou a coragem da idade, nuns moldes
Estranhamente marcados no corpo e na alma.
Amália Faustino, 2 de Agosto de 2012
QUANDO EU FOR POETA
Quando eu for poeta de verdadeSaberei arrumar palavras em cruz
Ou credo, em montes de certa beldade
Que atraem visores pela sua luz.
Enquanto me transformo num poeta,
Também não quero parecer um pateta
Que nada vê ou nenhum problema percebe,
Ignorando ocorrências evitáveis que se concebe!
Decido agora ir escrevendo umas palavras
Dispostas em cadeias que prendem o ódio
E encavalitar outras em campos de lavras,
Construindo espaço prisional para o ócio.
Ah se conseguir ser poeta e souber escrever
Umas palavras livres que voam em liberdade!...
Desenharei os limites de um direito no dever
Para engasgar a libertinagem fundada na felicidade!
As palavras que escrevo são oferecidas
E pretendo que sejam chuva no casulo do rancor
Para amolecer, no espírito humano, essências homicidas,
Adotadas em qualquer situação, como solução de cor.
Amália Faustino, 16 de Agosto de 2012
SAUDADE
(tentativa de duetar com Jorge Montenegro)
Anoiteceu e eu ainda não te vejo,
é mais um dia de espera dolorida.
Aqui prostrado sobre a alma
entristecida,
volto a chorar em mais um dia... sem
teu beijo.
Amanheceu e
eu acordei com saudade
Enrolei na
dor resfriada por ventos do além
Que me
sussurram a tua voz de serenidade
Embrulhada
naquele tempo de desdém.
Estou lembrando as alegrias de
outrora,
parecem sonhos que alguém jamais
viveu;
parecem trilhas que a lembrança
percorreu,
são pedacinhos de instantes da
memória.
Nessas
noites mentoladas, tentei te ver
Em mais um
daqueles sonhos fúteis,
Sentindo o
teu volumoso peito se mover
Sob as
minhas mãos, roçando-o inúteis.
Posso sentir a tua mão tão carinhosa,
parece-me ouvir a tua voz
inebriante...
Ver-te não posso, eu não
sou mais teu amante,
talvez quem saiba, vejas esta linda
rosa.
Ainda em
sonhos, vem uma vermelha rosa,
De uma
frescura gotejante, estendendo,
Sem aquela
sua mão suave e mimosa,
Trepando a
minha janela, assobiando.
Mas ela mesma, flor de encanto e de
paixão,
descolorindo, ao passar de tantos
dias,
vai-se murchando, matando-me de
agonia,
pois no teu peito já não bate o
coração.
Meu coração,
envolto na tua ausência,
Presenciou
assobio de uma rosa fantasma
Mas não
pereceu sucumbido na potência
De te achar,
te ter e abraçar na mesma.
Amália
Faustino tentando duetar com Jorge Montenegro
SAUDADES SONHADAS
Amanheceu e eu acordei com mais
saudade
Enrolando a dor resfriada por ventos
do além
Que me sussurram a tua voz de
serenidade
Embrulhada naquele tempo de desdém.
Numas noites mentoladas tentei te ver
E beijar-te ainda nesses longos
sonhos fúteis
Sentindo o teu volumoso peito se
mover
Sob as minhas mãos, roçando-se
inúteis.
Ainda em sonhos, vi uma vermelha
rosa,
De uma frescura gotejante, estendida,
Por aquela sua mão suave e mimosa,
À janela do meu quarto,
prendida.
Meu coração, envolto na tua ausência,
Pressentiu teu assobio na rosa
fantasma
Que não perece sucumbida na potência
De te achar, e te abraçar no fim da
cisma.
Amália Faustino, Outubro de 2012
NOTAS DE AMOR NATALÍCIO
Cada vez que chega 25 de DezembroRenasce a esperança de pôr cobro
Ao défice de amor e de querer bem
A todos que atos maus votam ao desdém!
Agora se sente o mal do desamor que invade,
Como um potente furacão que alastra
Sem se importar com o povo que se prostra…
Impotente e irresistente à calamidade.
Porque não travar os pés à parede, forte,
Pedindo socorro divino para o mundo,
Suplicando injeção de afeto a todos e a sorte
De amar e merecer um amor profundo?!
Custa apagar a ressonância do rancor,
Libertar os corações egoístas de furor
Instalar pulmões de benevolência
Carregar as mentes de complacência?!
É de se insistir em perpetrar sincero amor,
Com amizade e bondade em continuidade,
Concedendo carinho, sempre, a quem tem dor
De ausência do amor ou outra necessidade!
E dizer não ao amor disfarçado ou inconstante,
Restrito a determinada época conveniente
Exibido e apregoado na televisão para gente
Que vê e gaba, ao ver passar a fita (de)mente.
Amália Faustino
NÔS LÍNGUA
Ô nha genti, N atxa ma nu debi papia
sem kanhenhe nôs dos língua
Nu dexá-s livri, ta sai frupo tudu dia,
Es ta salta setena, sen morri míngua!
Nu ta fla ma língua adotadu bali
Ma krioulu di nos mai bali;
Si nu meste tudu dôs, pamodi bali,
Pa kê fla ma un ka bali?
Si nenhum dês ka bali más ki otu,
Nton ninhum dês ka superior
Y ninhum també ka inferior:
Si nu nxina un, també nu nxina kelotu!!!
Si nu sabe-s tudu dos, nu ta lebá-s pa bom portu,
Pamodi nu ta konxe ses frontera
Ki ninhun dês ka ta confundi ku kelotu.
Y pa nós bem, nu pô-s na bera.
Amália Faustino, 21 de Fevereiro de 2012 - dia da Língua Materna (alteradu)
LÍNGUA CRIOULA
Ó minha gente, acho que devemos falar
Sem medo as nossas duas línguas
Deixemo-las livres, a sair sem estorvos, todos os dias,
Elas salvaram-se sem morrer à míngua!
Dizemos que a língua adotada vale
Que o crioulo da nossa mãe vale
Para quê dizer que uma delas não vale?
Se nenhuma delas vale mais do que a outra
Então nenhuma é superior
E nenhuma também é inferior
Se ensinarmos uma, que ensinemos a outra.
Se aprendermos as duas, levá-la-emos a bom porto
Porque conheceremos as suas fronteiras
Que nenhuma se confunde com a outra
E para o nosso bem, melhor é que se abeirem!
Amália Faustino, 21 de Fevereiro de 2012 - dia da Língua Materna (alterada a 21 de Fevereiro de 2013)
A FORÇA DA PAIXÃO
Sente-se, de um lado ele, do outro, ela…
O mar e a terra separando os dois
A mesma chama queimando a ele e a ela,
Ambos a não conterem o expirado fôlego de bois!
E ouve-se de lá, chiando os dois
A terra e o mar que observam,
A conter energia dos dois sóis
Que as suas mãos desbravam.
A energia contida nos órgãos
Fazem-nos avolumar, respirar,
E latejar, sem dor nos pés e mãos,
Mas crepitam de prazer a enfartar.
Se é o que arde que os faz espirrar,
O que é doce os faz lamber os beiços,
O que é salgado vai a tensão alterar,
O corpo em tudo redobra em esforços.
Que coisa é essa que sinaliza a vitalidade,
Enlouquecendo qualquer um que a porta,
Desrespeitando preconceitos da sociedade,
Sem desprimor pelos valores que importa?
Essa coisa é a atração de dois que se abeiram,
E se entregam, cegos por quem se lhes vê,
Ensurdecidos para o que deles se ouve,
Sem sentir o cheiro que no momento exalam!
A atração confisca a fraqueza e converte forças
No ardor de Camões, num amor doce
Que omite qualquer sofrimento, sem esforços,
Só requerendo a ausência de foice e coice.
Amália Faustino
A VERDADE DOS OLHOS
Os teus olhos que eu vejo,
Enquanto afastas o teu desejo,
Eles se afoitam a aventurar,
Enquanto os tentas assegurar.
Os olhos escondem mentiras
E exibem mensagens verdadeiras;
Os olhos persuadem e vencem
Desafios e fios que se tecem.
Os teus olhares, que sempre desvias
De repousarem onde os envias,
Ostentam, na verdade, que me querem!
E tu amas-me, mas coíbe-os de mostrarem,
Quanto é o teu amor, insistes que eles se retirem,
Mas eles ficam, furtivos, a me devorarem.
Amália Faustino, 12 de março de 2013
Enquanto afastas o teu desejo,
Eles se afoitam a aventurar,
Enquanto os tentas assegurar.
Os olhos escondem mentiras
E exibem mensagens verdadeiras;
Os olhos persuadem e vencem
Desafios e fios que se tecem.
Os teus olhares, que sempre desvias
De repousarem onde os envias,
Ostentam, na verdade, que me querem!
E tu amas-me, mas coíbe-os de mostrarem,
Quanto é o teu amor, insistes que eles se retirem,
Mas eles ficam, furtivos, a me devorarem.
Amália Faustino, 12 de março de 2013
QUANDO
TE REVI
Passei
muitos anos sem te ver
Quando te revi, com muito gosto,
Recordei-me de ti, ainda a precaver
Futuro sem rastos dum passado nefasto.
Quando te revi, ainda com gosto,
Acreditei que conseguiste promover
Teu ser a um herói justo, num posto
De mártir cumpridor do seu dever!
E quando te revi na tua ciência
Percebi a presença dum monstro
Que se vale de força, sem decência,
Para demonstrar o trote de um potro.
E quando te revi, na tua essência
Estavas numa manjedoura falácia:
Pastavas à solta, papando ervas secas
Arbustos quebradiços, árvores marrecas…
Quando te revi, afinal eras apenas o que vi,
Um (je)rico, banhando na cinza, ciente,
Do fumo confuso que faz, mas não precavi:
Os coices que dás derrubam qualquer ponte!
Amalia Faustino, 12 de Julho de 2013
Quando te revi, com muito gosto,
Recordei-me de ti, ainda a precaver
Futuro sem rastos dum passado nefasto.
Quando te revi, ainda com gosto,
Acreditei que conseguiste promover
Teu ser a um herói justo, num posto
De mártir cumpridor do seu dever!
E quando te revi na tua ciência
Percebi a presença dum monstro
Que se vale de força, sem decência,
Para demonstrar o trote de um potro.
E quando te revi, na tua essência
Estavas numa manjedoura falácia:
Pastavas à solta, papando ervas secas
Arbustos quebradiços, árvores marrecas…
Quando te revi, afinal eras apenas o que vi,
Um (je)rico, banhando na cinza, ciente,
Do fumo confuso que faz, mas não precavi:
Os coices que dás derrubam qualquer ponte!
Amalia Faustino, 12 de Julho de 2013
Pernilongo
Peguei-te numa mão, recolhi-te sem apoucarE deixei-te restabelecer no meu aconchego
Recrutando-te, por convite, e fiz-te ficar
Nublado, sob vendas de tecido, que nem digo!
Inebriante de êxtase, decifrando um código,
Loucamente, avançaste, com dedos em riste de afago
Ondulando movimentos de quem me tem apego!!!
Nem pareces mais aquele pernilongo de bico de prego
Grampando corpos, sugando sangue pelo umbigo,
Orfanando, ou enlutando figueiras por cada figo!
Amália Faustino, 26 de Agosto de 2
A PAZ
A paz forma-se do interior para o exterior,
Parte do coração, cabeça, corpo,
Manifesta-se pelas expressões,
Atitudes e comportamentos
Suavemente realizados!
A paz realiza-se sob a forma
De coerência e coesão conceptual,
Consensos conseguidos em diálogo,
De calma na contensão da cólera,
Capacidade para tolerar,
Cortesia na colisão de choques
Competência para perdoar falhas
Condições para as cincas consertar com cordialidade,
Com cautela, sacrifício e carinho
Remove-se causas que perturbam a paz interior
Sob a capa de pequenos gestos de arrogância,
Conspurcas formas de vida, com bazófia
E insolência, de mãos dadas ao sarcasmo
Funcionam como ácido caído sobre o veludo da paz.
Ao contrário de contrariar outros com cardos
Para provocar nele reações adversas,
Confrontos conflituantes,
Controvérsias de opiniões insistentes,
Agressividades corriqueiras e exibições…
Construa a sua paz interior e contagie
Os outros, combinando paz, amor e carinho
Alicerçados na amizade, de coração
Lavado e desistido da inveja e do ódio.
Amália Faustino
Cidade da Praia, 3 de janeiro de 2014
NÃO QUERO VER-TE
Deixo ficar na minha memóriaO teu olhar meigo que suaviza
A minha fúria sempre inglória
Sob o teu assopro de brisa.
Retenho na lembrança o teu amor
Sem recordar do ciúme sem pudor
Que me cegou o entendimento
Potente para filtrar sentimento.
Agora fotografo atrás da porta
Algumas tralhas, e, não importa
Se têm importância afetiva
A parte que fica aqui cativa.
Agora me lembro do que foi nos sacos
E vejo o que ficou fora daqueles sacos
Que coloquei atrás da porta, por fora
Porque não quero ver-te! - Eu dissera .
Certo! Não quero ver-te nunca mais.
De memória abarrotada, até demais
Explodo por meus olhos, soltando o miolo
Espatifado por paixão e zelo de colo.
Amália Faustino
15 de Julho de 2014
MAR
VULCÃO DA SOLIDARIEDADE
O VULCÃO DA SOLIDARIEDADE
O vulcão do
Fogo trovejou no Monte Sinai
E Jesus
falou por meio dele, chamando a todos,
Não apenas a
ouvir o roncar da sua voz,
Mas a
escutar a mensagem de Deus e a Lei:
O vulcão,
tal como o Poder de Deus, impera
Que ninguém
o enfrenta e se o encara, venera,
Resignado na
dor, aprofundando em Deus a crença,
Suplicando a
absolvição, na réstia da esperança.
E aqui era
preciso irromper a barulheira do vulcão
Para correr
rios de brasas basálticas no balcão
Onde antes
se produzia o manecon famoso
Para
despoletar o companheirismo tão vistoso!
A solidariedade
cabo-verdiana enraizada na alma
Dispensa
qualquer colete de força de vivalma!!!
A subtileza
espoliativa assassina a fraternidade
E interrompe
o espírito colaborativo em propriedade.
Amália
Faustino
11 de
Dezembro de 2014
FRED
E tinha rota a seguir e não podia errar,
Dar falhas ao vosso apelo feito em preces!
Fizeram pedidos de chuva a Deus, não foi?
Reservei na bochecha pressão de ar e água
E vim aspergir resposta ao vosso apelo, gente!
Deus mandou-me e eu tinha que cumprir a ordem!
Fui culpado por alguns danos resultantes...
Reavaliem os benefícios e perdoem as faltas,
E agressividade do mar, arrogância dos picos
Desdém das montanhas que no sopé se sofreu.
Fui réu ou serei, mesmo com o dever cumprido;
Reconhecida a bonança e alguma paixão por mim,
Ensaio o funaná que por la dançam,
Derivo saudades vossas que levo pelo Atlântico.
AMALIA FAUSTINO
Agosto 30, 31 e 1 de Setembro de 2015
CRIANÇA É UM AMOR
Qualquer criança é um amor
Tal e qual amor de que ela nasce
Tal como e com ele ela cresce
Conforme o ambiente ao dispor.
Nesta terra ilhéu e pobre diz-se
Que qualquer criança que nasce,
Seja menino ou menina que vem
Ao mundo traz seu pão e vintém.
Ora, se qualquer criança traz seu pão
E cada qual vem de vintém na mão
As que sofrem por falta de vintém ou pão
Têm por perto ou ao longe algum ladrão.
Quem pega ao adulto o ladrão
Ganha pelos pecados o perdão;
Quem rouba o roubo do ladrão
Ganha sete anos de perdão.
Se o devolver à criança, ao ancião,
Arrependido perdoado antevê o céu
Se segue Cristo com crianças a jeito seu,
Com amor sem sexo ou escassez de pão.
Se, ao invés, tudo privar à criança
A luz, o nome, o vintém, o pão
O sossego de vida como herança
Paga como deve, e o julgado, ao arpão.
Amália Faustino
Mulher ainda a 8 de março
Todas as datas são dias especiais
Cada dia marca um acontecimento
Cada acontecimento tem seu valor
Cada valor tem inerente avento
E o dia 8 de março, Dia da mulher,
Aqui, mês do teatro, mês da mulher,
Tempo de teatralizar o valor da mulher,
Colocando, no centro da roda, a mulher.
Pela boca donde se tira colher.
Saem tantos adjetivos por escolher,
Conforme o que se quer da mulher
E a mulher aceita tudo sem tolher.
Na moda está o dizer coisas de cor
Goeladas e pinceladas, sem escolher
Provérbios que engrandecem mulher:
“Por trás dum grande homem, grande mulher”
E brotam elogios à mulher no instante
Como se o valor da mulher fosse recente
E a luta pelo reconhecimento da mulher
Terminasse um dia, sem barreira a tolher...
Contradizendo o que se pensa e sente,
Oculto na subconsciência espumante
Há falta de confiança na capacidade latente
De a mulher ser boa e em tudo prestante.
A mente produz uma desconfortante
Sensação de machismo, até no feminino,
Pondo à prova que o que se diz é pequenino
Reconhecimento do ser mulher importante.
Poemas de Amália Faustino
Amália Faustino
Todas as datas são dias especiais
Cada dia marca um acontecimento
Cada acontecimento tem seu valor
Cada valor tem inerente avento
E o dia 8 de março, Dia da mulher,
Aqui, mês do teatro, mês da mulher,
Tempo de teatralizar o valor da mulher,
Colocando, no centro da roda, a mulher.
Pela boca donde se tira colher.
Saem tantos adjetivos por escolher,
Conforme o que se quer da mulher
E a mulher aceita tudo sem tolher.
Na moda está o dizer coisas de cor
Goeladas e pinceladas, sem escolher
Provérbios que engrandecem mulher:
“Por trás dum grande homem, grande mulher”
E brotam elogios à mulher no instante
Como se o valor da mulher fosse recente
E a luta pelo reconhecimento da mulher
Terminasse um dia, sem barreira a tolher...
Contradizendo o que se pensa e sente,
Oculto na subconsciência espumante
Há falta de confiança na capacidade latente
De a mulher ser boa e em tudo prestante.
A mente produz uma desconfortante
Sensação de machismo, até no feminino,
Pondo à prova que o que se diz é pequenino
Reconhecimento do ser mulher importante.
Poemas de Amália Faustino
Amália Faustino
MULHERES & HOMENS
Uma Dezena de Ilhas crioulas
Lembrando ao Mundo a Atlântida
Homens e mulheres tentam agigantarem-se
E cabe-nos mostrarmos num dueto
Respeitosamente convido-te Amália Faustino
Especial poetiza crioula que aceite...
Segue um obrigado e abraço de PAZ E BEM!
Há sim quem me considere poetisa crioula,
O que pretendo ser, meu amigo João Furtado
Mesmo assim, convite aceite, acróstico concertado!
Em Cabo Verde, poetas lembram de usar palavra e viola
Nas cantatas de serenata para elogiar mulheres
Seguras e inteligentes deste país em festas sem talheres.
João & Amália
Na arena sufocante da noite
A espuma da vida explode e some,
Deixando por viajar algo
Que abrasa, enrola e consome.
Perversões estranhas
Brotam segredo de anos.
Punhal fiado de demência
Encrava pinto nas entranhas
Argolas duma corrente
Em laço estrangulante
Vão e vem, ainda soltas,
Entre o habito e o vicio.
Amália Faustino
UM POETA VIRTUAL
Manifesta-se no labirinto da invisibilidade!
Vem, então, para este espaço bom,
Insiste em ficar neste meio maneirista
Repleto de gente inteligente, com dom;
Tomo aqui o João como especialista,
Urdidor de acrósticos e refletidos versos,
Acolhidos e apreciados como belas artes
Lavando a literatura em quaisquer partes.
Posta ou escreve aqui teus versos ou prosas,
Orquestrando amores, demolindo desamores
Errando criticas para destruir ou algo construir
Trocando sensações por sentimentos!
Atos reflexos serão descritos nos bons momentos!em para este meio
Amália Faustino
31 Outubro 2016