Pesquisar neste blogue

quinta-feira, 9 de março de 2023

MULHER A 8 DE MARÇO E OUTROS POEMAS

 

Mulher a 8 de março

 

Todas as datas são dias especiais

Cada dia marca um acontecimento

Que comporta valores essenciais

Cada valor varia visível no momento.

 

E o dia 8 de março, Dia da mulher,

Atual mês do teatro, mês da mulher,

Tempo teatraliza o valor da mulher,

Colocando, no centro da roda, a mulher.

 

Pela boca donde se tira colher

Saem tantos adjetivos por escolher,

Conforme o que se quer da mulher;

E a mulher aceita tudo sem tolher.

 

É tempo e moda de dizer coisas de cor,

Provérbios recreados no Dia da mulher,

Goeladas e pinceladas sem encolher

Rolam ondas eletrizantes, seja como for.

 

Elogios brotam recentes sensações na mulher,

Bandeirinhas e vivas içam o valor da mulher…

Permeável, deixa reconhecer importância de seu ser

Como se fosse derradeira a barreira a recolher...

 

Contrariando o que se pensa ao que se sente,

Oculto na subconsciência deprimente

Ténue confiança na veracidade oponente

A mulher valorosa e em tudo omnipresente.

 

Sensação de machismo em tudo, até no feminino,

Não se esgota nos verbos do pensamento pequenino!

Verbalizar verdade elogiante à mulher, sem favor, é importante

Para acender consciência humana numa mente ruminante.

                                                                                                                 Março 2011

 

 

QUERO DORMIR

Quero dormir agora, de dia

Embalada pelos pássaros

E chilrear agudo que ouvia

Entre xaxaxá veloz dos carros.

À noite, escuto outra melodia

Estridentes crioulos sem carros

Exibindo dotes do final do dia

Sem janela, nem porta ou aros.

Ao rolar na cama, troça caía

Zombaria nas escadas e amparos

Sem parar nos doze e três e meia

Espalhando uivo e gracejos de cagarros.

Aqui não durmo ! E há cigarros!!!

Estradas esburacadas, saltam carros

À noite, escuto outra melodia

Estridentes crioulos pés de barros.

Somam profundos sulcos de aros

De óculos por séculos de folia

Esvaziam nervos, vasos da testa esguia

Em cada segundo, planos sem amparos.


Amália Faustino

7 de Setembro 2020

 

 

MULHER

Mulher, aqui não deixes tremer o coração

Une-te a corajosas, não te medras, toma posição,

Luta por direitos iguais para pessoas humanas,

Homem ou mulher, como raças não tiranas

Estende-se a todos os mesmos benefícios,

Recursos e ganhos para os mesmo ofícios.

Eh! há leis aqui nas ilhas de Cabo Verde

Se alguém desobedecer a VBG, perde!

Amalia Faustino- Cabo Verde.

Todas as reações:

1Gilberto Nogueira de Oliveira

 

 

MULHER

 

Mulher, pensa nos outros e em ti,

Mulher, agora cuida mais de ti!

Mulher, ah mulher, reflete sim,

Mas tua vida mulher, não a recalques!

Mulher, tua vida recalcada

Vira rocha metamórfica.

Assim refeita e modificada

É trapalhada, caótica, amórfica...

 

Mulher, afasta-te de pensões e tensões,

De temperaturas baixas e altas pressões.

Escolha a frescura dos campos,

Onde escuta o canto de pirilampos!

 

Mulher, não te importes se falso for o canto

Importa ser impactante o canto e seu encanto

Mais que sermões de espanto, quebranto e pranto,

Esperança apagada na vela acesa dum certo manto!

 

Ó mulher! Descansa de lutas inglórias! Demite.

Pára e reflete sobre a vida recalcada e admite:

Vida de rocha metamórfica é trapalhada caótica!...

Escolhe fora do campo o canto de pirilampos de robótica!

 

Amália Faustino

.

Atravesso o Atlântico do alto

Olho para ti, de soslaio

Pelas janelinhas vedadas,

perguntando: por que te amo?!!!

 

Quando nasce o sol a arder no inverno

Fico recordando o calor e o amor

Que só por ti sinto e não sentes,

Sem saberes por que me mereces.

 

Quão dolorosa é amar tanto,

Esperançoso por um olhar, inerte

Um corpo emergente de dores

Arrefece amores em desamores!

 

Ao por do sol, dançam as recordações

Ao redor das estrelas; a lua observa

E eu, no espetáculo, evitando derreter a pena

Em lágrimas, vendo teu uniforme castanho.

 

Temendo que os teus dez grãozinhos

Descerrem os olhos e me vejam

Derretendo lágrimas por pena,

Fico distante a olhar-te sem te ver!

 

Meu olhar rodopia as recordações:

E vejo o teu uniforme castanho habitual

Salpicado de raro verde espacial

A réstia de esperança nos corações!

 

Mas tenho que te olhar ou imaginar,

Por amor umbilical de quem te é natural!

Não tenhas vergonha de aceitar meu amor!

Descerra todos os teus olhos e vê tudo ao sol.

 

maio 2019 AF

MUDJER FLOR

 

MUDJER  FLOR

Mudjer ê flor na boka di jardin floridu

Mudjer ê flor di urzela na odju’l penedu

Mudjer ê valor pa kenha ki tem valor

Ki sâbi bitola-l sem pudor, nem favor.

 

Mudjer ê flor di margarida na sol di dia

Mudjer di noti ê um boton di orkídia

Na sabedoria di kenha ki sâbi avalia

Flor roza, pa sê carater sem marezia

 

Mudjer e flor y frutu di séta ku pega-saia

Ki ta agarra, ta lapi, pur amor, sen râkua

Ta puxadu, ta rinkadu, sikré ku mágua,

Kebradu, motxokidu, fuliadu, el ta faia!

 

Mudjer e un pena, pur pena ta dismaia

Mudjer dispérta, pur amor ta kapri lágua

ku dor di tudu gritu silensiadu, ta bâkua

Mudjer é pétalas fitadu ta boia na praia.

 

Amalia Faustino 

8 Dezembro de 2022