PÃO DE PARALELO
Esta manhã quis escrever uns
versos
Imaginando
imersa em sons dispersos
E
monossílabos crioulos a destroçar
Ecos
de músicas p’ra ouvir e dançar
Revirando
pensamentos controversos.
Escrever pau, pedra ou pão e
diversos,
Orbitando
entre mim e mesa, sem roçar
Expelindo
de mim sonhos bem despertos
Eu rodava
meu carro no asfalto, sem troçar
Do empedrado
percurso de S. Miguel ao Tarrafal…
E agora? Jardins e tambarinha por esvoaçar!
Sobrevoar,
rodas no ar, ou contar paralelos
Revoltados
os “V”, de vida feita a martelos
Pedra
de valor do pão, p´ra morte fracassar
Numa crise assada em britas e pedras
modelos!
Britas
e paralelos na estrada já sem martelos
Latas
de lascas de pedras sem mulheres a tropeçar
Montes
a carrada, roubada ou vendida aos apelos,
Ah!
paralelo, pedra talhada a martelo, pernas a coçar
Homens, contando um por um pão em cada
cutelo!
No
tempo do asfalto foge tanta memória
Mas o paralelo no seu passado presente
na via
Nem
olvida a pedra da calçada portuguesa
E agora, qual
jovem admite pedra a fonte do pão
E o sobrevivente
da era colonial? Vesga de carestia!!!
Amália
Faustino Mendes 28
agosto 2020