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sábado, 28 de novembro de 2020

Gotas, cuidado

 

 

Pingus d'agua prindadu

Na nha korda di ropa

Ku medu di txiga txon

Es nbrasa, es fika karapatidu

Di renki sima vagon di konboi

Na stasan di seti riu.

 

N sta li ta odjá-s pa vidrasa

Di vez en kuandu un ta durmi

 Ta dismamanta ta futi

Ago ê so kel txon xuxu, la dibaxu !!!

Es sta sima kes gentis

Ki ta subi na poleru

Ta skesi modi ta dixidu

Ta desmamantadu ta mparadu

La di baxu, as vez ku spinhu ku pregu.

 

Na subi kre na pulitika

Nu rapara Kel kaminhu ki nu subi

Si ten degrau, nu konta, nu marka

Nu poi xintidu na loloda,

Nu dixi na kumesu txuba

Ou pelu menus antis di ben txeia

Si bu ka kre sumi.

 

Amália Fautino Mendes    28 novembro 2020

 

 

 

Pingos de água pendurados

Nas cordas da minha roupa

Com medo de tocarem o chão,

Abraçaram-se, ficaram grudados

Em fila como se fossem vagões de comboios

Na Estação de Sete Rios.

 

Pus-me a olhá-las, através da vidraça,

De vez em quando uma gota dormida

Dependurava e despenhava

E agora? É só aquele chão sujo, lá em baixo!!!

 

E são como certa gente

Que, subindo ao poleiro

Dorme, recalcitra e esquece de descer...

À hora do desmame é amparada

Lá em baixo, em colchão de espinho e prego.

 

Ao subires, até mesmo na política,

Repara o caminho subido se tem degraus,

Conta-os e marca e tenha cuidado com deslizes

Desce no começo da chuva

Ou pelo menos, antes que a cheia venha

Caso não queiras perecer nas enxurradas.

 

Ah Corona virus

Ah Corona!!!
Quando eu acordei, já em quarentena,
Urdindo entre doenças e mortes em cena:
Ansiedades e medos de arma química
Riscos de genocídio em mímica,
Então, arregalei os olhos tanto
Nada vi em redor, só espanto!
Toda a gente vivendo presa ou vai ser
Em caso de ordem desobedecer.
Ninguém conta que igual foi antes vivido
Agora, a primavera é só para o corona! Atrevido!!!
Corona, ah corona! Temido sem ser visto,
Onde escondeu seu antídoto previsto?
Rói como rato, chupa como carrapato,
Onde passa, devasta, desgasta e arrasa!!!
Ninguém pode com o desgraçado invisível ...
Ateu arrogante, ainda em exibição incorrigível,
Vaia Deus e o Grande Reino e, nada garante;
Incerta é vitória sobre um vírus tão minúsculo,
Roendo e furando sistema qualquer, sem músculo,
Usurpando poderes da ciência e da religião,
Sacudindo a humanidade e a economia.
Amalia Faustino
6 abril 2020
Patricio Gomes Furtado, Jose Maria Cardoso e 4 outras pessoas

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

EU TAMBÉM CHORO

 

EU TAMBÈM CHORO!

Eu choro, não nego, choro,
E mansamente, eu choro
Com paciência, senão pioro:

- Esta cena se repete em coro.

 

Sempre chorei, ainda que sem ruído...

Nem gritos, ao esconder a dor no peito

Rasgo o coração, náusea, ventre condoído

Mas é assim que sempre pioro de mal feito.

 

Minhas lágrimas de sal derretido

Nas costas dum ser ausente aturdido  

Evaporam com a fúria da ebulição

Sol em cima, vulcão em baixo, atenção!!!

 

Em adjacência, pólvoras como lixo

Tóxico interesse, aguçada pretensão,

Intervalando, cada grupo sua explosão

Um silêncio entediante forma bicho,

Discurso prenha, pacto de paz florido

Agudizando ao ser humano a revolta.

Em mim, todo o mal vem de volta.

 

Eu choro, não nego, choro,
E mansamente, eu choro,
Com paciência, senão pioro:

- Esta cena repete-se igual ao coro.

 

E eu, sem razão, desde sempre te adoro

Meu sal e meu mar conservam o amor

À minha terra impostora, o bem imploro

E pioro o choro sem melodia do desamor

Sem coro, amor marinado não se estraga

Mas a maresia imprudente amor esburaca.

 

EU CHORO

 

EU CHORO

Eu também choro, choro,
E mansamente, choro,
Com paciência, senão pioro:

- Esta cena se repete como foro.

 

Sempre chorei, ainda que sem ruído...

Nem gritos, ao esconder a dor no peito

Mas assim sempre pioro

 

Minhas lágrimas de sal derretido

Nas costas da ausência de atenção

Evaporam com a fúria da ebulição

Sol em cima, vulcão em baixo,

Em adjacência, pólvoras ou graxo

Tóxico interesse e pretensão

Intervalando cada grupo de explosão

Um silêncio melancólico contido

Sob a forma de pacto de paz florido

Agudiza no ser humano a revolta.

Em mim, tudo que o meu ser revolta

 

E eu, sem razão, desde sempre te adoro

Meu sal e meu mar conservam o amor

Por minha terra amadora

E pioro, sem melodia, sem coro

 

Amor marinado não se estraga

Mas a maresia ao amor esburaca

 

 

Amália Faustino Mendes    alterado em 26 de novembro de 2020

MOSTEIROS

 

MOSTEIROS

Quando eu pisei no ambiente natural

Dos Mosteiros, sua encosta mural

Sempre vestida dum verde escuro

Olhava para mim com ar puro.

 

Parecia abrir seus mantos pardos

Para me acolher e acarinhar

Entretanto o mar açoitava as rochas

Que lhe barravam o caminho

 

O mar tentava agarrar meu punho,

Meu pé ou qualquer parte do corpo

Para um mergulho branqueador

Por meio de vaivéns e sacudidelas

 

Quem for possuído por esse mar

 Fica descamado, volta pelado

E claro da cor dessa gente  

Que constitui o típico ambiente.

 

O mar insiste em açoitar as rochas,

A montanha, a protetora da cidade

Para afofar praias acolchoadas

Num vai, vem de amor e sagacidade

 

Amália Faustino Mendes    26 de novembro 2020

Devolver o verão a Cabo Verde

 

Vim de Cabo Verde, estou aqui em Boston,

Querendo sentir o Outono a desgrudar o verão

E devolvê-lo à procedência, em Cabo Verde

- Esse país possuidor de íman que atrai e fixa.

 

E meu espírito vagueia pela cidade de Paris,

Rastejando por Nice, percorrendo Burela

Saltando Braga, Lisboa por aeroporto de Portela;

E aqui observo o Outono, água e chafariz!

 

Por minhas paragens, a chuva vagabunda não abunda

Brumas e lestadas chicoteiam as águas merecidas

E gotas soltam e caem, miseráveis nas terras ávidas

Amedrontadas e bravas lançam-se no Atlântico.

 

Estar aqui, em Boston ou Lisboa dá na mesma!

Vejo deportar passarinhos de penas pesadas

A fugir do frio para caracas quentes de lá

Ao sentirem o Outono embrulhando Sol e água.

 

Aqui e nas outras cidades o TUDO é demais:

Muito Sol que pode abrir qualquer tipo de fogo

Sobre gente que acolhe água de desastre,

A faltar tudo no meio da abundância e desafogo.

 

Agora contemplo o Outono a pintar a aguarela,

Depenando árvores caducas, decorando o ambiente

Com plantas esqueléticas, folhas de agonia multicolor;

E como tudo isso é alegria de experiência ausente!


 

Vejo uvas e castanhas roxas, com paixão interior

Gente carrancuda marinada no vinho novo

Bebida de uvas espremidas com pés descalços,

Fartura da vinha desgalhada em vindima.

 

Ah Outono! Desconhecido no meu país de claridade

Onde o Sol, destemido, campeia sobre mar e ilhas,

Enrolando ondas, soprando brisas, aspergindo sal…

E a bruma é peneira que força o ozono a filtrar raios.

 

E para lá, pássaros sem bilhetes, partiram em voo

Rumo a carracas de mares que brotam calor e atração;

E aqui, a melancolia esvaziou a melodia dos campos

Exuberando a roxidão que só inspira a compaixão.

 

Amália Faustino

19 Outubro de 2017

PASSOS DE SOL

 

PASSOS DO SOL

 

Se este é um dia, cheio de sol,

Sucede uma longa noite

De sucessivos sonhos no paiol,

Acordou-me uma réstia, sem açoite.

 

Quem disse que eu queria acordar?

Alguém prefere sonhar e parar

A vigiar curvas sem visibilidade

Na escuridão da deslealdade?

 

Mesmo na clareira da realidade

Há quem prefira a visão escamoteada

Da situação de privação dura aplicada

Por maleficência de certos jagunços de idade.

 

Mas, como a vida se faz de sol e sonho

Pode-se dormir com a lua, silêncio risonho,

Evitando acordar estrelinhas saltitantes

Que não param de tremer, angustiantes!

 

Raios do sol são passos dum homem vivo

Que as estrelinhas jovens massageiam cá fora

De asas em leque, gritando: venha aurora!!!

E larguem os falsos poderosos no devido cativo!!!

 

 

Amália Faustino Mendes   26 novembro 2020

SAUDADES DO HOJE

SAUDADES DO HOJE

 

Sempre sinto saudades,

Saudades do amanhecer em cada hoje,

Cada hoje um dia que a vida não foge

E as garras da morte em debilidades.

 

Agradecida a Deus, triunfante,

Desembaraço a noite à jusante

E ao clarear, a janela, deslumbrante,

Deixa refletir o sol ainda espelhante.

 

Mistério!!! Processo estonteante!

 O dia sucede em sol escaldante

A noite acontece à lua brilhante;

E a gente? Na prateleira da estante.

 

E o Homem? Observa e estuda impávido

O Universo, a natureza apropria tão ávido,

Tira todo proveito quem está na tirante

E a humanidade? Pouco importante!

 

 E depois? Tudo tem e nada cede

Toca primeiro, fica na sede

 Outro, se não alcança, procede

O Dono de tudo vê e até precede.

 

O Universo, tem a quem pertence

 Se bem que homem a ele pertence,

Esquiva o Dono do sol, lua, terra…

Tenta desvendar o universo, até erra.

 

O homem fascina, investiga, informa,

O homem coíbe ou exibe conhecimento

E com bazofaria exuberante, deforma.

A jeito, ou a guerra, apossa do aposento.

Amália Faustino Mendes

 26 novembro 2020 

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

ELEMENTOS DA NATUREZA

 

ELEMENTOS DA NATUREZA

 

Terra

 

Apenas eu que sou terra sou o mundo;

Meu ventre gera a vida a fundo:

Plantas, animais e gente multicolor,

Sementes de amor e dor p´ra desamor…

Apenas eu reciclo a morte em vida! 

 

Sol/Fogo

Sou o sol, o fogo mais fogoso

Sou raios de sorriso amoroso

Sou o olho colorido até o capuz,

Sou a central de luz que reluz;

Dou energia à vida e máquinas,

Clareza, cor e calor às esquinas,

Alegria ao céu, terra, ar e mar,

Arco-iris ao dia e à noite o luar.

 

Ar

Sou ar num grande balão-mundi

Sopro de vida em movimento

Gratuito oxigénio e livre vento

Infiltrado no céu, na terra, na água…

 

Sem pólvora, tudo levo e trago

Ponho a dançar, sem estrago

Poeiras, plantas, ondas do mar,

Suporto aves e até aviões a voar!

 

 

Água

E eu? Sou gotas de vida - água

Sou mar, rio e terra sem mágoa

Sou líquido nos viventes da era

Sou nuvem entre o sol e a terra!

 

Sou chuva, molho o fogo, choro sem dor,

Sou gente feliz com saudades por amor,

Vegetais viçosos em águas abundantes

Acenando em campos verdejantes!

 

 

Homem

Sou o homem aproveitador consciente,

Armado em “inteligente”

De sol, ar, água ou terra sou carente;

Mas… oh! Que comportamento indecente!

 

O mundo sofre!… Oh, mente arrogante!

 A humanidade requer união recorrente

Ser humano de coração benevolente,

Sol, ar, água ou terra, vida tratante!

 

Amália Faustino Mendes      24 de novembro 2020

domingo, 15 de novembro de 2020

DEIXA-ME AMAR-TE

 

DEIXA-ME AMAR-TE

 

Sinto que te amo e tu a mim,

Cabo Verde, tento conter em mim

A atracão física que não quero

Que notes, que afinal é vero!

 

E o meu coração te persegue

O teu a mim e ao meu consegue,

Numa reivindicação mórbida visível,

Penetrar no meu recôndito indelével.

 

Ah! Não consegui agora escamotear!

Estou sendo apanhado em flagrante,

Pelo teu coração apaixonado a tatear

Com a língua de fogo, já penetrante!

 

Culpado sou eu e o crime foi ocultar

O amor exibido que ainda sinto por ti,

Pois, em pesada carga elétrica, parti

Para cima do teu coração a crepitar.

 

Cabo Verde, algema-me no teu tronco

Depois de marinar no chá de tartaruga

Até me encharcar e enervar como louco,

Numa paixão intranquila, isenta de fuga.

 

Amália Faustino Mendes    13 de Novembro 2020

 

 

TEMPOS DE INCERTEZA

 

Quem pensou passar por esta incerteza?

Ora crises, ora ocorrências de baixeza

Passam na era sem realizar limpeza,

Deixando na história a estranheza.

Se da Terra não sai viva a avareza

Em cada ciclo de vida na natureza

Mudam-se tempos de incerteza

Para ciclos incertos de esbelteza.

O ciclo dá volta à vida com proeza

Salva quem tem alguma riqueza,

Se tem mãos limpas, continua a reza

Podendo ser salvo; a esperança acesa!

Ninguém sabe o melhor a fazer

Como enfrentar um inimigo sem o ver?

Se der tiro no escuro, assassina sem prever

Quem mais deseja manter a viver!

Quem decide, ordena salvar  em defesa

Quem tem eira, beira, idade e beleza

A imagem dum sistema de morabeza

Dando mordomia a rainha ou duquesa.

Humanidade do tempo de incerteza

Escolhe viver à mercê da natureza

Conforme a justeza na sua esperteza,

Exercitando sua nobreza com a destreza.

Mentes pré-ocupadas incontidas na defesa,

Retribuindo mísseis orgânicos à mesa,

Num louco ataque ao planeta, com bruteza,

Lançam era bicheza chinesa com braveza.

E agora, o império da pandemia despreza,

Sem destrinça de raças, credo ou riqueza

Ecos de prantos da humanidade que lesa

Todos com perdas de saúde na pobreza!

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Sermão dum filho

Sermão dum filho

 

Pai, assuma a mulher como prémio ganho

Numa competição entre bons concorrentes!

Exceda em mimo, tolerância e atos benevolentes.

Tua mulher, por amor, o extraiu de rebanho!!!

 

Argumentos, fundamentos brotados da tua mente

Sopraram faíscas, tal fogo d’artificio ao vento;

Jogaste, ansiando parecer o melhor concorrente,

Com chuva de propostas sob a prova no momento:

 

Prometeste amor, sob efeitos de bondade

Promoção de alegria, lixiviando a tristeza,

Prazer de viver na riqueza ou na pobreza,

Proteção contra a violência e maldade…

 

Agora, rolas de valentão nas cinzas da tarde

Esgrimindo conquista por espírito cobarde,

Confrontando forças e situações diferentes

Com mulher presa a ambientes sem concorrentes.

 

Escasseia-te ciência para obter a felicidade

E memória para desbloquear nuvens da idade.

Mas custa pouco realizar o bem, em essência,

Basta inteligência e tolerância sem violência.

 

Amor construído com ardor, cuidado e carinho

Fomenta a confiança e bons sonhos no ninho

Toda a mulher, mãe de filho, é mãe especial,

Seja seu filho adotado ou parido pelo casal.

 

Mulher é sacrifício em pessoa, dores das dores,

Charco abarrotado de pedradas de malfeitores.

Sendo mãe d’alguém com sentido de missão

Tem afago anestésico p´ra amenizar o coração.

 

Amália Faustino                          novembro 2020

 

  

SERMÃO DUM FILHO

1

Avo, mãe adoçada, coçada, roçada, preservada;

E minha mãe? Joia bem quilatada e aperfeiçoada

Rosa doirada e adorada, filha domada,

Educada pelos pais à mão aberta, diplomada.

2

Filho de bruto pai, protetor de mãe é por destino!

Entre limpar sebo ao machista, misógino, astuto

E afundar a mãe num vergonhoso estatuto,

Assiste um assassino aprendente sem ensino.

3

Não, não quero estatuto de esqueleto eterno!

Credo! Quero descer, suave, até à mansão,

De folha enrolada e soltar da boca só sermão

E meter ferrete a quem teme ir ao inferno.

4

Pai, assuma a mulher como prémio ganho

Numa competição entre bons concorrentes!

Exceda mimo, tolerância e atos benevolentes.

Sua mulher, por amor, o extraiu do rebanho!!!

5

Argumentos, fundamentos brotados da mente

Sopraram faíscas, tal fogo d’artificio ao vento

Jogou, ansiando parecer o melhor concorrente,

Chuva de propostas sob a prova no momento:

 

6

Promessas de amor, sob efeitos de bondade

Promoção de alegria, lixiviando a tristeza,

Prazer de viver na riqueza ou na pobreza,

Proteção contra a violência e maldade…

7

Agora, rola de valentão nas cinzas da tarde

Esgrime a conquista por espírito cobarde,

Confrontando forças e situações diferentes

Com mulher presa a ambientes sem concorrentes.

8

Escasseia-lhe ciência para obter a felicidade

E memória para desbloquear nuvens da idade.

Mas custa pouco realizar o bem, em essência,

Basta inteligência e tolerância sem violência.

9

Amor construído com ardor, cuidado e carinho

Fomenta a confiança e bons sonhos no ninho

Toda a mulher, mãe de filho, é mãe especial,

Seja seu filho adotado ou parido pelo casal.

10

Mulher é sacrifício em pessoa, dores das dores,

Charco abarrotado de pedradas de malfeitores.

Sendo mãe d’alguém com sentido de missão

Tem afago anestésico p´ra amenizar o coração.

 

Amália Faustino                          novembro 2020