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sábado, 30 de julho de 2022
ERMELINDA FURTADO
ERMELINDA FURTADO
Eu, mãe, sinto o teu
amor perenizado na mente,
Ruminando na minha memória que não pára;
Meu corpo e alma sob as tuas asas, sem algazarra,
Espelham a mãe ursa, protetora e condão de vara,
Lucrando da tua bondade e espírito benevolente
Impulsos energéticos incluídos num pacote potente!!!
Navegas ainda em nós, netos e eu, ausência cara
Deixada por ti, mas tudo de bom que em nós deixara
A aurora dos tempos percorre ao pôr do sol no poente.
Fizeste de mim bebé bonita a olhos sem lente
Uns olhos especiais de mãe fazem beleza rara.
Rir da fealdade? Autêntica falta de visão comovente!!!
Troca de postura e fica à altura da beleza rara,
Aprende a amar afetuosamente teu pertencente,
Dom da vida? Valoriza semelhante a Deus e encara copioso
O belo no cotovelo, o valioso no bondoso não vistoso.
Amália Faustino
Dia da mãe 2 de maio de 2021
ONESIMO SILVEIRA
ONÉSIMO SILVEIRA
O
“povo
das ilhas quer um poema diferente”
Nem que seja
um manifesto polivalente;
Escrevam, mas
escrevam poema diferente
Semeiam sons
surdos deste arquipélago
Inclusive em
Santa Luzia, palavras voadoras
Moldadas pela
urgência do rebento plantado
Onde a secura
dura na altura e cai no achado;
Se o poema
que escrever for diferente,
Independente
do pensamento e da mente
Lavra, em
alerta, caminho da liberdade
Verdades
destronadas do gancho da idade,
Esgueirando
entre reis e convivas, com vivas
Instantes da
consciência confinada na zoada
Remando
contra a marés e razões quebradas
A favor de um
Cabo Verde com identidade.
Amália
Faustino 29 de abril 2021
AVE MARIA
AVÉ MARIA
Amanheceu aqui, graças a Deus
Veio a voar a claridade turva
É relâmpago, é trovão, é chuva!!!
MARIA, avé, pela graça de Deus
Atue, auxilie, ajude a pedir perdão;
Reze e interceda por filhos seus
Inclui na prece junto a Deus:
Aceite atenuar o sofrimento humano.
Amália Faustino 21 abril 2021
ÁLCOOL E AMIGO
Álcool e amigo
Creio que sejas o
amigo que ando à procura!
Descobri nos teus
olhos o brilho do bem-querer,
Na tua mão,
experimentei uma onda do teu o calor
Incólume, expirava a
amizade de valor,
A antítese das
mudanças operadas pelo poder.
Instiga a tua
afeição, libertando o teu carinho!
Normaliza o teu
próprio ser desfeito em vinho,
Toca-me sem receio,
com dileção te sentirei
Entra no jogo de
amizade comigo, parte farei.
Responde ao palpitar
do teu coração, teu rei
Negando perfumar-se
com álcool, e eu te direi:
Amigo! Abraça-me e me
enrola como preferes
Comunga do afeto que
tanto bem faz aos seres,
Insiste e não nega a
fingir a amizade de teres;
O afeto que todos
desejam, faz crescer a pujança,
Nutre benquerença e
esperança à tua nascença
Arquitetada com
desvelo dos pais e superiores seres.
Liga-te a mim,
quero-te como amigo que ande!
Vem, juntos faremos mudança
de vida em grande!
Dá-me a tua mão, fica
bem e com ele não mexa
Deixa o álcool. Nem no
desespero fazes queixa.
Amália Faustino
Amália Faustino
terça-feira, 26 de julho de 2022
CONSOLO DE ENTES
Amparada ao ombro do meu filho;
Partiu esse filho, chorei de pé
Na calçada da estrada,
Em dia de noite desencontrada
Semana despida de luar e luto de estrelas...
Na beira do mar, sem parapeito
Refletia-me na água, sem jeito
Pranteando na areia, na teia trancada
Onde as escarpas seguravam
Minha alma em cada pancada...
No céu, ele fez-se única estrela
Cintilando, tremeluzia uma trela,
Descendo na vertical duma sonda
A desfilar esperança sobre a onda
Ia, vinha e escrevia na areia: AMOR,
Fé, foco, força. Fica feito! Fui! Fica feliz.
VIDA DA MENTIRA
Mentiu?!!!
BABOZA VENCIDA
BABOZA VENCIDA
Uma baboza plantada, regada,
Depois de anos de bem cuidada
De repente de coluna estragada?!!!
Agora toda carcumida por dentro
Seus órgãos a soltar adentro
Por fora os membros caídos
E os sinais vitais falidos...
Quem fez fará o mesmo
A quem a plantou e a outras a esmo;
No passado teria acontecido
A outras e a descendentes sido.
Que garantias para quem a plantou?
Igualmente de coluna estragada
Seus órgãos a soltar descomedidos
Por fora, os membros caídos.
Crime? Comete-se na invasão
Machuca-se, quebra-se com explosão
Devora-se tudo até a exaustão
Sem dó nem piedade em desproporção.
Aqui, em várias partes do mundo
Energia da baboza repelia a negativa
Todo o mal apartava desde o fundo
Ódios do fel eliminava de forma altiva.
Amália Faustino
Dezembro de 2022
segunda-feira, 25 de julho de 2022
A MORTE TEMIDA
A morte
A morte é temida como um monstroQue surpreende pela invisibilidade
Carregando arma letal de variedade
Escolhida a tempo de um ou d’outro…
Ninguém adora a morte, nem na idade
Nomes Partida, Falecimento, Fatalidade
Punhais enfiados em coração d’outro
Em sofrimento por eterno desencontro.
A morte é temida como um monstro
Que amedronta e ataca com impiedade
Como se presas fossem sua inimizade
Suas vidas, armas para desconstruo.
A morte é temida como um monstro
Por quem nada nas dores da saudade
De rastos com mágoa e infelicidade
E revolta explosiva como demonstro.
terça-feira, 12 de julho de 2022
PAGA PAGA À NOSSIDE
PAGA & PAGA Sol tenta
insêndia te ropa sekadu! Panhadu a tenpu,
pa ka paga pa liza Ilhas ta namora
mar pa agu ka falta Mar ferbi, solta
vapor ki subi latxi. Nubri ta
rasta na kornu di noti Sima manta di
mareku’l nhu Pinoti Ki lua ta
smira un greta pa izibi Un beleza
parda di minina pasada. Txuba ku
fita, ta faze skodjensa Tenpon dentu
d’algudân sukundidu Ta pila sê ‘kotxi
pó’, un dia k’e futi P’e txora, p’e
lora, nen se la Lora. Dja konxedu se
inprevisibilidadi, ka ta pustadu
se keda! Paga pode da paga!!! Si pustadu,
ta perdedu y ka ta pagadu As vez, li,
ta pagadu ken ki ka paga. Arrenga ta da
moketi te na polítika. Séka ku seka ka
tendu, só txuba pa fika: Txuba di amizade,
txuba di dinheru Txuba di
flisidadi y amor verdaderu. – ka pa paga!
Ka bun paga ken ki ka paga!!! Kalker txuba
ki bem, resebi kontenti; Si bem dimás,
ta tokadu kalderon Sima tambor
di kompasu, y reza p’e pára Sen stragu; Na
natureza so Deus ki ta manda. Homi ku se força
di runheza, deve Paga sem paga! 10 de julho
2022 |
PAGA &
APAGA O sol tenta
incendiar até a roupa secada! Apanhada a
tempo, não se paga para alisar As ilhas
namoram o mar, água permanente Mar a ferver,
vapor solto e fugitivo. Nuvens
arrastando no corno da noite Como se fosse
manta do mareco Pinoti E a lua
espreita uma greta para exibir Uma beleza
parda de menina passada. A chuva
brejeira faz destrinça Um tempão em
algodão esgueirada A dançar “Kotxi
pó” e um dia escapa Põe-se a
chorar, a rolar, ainda que na Lora. Conhecida a
sua imprevisibilidade Não se aposta
se chove. Pagar dá apagar!!! Apostar,
perder, apagar se não pagar… Aqui, às
vezes, apaga-se quem não pagar. Arenga gera agressão
até na Política. Sem seca com
a seca, prefere-se a chuva: Chuva de
amizade, chuva de dinheiro Chuva de felicidade
y amor verdadeiro. Não apague! É contranatura
apagar quem não paga!!! Qualquer
chuva que venha, recebe grato. Se vier em
excesso, toca kaldeirão Como tambor
de compasso, rezando p´ra parar Sem estragos.
Natureza só Deus a mandar. Homem e sua força
da maldade, deve Apaga sem
pagar. 10-07-2022 |