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terça-feira, 27 de abril de 2021

CRAVO DE ABRIL

 

CRAVO DE ABRIL

Uma réstia da madrugada encaixa

Sobre a ponte 25 de abril

E a luz dos candeeiros agacha,

Esquecendo a noite e o dia barril.

 

Fogos d’artificio, cores, sons e tons

Ribombam faíscas multicolores e marrons

Invadindo meu campo visual móbil.

E recomeçam peripécias do 25 d'abril!.

 

Oh Portugal! Hoje não se repete

Com aglomerado de gente e cravos

Avermelhando os peitos bravos

Condoídos, feridos sem canivete!

 

É a pandemia a extorquir alegria

A todos, em tudo e por toda a parte,

Quem nem bravo, nem cravo na baía

Se encoraja a saracotear a sua arte.

 

Ponho a mão, na orelha, tento escutar

Donde vem um grito silenciado…

Num peito preenchido por ondas do mar

Inquietando o vaivém do ego pré-ocupado.

 

Pré-ocupado descontrolado… pós ocupado

Quando chega o momento dado

Quem pode, decide, determina

E pune o condenado que assassina.

 

Amália Faustino               27 de abril, 2020

ATROPELO DE ABRIL

 

ATROPELO DE ABRIL

 

Atropelos?!!! Nada! Virão dias postiços,

Risos inconsequentes, dexando ver cisos;

Joga-se o discurso idêntico ao papagaio:

Afirmações elogiosas pesam e até caio

No fim de março desço abril e desmaio

Indecisos, imprecisos nocivos no sorriso!  

 

Atropelo? Não! É a primavera em develo

Assaltando como gato a caçar ratos,

Desgovernando afeto por dor de cotovelo

Ocultando no Outono turvo dos ingratos

A falsidade vestida de verdade modelo,

Presentes doces e amargos de aparatos.

 

Amália Faustino          Abril de 2021