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domingo, 28 de maio de 2023

ABRAÇO À CHUVA

 

ABRAÇO À CHUVA

 

Vinte e dois de maio - dia do abraço

Vejo tudo com saudades ao abraço

Até a chuva com saudades avança

Percorre entre a Gente com confiança.

 

Até a gente daqui já enlaça

A chuva que vira boa raça

Recebida em festa de graça

Benfazeja que já não se escorraça.

 

 Entre gestos e palavras avessas

Hoje sim, a chuva veio às pressas

A dançar valsa em pista fumada,

Atirando borrifos como pomada.

 

Reticentes sobre guarda-chuvas...

Até portugueses a seca sonam

Em silêncio, saltam e valsa dançam

Abraçados às chuvas, não praguejam.

 

Apenas relâmpagos e trovoadas

A muitos medram entre as rajadas

E o abraço confortável às alçadas

É um misto de saudades e toadas.

 

É que já não se acha graça

O prenúncio de desgraça!

 

22 maio 2023

 

Amália Faustino

QUANTAS VEZES

 QUANTAS VEZES?

Quantas vezes de ti me apartaste,

Como provisório desdém me trataste

Com teus tentáculos me afugentaste,

Fazendo-me ver-te um traste?  

 

Quantas vezes me mergulhaste em lágrima?

Tentei e consegui reverter o amor que supura

Até vedar as fendas do carinho com lisura,

Unir as fissuras do meu afeto, sem lástima!

 

Quantas vezes me mandaste embora?

Palavras, atos e omissões a toda hora!!!?

Amarguras cerradas com espinho, pejora

Rosas sem pétalas e o tempo demora!

 

Meu amor por ti grudou-me em tua borra,

Nos teus restos de angústia, gases em desforra,

Pisões e hematomas, quebraduras em masmorra…

Tudo suportado até que todo o irremediável piora!

 

Agora que não valho a pena, não consigo

Carregar a cruz pesada de estar contigo

Mergulhada na tua cólera de fel de jacaré!

Vou embora de canadiana vender o rapé.

Amália Faustino

Sta Marta, 8 abril 2023