QUANTAS VEZES?
Quantas vezes de ti me apartaste,
Como provisório desdém me trataste
Com teus tentáculos me afugentaste,
Fazendo-me ver-te um traste?
Quantas vezes me mergulhaste em lágrima?
Tentei e consegui reverter o amor que supura
Até vedar as fendas do carinho com lisura,
Unir as fissuras do meu afeto, sem lástima!
Quantas vezes me mandaste embora?
Palavras, atos e omissões a toda hora!!!?
Amarguras cerradas com espinho, pejora
Rosas sem pétalas e o tempo demora!
Meu amor por ti grudou-me em tua borra,
Nos teus restos de angústia, gases em desforra,
Pisões e hematomas, quebraduras em masmorra…
Tudo suportado até que todo o irremediável piora!
Agora que não valho a pena, não consigo
Carregar a cruz pesada de estar contigo
Mergulhada na tua cólera de fel de jacaré!
Vou embora de canadiana vender o rapé.
Amália Faustino
Sta Marta, 8 abril 2023
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