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sábado, 22 de agosto de 2020

Da pedra ao pão

 

Em cada doze, dois meses podem molhar

E se a terra amolecer é p’ra o pão brotar

Entre pedras duras e chão, diferente moleza

Mesmo que seja democrática a natureza

O pão p’ra cada um, tem diferente dureza.

 

Soprando a fresca brisa, escurece o matacão

Sinais do tempo d’azágua em Pilão-Cão:

Sua gente desata a medir sementes a calhar,

Sua bandola cheia, enxada ao ombro desce a cavar,

São quadro, dois por cova e três pedras p´ra enganar!

 

E semear o pão entre pedras, de cutelo ao covão,

Macaco ou corvo, ou pelada esfomeados como são

Trepando ladeiras de pedras, desarrumando betão

As folhas verdinhas do pé de pão tentam desventrar

Entre as três pedras e o chão amolecido ao molhar.

 

Costas sob a chuva rara, ou ardente sol a brilhar

Pés fincados entre pedras, ao massapé mergulhar

A monda, a remonda e toda a faina por realizar

Ocorrem por conta e custa da esperança no pão

E pelo camponês, por apego ou inerência de função.

 

 Amália Faustino

21 de agosto de 2020

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