Em cada doze, dois meses podem molhar
E se a terra amolecer é p’ra o pão brotar
Entre pedras duras e chão, diferente moleza
Mesmo que seja democrática a natureza
O pão p’ra cada um, tem diferente dureza.
Soprando a fresca brisa, escurece o matacão
Sinais do tempo d’azágua em Pilão-Cão:
Sua gente desata a medir sementes a calhar,
Sua bandola cheia, enxada ao ombro desce a cavar,
São quadro, dois por cova e três pedras p´ra enganar!
E semear o pão entre pedras, de cutelo ao covão,
Macaco ou corvo, ou pelada esfomeados como são
Trepando ladeiras de pedras, desarrumando betão
As folhas verdinhas do pé de pão tentam desventrar
Entre as três pedras e o chão amolecido ao molhar.
Costas sob a chuva rara, ou ardente sol a brilhar
Pés fincados entre pedras, ao massapé mergulhar
A monda, a remonda e toda a faina por realizar
Ocorrem por conta e custa da esperança no pão
E pelo camponês, por apego ou inerência de função.
Amália Faustino
21 de agosto de 2020
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