DIAS SEM NOITES
Desde sempre uma coisa
sabia:
Do que me mostrava e
desejava
Do que havia e queria
Do que não tinha e
necessitava…
Sabia que sofria e não
dormia
Se noites houvesse,
esperava
Se viesse, p’ra lua me levaria…
Mas ardia ao sol que me
queimava.
Intacta, o fim de semana
seria
Sem sábado que me chamava
Sem domingo que me queria
E um atrás doutro eu me
enfiava…
Sem asas, cada dia voava
Toda noite murcha me
fundia,
Rendida no nada que me
regava!
E a secura irritante
me torturava.
Nenhum clima, nem água
desprendia,
Escorrendo o suficiente que
me molhava
P’ra amolecer rachas que
havia!
E torrava exposta ao fole
que soprava!
Fundida nos dias passantes,
enfurecia,
Isolada nas noites de lua,
só chorava
Por dias que iam passando,
sem euforia
Por cada noite que de nada
contava.
Oh gente! Nestas ilhas é
assim a provar:
Dias sem noites, sol, praia
e mar à volta
Noites de brisas, morna às
ilhas escolta
Na secura sedenta, dias vão e vêm sem lavar.
Amália Faustino, Junho de 2015
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