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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Solidão na multidão


Este meu meio tem gente
E dentro dele mora gente;
Aqui e em toda a parte vive gente
Que passa, olha sem ver a gente!

Aqui na rua sei que há gente
E ouço falar muita gente,
Passos apressados de gente
Assinalam presença de gente.

Mas eu continuo sem gente,
Que pudesse falar como gente
E comigo conviva como  gente
Facilitando a existência da gente.

Talvez eu mesmo seja gente,
Ou não se prefere que seja gente,
Ou porque já não posso ser gente,
Coloca-se-me à margem da gente!

Eu sou marginalizado por gente
Que se afasta de mim, como gente,
Despreza-me, sem me considerar gente,
Por ser originário dum meio indigente.

Mas depois fala-se em cuidar da gente
Piando que gente carenciada tem mente
Onde se deve investir, conscientemente
Mas vêm só entrevistar e focar a gente.

Quase sempre vem abastada gente
Que mais podia fazer para gente,
Se partilhasse o excesso com a gente
Se quisesse tornar gente o indigente!

Amália Faustino Mendes
, 21 de Dezembro de 2011


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