Um boné mágico
Nasceu
há uns meses, um certo bebé;
Seu
babado pai ofereceu-lhe um boné
E
esse boné lhe conferia um estatuto
Que
à sua cabeça se fazia de substituto.
O
boné que servia a bebés de três meses
Foi-se
tornando grande, N
vezes
Face
à pequenez contínua da cabeça
Que
se desfazia à sombra da linhaça.
E
via-se o pai a assumir a criança
Que
aos 3
meses se lhe via a esperança
Mas
ao completar seis meses de idade
Caiu-lhe
o boné no centro de gravidade!
Absorvido
e redemoinhado pelos alísios,
E
a temperatura corporal a 70º graus celsius
Se
elevou, a ponto de derreter o miolo,
Empapando-o
em forma de bolo.
Desmorona
agora o estatuto, visto a binóculo
No
fundo de um túnel sem luz, visto a
monóculo
Reviram-se
os anseios do pai, desmanchados,
E
desmascaradas por
vozes de lábios inchados.
E
nos cabelos,
já grisalhos, antecipam-se, à mostra;
Os
caracóis, em bandeira não nacional ,acenam
Ventilando
a têmpora em brasa que entra
Numa
ratoeira que colhe filhos que
contracenam.
Na
calada da urna vai o pai, com
gritos retidos,
A garganta a engolir-se e os ratos
pisados
Deslizando-se
na passarela da labiríntica
execução
Restando
apenas as alternativas da
deposição.
Amália
Faustino Mendes
Sem comentários:
Enviar um comentário