Zé ninguém
Hoje comecei o dia desassossegada,
O meu espírito atordoado por nada
Que eu possa explicar a alguém
Que não sejas tu, meu Zé ninguém!
Só tu tens competência e ciência
E saber construído de experiência
Para compreender minha insuficiência
Que precisas superar com inteligência.
Só tu sabes o que vale a turbulência
Que a tua presença refeita de ausência
Imprimiu à minha vida feita de inércia,
Que o teu império marcou em essência!
E tu só precisavas ter vontade e persistência,
Despoletar com pouco mais de paciência,
Adotar uma linguagem eivada de evidência
Proficiência amistosa, sentimentos e sapiência.
De contrário, meu desassossego eventual
Deixará de ser um mal-estar pontual
Que apenas perdure neste tempo actual
Para formar uma situação factual.
Desde sempre alimento a esperança
De um dia encontrar em ti o ser
humano
Que me ampare e me recolha, sem
dano
Para um coração fofo, sem punhal, sem
lança!
Um ser humano do calibre dum abano,
Capaz de amainar meu calor
abrasador,
Que me abrace docemente e me
envolva
Fazendo frescura disseminar em meu
corpo!
Procurei por um corpo com espírito
santo,
Semelhante ao que Deus produziu
Que se une a mim por bem querer e amor
E sente saudades de mim na ausência
.
Queria que fosses alguém, meu sol
da manhã
Que olha para mim sorridente, sem
manha,
Sem confusão da treva carrancuda da
noite
Que ofusca quaisquer tardes de
lestada.
Não insista em promover uma profusão
perversa
De alguém empenhado na construção depressiva
Escavando em mim, como picareta num sólido
Um abrupto desfiladeiro que nenhum
remédio sara.
Tenta ser alguém, o meu sol da
manhã
Que olha para mim sorridente, sem
manha,
Que deixa de ser a treva carrancuda
da noite
Com fumaça exposta nas tardes de
lestada.
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