Não o reconheci
Eu já não o reconheço!!!
O que era ou foi já não parece
Não vejo restos daquele indivíduo
pacato
De braços caídos
Ombros encurvados
De aparência pacífica
Até nos passos lentos
De pegadas bem marcadas
No chão de terra batida
De achada de Bacio…
Esse indivíduo já não existe
Ou já não o reconheço.
Agora vejo um anoso adolescente
Num côncavo
peito de fios brancos,
Exibido num
propósito desabotoado
De costas
convexas,
Destacando,
num pescoço alongado,
Um toutiço
cavado por cheias
De suor, cravando vias do tempo,
Sem dar fé
da urzela da face,
A
contrastar com a negrura
Que cobre um crânio pintado…
Brotando
raciocínio acidentado
Ou tremido
como uma vara verde,
Deambula entre catorzinhas
Numa
sensação esperançosa de viço,
Resvalando
no contexto juvenil
Umas calças
atadas às perninhas
Penduradas
em cintos de nádegas
Deixando
sobrar quartos no solo.
Oh! Que
gestos de visão desajeitados
Consertados
a pedradas na ilharga,
Valeu-lhe
uma reformatação a gesso,
Sobrado num
andar de tamarindeiro
Num cutelo
exposto ao vento!
Oh! Por
isso é que não o reconheço
Não me
parece indivíduo do seu tempo,
Que
consegue declarar seis décadas!
Setembro de 2011
O
mal em triunfo
Numa noite fresca assobiava na face
fria
De cabelos grisalhos sob o vento
leste
Num Janeiro quase Dezembro que corria
Passados minutos no seu primeiro
teste.
Entro na fase da prova de beliscar,
Experimentar se vivo verdadeiramente,
Se em triunfo estonteante a
mordiscar.
Ou morto selecionado, potencialmente!
Se outros não tiveram a sorte de
passar
Uma nova estação que os espera
abraçar
Em nada se assemelha a esta realidade
Em que se teima na escassez de
piedade.
A bondade mitigada no ódio e na
inveja,
Exibindo seus dotes cínicos que se
veja,
Brota-se do âmago crónico a impiedade
Concorrendo com estigmática raridade.
E pergunta-se ao seu augurado
detentor
Se do ódio, da vingança é obreiro ou
autor,
Por que não redimir as incorreções do ser
Gerando outras aparências sem parecer?
Suprindo as carências que urge
socorrer,
Necessidades ocultadas, ou a
concorrer,
Ao lado de pobrezas coloridas a
bramir,
Mugem as portas da vida a suprimir.
Amália Faustino, 2 de Janeiro de 2011
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