Em Português chamou-se saudade
À soidade que gente sentia de
verdade,
Como sensação de ausência de entidade
Que ao pé se preferia ter, com amizade.
O cabo-verdiano herdou uma saudade
Emergente da carência de proximidade
Dum eu cá e tu lá ou além, na flor de idade,
Que em terra alheia perseguia a comodidade.
O cabo-verdiano cantou a cabo-verdianidade
E a saudade, com particularidade e propriedade,
Levada ao mundo, por quem deixou saudade,
Permitiu a liberdade de ser cantada com solenidade.
Saudosistas da cultura de paz e tranquilidade,
Em versos explícitos, ostentam perplexidade,
Exibindo a mudança operante em velocidade
De cruzeiro de fogo e água em paridade.
Experimentando a nostalgia da prosperidade
Está-se ancorando a tristeza com sagacidade,
Forjada na dor e muito pesar da mocidade
Que vagueia pelo mundo, na flor de idade.
Perseguindo, com insistência, a felicidade
Almejada, enquanto dela sente necessidade,
Vai-se requerendo a presença da entidade
E simbólica promotora de sua felicidade.
A mágoa da solidão ganha corpo de saudade
Em sua ou terra alheia de reduzida capacidade
De realização de justiça social e sem caridade,
Então liberta espaço que acolhe a infelicidade.
Amália Faustino, 12 de Março de 2012
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