Você, minha amada, está
aqui tão só!!!
E eu vim, você não me viu?
Estamos todos aqui,
ouviu?
Então, não nos diz nada?
Nem nos abraça com afago
de amada?
E o afeto para as nossas
cabeças de filhos?
Você não sente nossos passos
aproximando
E não vê as nossas pisadas
chafurdando,
Nem ouve as pegadas
trôpegas
E sonoras marchas de
batidas desiguais
Que a idade não perdoou?
Sabe, cada dia que passo
além
Olho por aqui e vejo-a
assim,
Sempre parada e igual,
Assim… inerte…
E dói-me cada capilar do
meu corpo
Sobre o qual crescem
comprimidas penas
E o meu coração sofre
por rasgos e faíscas
Mas reparo em você:
Já não tem aqueles
lindos olhos
Vidrados por fora e
limpos por dentro!
E já não me pode ouvir
Porque multiplicaram
folhas das suas orelhas
E já são muitas e moucas
de tímpanos furados!
Já não aperta as nossas
mãos, nem nos abraça
Porque os nervos dos seus
braços perderam força
Que o tempo levou sem
nos consultar.
Seus pés firmes
deformaram-se
Mas sustentam seu corpo
dorido
E a sua voz rouca deixou
gemer e gritar
Já que ninguém quis
ouvir nem acudir.
Amalia Faustino 6 de fevereiro de
2014
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