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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Solidão I


Você, minha amada, está aqui tão só!!!

E eu vim, você não me viu?

Estamos todos aqui, ouviu?

 

Então, não nos diz nada?

Nem nos abraça com afago de amada?

E o afeto para as nossas cabeças de filhos?

 

Você não sente nossos passos aproximando

E não vê as nossas pisadas chafurdando,

Nem ouve as pegadas trôpegas

E sonoras marchas de batidas desiguais

Que a idade não perdoou?

 

Sabe, cada dia que passo além

Olho por aqui e vejo-a assim,

Sempre parada e igual,

Assim… inerte…

E dói-me cada capilar do meu corpo

Sobre o qual crescem comprimidas penas

E o meu coração sofre por rasgos e faíscas

 

Mas reparo em você:

Já não tem aqueles lindos olhos

Vidrados por fora e limpos por dentro!

 

E já não me pode ouvir

Porque multiplicaram folhas das suas orelhas

E já são muitas e moucas de tímpanos furados!

 

Já não aperta as nossas mãos, nem nos abraça

Porque os nervos dos seus braços perderam força

Que o tempo levou sem nos consultar.

 

Seus pés firmes deformaram-se

Mas sustentam seu corpo dorido

E a sua voz rouca deixou gemer e gritar

Já que ninguém quis ouvir nem acudir.

 

 

 

Amalia Faustino  6 de fevereiro de 2014

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