Apresentação de Daniel Medina
Antes de mais, permitam-me augurar à Amália
Faustino Mendes todo o sucesso que este livro merece. Permitam-me aproveitar
este ensejo para estender esses votos a todos os presentes que se deslocaram a
esta magnífica sala para assistirem à apresentação dos escritos de uma pessoa
amiga.
Por outro lado, gostaria de vos dizer que recebi
este convite para ser um dos apresentadores do livro, com muita satisfação e
alegria. No entanto, tive de me ausentar do país, por motivos imprevistos,
porém o meu espírito solidário encontra-se nesta sala, torcendo para que tudo
dê certo.
Aos colegas da apresentação, os votos sinceros de
uma excelente comunicação, pois, sei que já estão habituados a estas andanças.
Minhas senhoras, meus senhores, ilustres
convidados:
A poesia,
ou género lírico,
ou lírica é uma das sete
artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com
fins estéticos, ou seja, ela retrata algo em que tudo pode acontecer dependendo
da imaginação do autor como a do leitor porquanto "O sentimento é a poesia da
imaginação." (Alphonse de Lamartine) "A poesia imortaliza tudo o
que há de melhor e de mais belo no mundo." (Mary Shelley)
E é isso que, se me
permitirem, iremos versar durante alguns minutos.
Rimando nas Estrofes da Vida
dá nome a este livro de poemas de Amália Faustino Mendes.
Trata-se de uma espécie de
resumo da trajetória de várias vidas em que se delineiam e se cruzam histórias
(de outras vidas não contadas), porque não são “factos” de facto, mas sim pura
poesia, que poderemos tocar, folhear, sentir, deliciar-nos, sorver de um só
fôlego, interiorizarmo-nos nela.
Como escreveu certa vez o
filósofo Aristóteles: "A poesia é mais fina e mais filosófica do que a
história; porque a poesia expressa o universo, e a história somente o
detalhe".
No entanto, este livro está
cheio de histórias bem rimadas.
Amália Faustino nessa sua aventura logrou o
desiderato de escrever com pungente universalidade. Alguns dirão que é sorte. Eu
retorquirei com uma dupla redundância: maturada maturação enlevada pela
experiência da idade.
Aliás, estamos certos de que o que de melhor existe
nos poetas de todos os países não é o nacionalismo e sim o universalismo.
E na lonjura em que se permitiu, ou lhe foi
permitido, Amália Faustino melodiou, desfiando ecos dos seus escritos no
coração dos homens e mulheres que a haverão de ler, porque parafraseando Carmen
Conde "A poesia é o sentimento que
sobra ao coração e sai pela mão." Neste caso, sai pelos poros e
vértebras, pelos olhos da alma, pelo todo que o germinou, transpirou, gerou e
produziu em termos de fusão artística. Eu diria que os poemas lhe saíram do
coração.
As cerca de 110 páginas Rimando nas Estrofes da
Vida, Amália Faustino para além de rimar, rema em várias águas e ondas desta
vida. E “estrofou-me” de forma benfazeja ao ler as badanas ou orelhas deste
livro ao dedicar dois poemas: um à mãe e outro ao pai. Para mim este
reconhecimento rima com o conhecimento e a verdadeira sabedoria da vida. É que
habitualmente direcionamos ou dedicamos os nossos poemas aos amores externos,
aos amigos, aos conhecidos, às situações, enfim. Orientar os nossos cândidos
sentimentos aos nossos progenitores, àqueles que deram a sua juventude e, que,
por vezes, abdicaram de uma vida melhor, para nos concederem uma existência
mais bonita, ou seja, aquela que eles sonharam, mas tiveram o condão de
transferir para nós. Quase todos fazem isso, no entanto, poucos a retratam de
uma forma tão bela num poema.
Amália Faustino, num gesto próprio de seres plenos
de benevolência, reparte igualmente os seus poemas, pelas datas, pelos
sentimentos, pelas questões sociais, pelas pessoas por quem nutre alguma
admiração ou carinho. Este princípio de doar ou de partilhar é simplesmente
belo e encantador. E por
falar em partilha é de bom tom relevar que aquele que recebeu o dom da
comunicação – notoriamente o seu caso - que consegue escrever o que lhe vai na alma,
tem quase que a obrigação de dividir o seu talento, seja poeta ou prosador,
pois, é algo impossível de se segurar no interior.
Minhas senhoras e meus
senhores,
Falar de poesia num tempo tão sem poesia é, deveras, quase que dizer
disparates com letras maiúsculas. Tornou-se normal passar na Internet, pelos
e-mails dos nossos conhecidos e amigos, de todo o género de maldades, de todo o
tipo de perversões e de maldizeres culturais e sociais. O contrário não se
sente, ou seja: enviar poemas de paz, amor, e harmonia, ou mesmo falar de
sentimentos parece ser demodé e ridículo. No entanto, apesar de tanta
insensibilidade, tanta mediocridade, tanta barbárie, insiste-se no sentimento
do ser humano na forma como realmente ele deve ser: humano. E a nossa
Amália, tem estes atributos de sobra, o de uma profunda humanidade. Porque
"A poesia é um espelho que
torna bonito aquilo que é distorcido nas nossas almas." (Percy Bysshe Shelley).
Realmente, o poeta fala com a alma. Aliás, todos nós somos poetas. Simplesmente
alguns conseguem exprimir aquilo que sentem, conseguem transpor para o papel
aquilo que têm no seu âmago. Muitos, contudo, por timidez, não se descobrem. A respeito
destes, o francês L'Inconnu, deixou uma bela mensagem que diz: "O poeta
poetiza a vida pela sua sensibilidade e amor e tem o dom de transmitir belezas
espirituais que o elevam ainda mais."
Todas as pessoas têm um poeta dentro de si
(principalmente as mães dos poetas, já tiveram...), o que falta muitas vezes, é
a fonte inspiratória... Algo que provoque a abertura da sua torneira poetal
para que consiga falar sobre isso. "Todo homem é poeta quando
está apaixonado." (Platão)
É
preciso falar de poesia, para si mesmo, e/ou em frente ao espelho. Em voz alta,
transformando as palavras em verdadeiros ritos encantatórios, que na verdade
são, restituindo-lhes o poder de interferir positivamente na harmonia do mundo
que nos cerca. E Amália Faustino faz isso com sobriedade.
Entretanto,
a poesia necessita da nossa ousadia, de saber-se mais humano que nunca e correr
o risco do olhar de estranheza dos seres à sua volta. Não se trata de utopia
romântica. "Poesia é quando uma emoção
encontra o seu pensamento e o pensamento encontra as palavras."
(Robert Frost)
Ilustres convidados,
A Poesia, segundo o modo de dizer comum, quer dizer
duas coisas. A arte, que a ensina, e a obra feita com a arte; a arte é a
poesia, a obra o poema, o poeta o artífice. Ora,
a poesia compreende aspetos metafísicos (no sentido de sua imaterialidade) e da
possibilidade de esses elementos transcenderem ao mundo fático. Esse é o
terreno que compete verdadeiramente ao poeta, pois "Poesia são pensamentos que
respiram, e palavras que queimam." (Thomas Gray)
Ao lermos Rimando nas Estrofes da Vida, deparamo-nos
com uma conjugação de fatores sui generis pronunciados e emprenhados de uma
leveza e pureza numa escrita cheia de mil encantos.
Aliás os poetas têm esse condão. O de transmitir os
encantos que os outros não veem ou não sentem, pois “O esplendor da relva só pode
mesmo ser percebido pelo poeta. Os outros pisam-na”.
Este livro é um retrato rimado de exemplos de muitas vidas. As estrofes
são criações de quem decidiu abrir o seu coração para nos mostrar o que mais
belo carregava no espelho da sua experiência de vida, pois, que «A poesia não é
nada senão tempo, ritmo perpetuamente criador.» (Octavio Paz).
Termino com duas pequenas
mensagens: a primeira, é a de sucessos e de muita alegria à Amália Faustino. A
segunda é a de que gostem das apresentações e que isso vos leve a comprar os
livros.
Um bem-haja a todos que se
dignaram vir aplaudir a Amália, com o seu livro Rimando nas Estrofes da Vida.
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