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quinta-feira, 24 de outubro de 2024

apresentação do meu livro DMed

 

Apresentação de Daniel Medina

 

Antes de mais, permitam-me augurar à Amália Faustino Mendes todo o sucesso que este livro merece. Permitam-me aproveitar este ensejo para estender esses votos a todos os presentes que se deslocaram a esta magnífica sala para assistirem à apresentação dos escritos de uma pessoa amiga.

Por outro lado, gostaria de vos dizer que recebi este convite para ser um dos apresentadores do livro, com muita satisfação e alegria. No entanto, tive de me ausentar do país, por motivos imprevistos, porém o meu espírito solidário encontra-se nesta sala, torcendo para que tudo dê certo.

Aos colegas da apresentação, os votos sinceros de uma excelente comunicação, pois, sei que já estão habituados a estas andanças.

Minhas senhoras, meus senhores, ilustres convidados:

A poesia, ou nero lírico, ou lírica é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos, ou seja, ela retrata algo em que tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor porquanto "O sentimento é a poesia da imaginação." (Alphonse de Lamartine) "A poesia imortaliza tudo o que há de melhor e de mais belo no mundo." (Mary Shelley)

E é isso que, se me permitirem, iremos versar durante alguns minutos.

 

Rimando nas Estrofes da Vida dá nome a este livro de poemas de Amália Faustino Mendes.

Trata-se de uma espécie de resumo da trajetória de várias vidas em que se delineiam e se cruzam histórias (de outras vidas não contadas), porque não são “factos” de facto, mas sim pura poesia, que poderemos tocar, folhear, sentir, deliciar-nos, sorver de um só fôlego, interiorizarmo-nos nela.

Como escreveu certa vez o filósofo Aristóteles: "A poesia é mais fina e mais filosófica do que a história; porque a poesia expressa o universo, e a história somente o detalhe".

No entanto, este livro está cheio de histórias bem rimadas.

Amália Faustino nessa sua aventura logrou o desiderato de escrever com pungente universalidade. Alguns dirão que é sorte. Eu retorquirei com uma dupla redundância: maturada maturação enlevada pela experiência da idade.

Aliás, estamos certos de que o que de melhor existe nos poetas de todos os países não é o nacionalismo e sim o universalismo.

E na lonjura em que se permitiu, ou lhe foi permitido, Amália Faustino melodiou, desfiando ecos dos seus escritos no coração dos homens e mulheres que a haverão de ler, porque parafraseando Carmen Conde "A poesia é o sentimento que sobra ao coração e sai pela mão." Neste caso, sai pelos poros e vértebras, pelos olhos da alma, pelo todo que o germinou, transpirou, gerou e produziu em termos de fusão artística. Eu diria que os poemas lhe saíram do coração.

As cerca de 110 páginas Rimando nas Estrofes da Vida, Amália Faustino para além de rimar, rema em várias águas e ondas desta vida. E “estrofou-me” de forma benfazeja ao ler as badanas ou orelhas deste livro ao dedicar dois poemas: um à mãe e outro ao pai. Para mim este reconhecimento rima com o conhecimento e a verdadeira sabedoria da vida. É que habitualmente direcionamos ou dedicamos os nossos poemas aos amores externos, aos amigos, aos conhecidos, às situações, enfim. Orientar os nossos cândidos sentimentos aos nossos progenitores, àqueles que deram a sua juventude e, que, por vezes, abdicaram de uma vida melhor, para nos concederem uma existência mais bonita, ou seja, aquela que eles sonharam, mas tiveram o condão de transferir para nós. Quase todos fazem isso, no entanto, poucos a retratam de uma forma tão bela num poema.

Amália Faustino, num gesto próprio de seres plenos de benevolência, reparte igualmente os seus poemas, pelas datas, pelos sentimentos, pelas questões sociais, pelas pessoas por quem nutre alguma admiração ou carinho. Este princípio de doar ou de partilhar é simplesmente belo e encantador. E por falar em partilha é de bom tom relevar que aquele que recebeu o dom da comunicação – notoriamente o seu caso - que consegue escrever o que lhe vai na alma, tem quase que a obrigação de dividir o seu talento, seja poeta ou prosador, pois, é algo impossível de se segurar no interior.

Minhas senhoras e meus senhores,

Falar de poesia num tempo tão sem poesia é, deveras, quase que dizer disparates com letras maiúsculas. Tornou-se normal passar na Internet, pelos e-mails dos nossos conhecidos e amigos, de todo o género de maldades, de todo o tipo de perversões e de maldizeres culturais e sociais. O contrário não se sente, ou seja: enviar poemas de paz, amor, e harmonia, ou mesmo falar de sentimentos parece ser demodé e ridículo. No entanto, apesar de tanta insensibilidade, tanta mediocridade, tanta barbárie, insiste-se no sentimento do ser humano na forma como realmente ele deve ser: humano. E a nossa Amália, tem estes atributos de sobra, o de uma profunda humanidade. Porque "A poesia é um espelho que torna bonito aquilo que é distorcido nas nossas almas." (Percy Bysshe Shelley).
Realmente, o poeta fala com a alma. Aliás, todos nós somos poetas. Simplesmente alguns conseguem exprimir aquilo que sentem, conseguem transpor para o papel aquilo que têm no seu âmago. Muitos, contudo, por timidez, não se descobrem.
A respeito destes, o francês L'Inconnu, deixou uma bela mensagem que diz: "O poeta poetiza a vida pela sua sensibilidade e amor e tem o dom de transmitir belezas espirituais que o elevam ainda mais."

Todas as pessoas têm um poeta dentro de si (principalmente as mães dos poetas, já tiveram...), o que falta muitas vezes, é a fonte inspiratória... Algo que provoque a abertura da sua torneira poetal para que consiga falar sobre isso. "Todo homem é poeta quando está apaixonado." (Platão)

É preciso falar de poesia, para si mesmo, e/ou em frente ao espelho. Em voz alta, transformando as palavras em verdadeiros ritos encantatórios, que na verdade são, restituindo-lhes o poder de interferir positivamente na harmonia do mundo que nos cerca. E Amália Faustino faz isso com sobriedade.

Entretanto, a poesia necessita da nossa ousadia, de saber-se mais humano que nunca e correr o risco do olhar de estranheza dos seres à sua volta. Não se trata de utopia romântica. "Poesia é quando uma emoção encontra o seu pensamento e o pensamento encontra as palavras." (Robert Frost)

Ilustres convidados,

A Poesia, segundo o modo de dizer comum, quer dizer duas coisas. A arte, que a ensina, e a obra feita com a arte; a arte é a poesia, a obra o poema, o poeta o artífice. Ora, a poesia compreende aspetos metafísicos (no sentido de sua imaterialidade) e da possibilidade de esses elementos transcenderem ao mundo fático. Esse é o terreno que compete verdadeiramente ao poeta, pois "Poesia são pensamentos que respiram, e palavras que queimam." (Thomas Gray)

Ao lermos Rimando nas Estrofes da Vida, deparamo-nos com uma conjugação de fatores sui generis pronunciados e emprenhados de uma leveza e pureza numa escrita cheia de mil encantos.

Aliás os poetas têm esse condão. O de transmitir os encantos que os outros não veem ou não sentem, pois “O esplendor da relva só pode mesmo ser percebido pelo poeta. Os outros pisam-na”.

Este livro é um retrato rimado de exemplos de muitas vidas. As estrofes são criações de quem decidiu abrir o seu coração para nos mostrar o que mais belo carregava no espelho da sua experiência de vida, pois, que «A poesia não é nada senão tempo, ritmo perpetuamente criador.» (Octavio Paz).

Termino com duas pequenas mensagens: a primeira, é a de sucessos e de muita alegria à Amália Faustino. A segunda é a de que gostem das apresentações e que isso vos leve a comprar os livros.

Um bem-haja a todos que se dignaram vir aplaudir a Amália, com o seu livro Rimando nas Estrofes da Vida.

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