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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Mar da cidade velha











Ó mar cinzento da velha cidade!

Paro à tua beira, em êxtase e sagacidade,
Contemplo o teu ir e vir incessante
Sem nenhum ritmo constante.

E vejo-te ladeado de ovais calhaus
Talhados a crânio de homens maus,
Lembrando-me a história das origens
Da Cidade Velha e das suas miragens.

Miragens velhas pela sua idade
Velhas na sua história e origem
Cidade madura e dura na margem
Onde as ondas esculpiram calhaus!

Perfurando o fundo das tuas águas
Desarreigo de lá antepassadas mágoas,
Abscônditos olhos arrancados a garfo
De algum rosto esmagado ao crânio safo.

Olhando para cima, vi a amarga fuligem,
Recordando o refúgio, com vertigem,
E antepassados cismando seu focinho
Catando, a olho, a tortura no pelourinho!

Do alto teor de sofrimento escapou gente
E o que agora resta, enluta a sua mente,
Num postergado passado, profundamente dorido
Que hoje é um presente a exibir com alarido.

 

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