A chuva de 24 de Agosto
Avenida Cidade de Lisboa
Acolhe a chuva benfazeja
Acolhe a chuva benfazeja
Engole as gotas com cerimónia
Mesmo devagar, protelando goles,
Vai avolumando poças e lagoas
Mesmo devagar, protelando goles,
Vai avolumando poças e lagoas
Saboreando o frescor com parcimónia.
Depois, Taiti para competir
Reserva, aqui e além, sua porção
De fundo barrento de escolhos
Reserva, aqui e além, sua porção
De fundo barrento de escolhos
Como se fosse alguma encomenda
Embrulhada prenhe de mosquitos
Embrulhada prenhe de mosquitos
Que repousam nos anos de seca
Em frente Cabral aceita calado
O banho de chuva com agradecimento
Sem compassar o grito resvalado
Das colunas dum mercado ciumento
Que expõe seus artigos às valas de larvas.
Há economia de cheiros e cores
Que atraem qualquer olhar distraído
E narinas insensíveis adquirem olfato
Descobrindo odores a tudo revolvido
Mas ainda as cheias não correram.
Amália
Faustino
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