CHUVA MANSA
Chuva mansa cobre Cabo Verde de manta benfazeja,
Faiscando borrifos em brumas abafantes, pinga e goteja
Água que escorre entre pedras da calçada, gorgoleja
E afoga a garganta seca do solo que sempre enseja.
Esta chuva dá lições de democracia na sua distribuição
Levar às ilhas água p’ra barragem, solução da produção!
É sim, mas!!! E a descriminação? Feijão kreka - preta
Que estala e estilha pelos barrancos, à procura de greta!
E vai a gente escolher e só recolher feijão branco,
Mas não encolhe a fartura para saltar um barranco,
Onde as krekas pretas e ferrosas dão licetes de agilidade
Ocultam doçura, reprovada nos mercados da cidade!!!
Por descriminação da cor, não vale a pena “katar krekas”
Até se prefere andar em saltos nos assaltos às barracas
Onde se cozinham feijões, xerém e farinhas brancas
Ou algo que embranquece - mentes fechadas com trancas.
Aqui é assim: os olhos enchem-se de tudo tão rápido,
Mesmo que esteja o ar, o mar e a terra, tudo corrompido
Esse tudo e o nada, coladinhos andam e se confundem,
Balanceando-se entre os extremos e meios que se fundem.
Sem comentários:
Enviar um comentário