Eu não pensei
Eu já me ia esquecendo da tua existência
Eu já não me recordava da tua indecência
Queria olvidar que detetei em ti um jumento
Montado, sem selim sequer, por momento.
Agora, a minha memória, em reminiscência,
Coloca-me no presente a consciência
Duns olhos e olhar esquisito e avarento
Não sei bem se exibiram algo de virulento.
Eu pensei nos olhos, a essência da adolescência,
Um fundo castanho, revirando com indecência
Nem pensei na ruindade que vazava ao vento
Respingando gotas necrófagas de amor birrento.
Eu não pensei em cair na intumescência
Dum parecer e análise sem excelência;
Eu não pensei reduzir seu estatuto de jumento
E em seu lugar trabalhar sem garantir alimento.
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