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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Será que dá em livro?

 

 

 

 


 

 

Conteúdo

AMIZADE.. 9

AMIZADE OU AMOR.. 10

O MEU PRIMEIRO AMIGO    12

MINHA AMIGA, TAIVINA   13

VARELA - MEU AMIGO PESCADOR    14

JOÃO - POETA DO DESAFIO    15

EDITH E AMÁLIA.. 16

ARTE & AMIZADE & POESIA   17

DA AMIZADE À POESIA E ARTE   18

POESIA EM BRINCADEIRA DE AMIZADE   20

ABRAÇO CRISTALINO    22

AMIZADE (E)TERNA NA POESIA   23

A HÁSTIA SINGELA.. 25

CORAÇÃO HUNGRIA.. 26

PEDRA MICROSCÓPICA PEDRA GIGANTE   28

PEDRA OU PENEDO.. 29

PEDRA NO PÃO.. 31

O PÃO E O PÃO.. 32

DA PEDRA AO PÃO.. 33

PARALELOS DE PEDRAS  34

PÃO DE PARALELO.. 35

PÃO SUL DE DESESPERO   37

PÃO & ESPERANÇA.. 38

CHOVE PEDRA-PÃO.. 40

TEMA TERCEIRO.. 41

AGUAS & EIGHTEEN.. 42

O CHÃO SECO ESPERA MILAGRE  43

TERRA, MAR & EIGHTEEN   44

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TEMA PRIMEIRO

AMIZADE E AMIGO


 

 

 

AMIZADE



Amor único incondicional e perfeito
Muito discreto
se não preciso
Importante na presença e na distância
Zeloso se requisitado e sempre e sempre
Altruísta confessionário do amigo
Doador do braço amigo e querido
Elevado depositário do segredo eterno

 

 

 

 

 

 

 

 

 

João P.C. Furtado                                       27/05/2020

 

AMIZADE OU AMOR

 

 

 

Amizade - depositário de segredo eterno,   
Mantém firme laços voluntários de confiança

Investe
amor descomprometido, discreto, terno,
Zera zombaria e zumbidos na ausência…
Ah amizade! Abstrata sim, se sabe a concreto
Doma espírito e físico, engodados na bonança,
Em crise pandémica, atua ao modo moderno.

 

 

 

 

 

 

 

 

Amália Faustino Mendes                                28/05/2020

O MEU PRIMEIRO AMIGO

 

 

O meu primeiro amigo o João de Maria
Juntos a pequena Ilha era mais pequena
De Cidade a mata de Inhame com alegria
De Aurora a Trindade e a noite amena

Restavam histórias sem luz nem antena 
Veio a idade e com ela veio a distância
O meu primeiro amigo o João de Maria
Juntos a pequena Ilha era mais pequena

Parti para estudar e perdi-te João de Maria
Da Ilha do Príncipe levei a saudade e a pena
Deixe para trás a bela amizade de infância
Hoje longe e sem saber nada revivo a cena
O meu primeiro amigo o João de Maria

 

 

João P.C. Furtado                                       28/05/2020

 

MINHA AMIGA, TAIVINA

Na greta da memória, resiste a Etelvina

Recalcada nos recantos da reminiscência,

És inesquecível, amiga minha, Taivina

Do capítulo da infância, em consciência.

 

Eu, filha única da mãe da benevolência

Carrego no peito fechado o amor de menina

E na greta da memória, resiste a Etelvina

Recalcada nos recantos da reminiscência.

 

Adorava galgar com ela cada encosta e colina,

Covões, arribas de Santiago, sem concorrência.

Ante destinos diferentes a amizade não culmina;

Nada nem ninguém retira de mim a essência

Assim, na greta da memória, resiste a Etelvina

 

 

 

 

 

Amália Faustino Mendes                                      10/06/2020

VARELA - MEU AMIGO PESCADOR

Do Varela um desafio
Pescar… Peixes para comer
Para a praia esforçado
Do mar quis eu peixes prender
Na linha nenhum apanhado
Pela arte e pouco saber.

No Varela um belo sorriso
E em mim aquele lamento
O peixe fiquei esperando
Sobrou para mim o pranto
Muito peixes e peixinhos
Ao Varela coube um cento.

De raiva lágrimas tal rios
Que o mar ia beijando

Via a pesca e sentia o cheiro
Era o peixe que ia pescando
Ele o meu melhor Amigo

Varela pescava cantando…

 

 

João P.C. Furtado                                            10/06/2020

JOÃO - POETA DO DESAFIO

 

Aceitei o desafio do João

Em segui-lo a escrever versos,

Catando palavras como feijão

Perdido em cutelos diversos.

 

João já navega no mar da poesia

Num chap-chap de fluídos dispersos

Ele já confrontou o Suão e a maresia

Eu só queimo minha azágua em versos.

 

E agora? Permaneço sem pão,

Sofrendo padecimentos diversos?

Não! Promova a coragem, reze terços

E se varrer o medo, virá a inspiração!

 

Rezando ladainhas sem bastão

Tentando trincar a seco o Zimbrão

Só da semente molhada em berços

Nasce a perna pela pena por esforços.

 

 

 

 

Amália Faustino Mendes                                27/07/2020


EDITH E AMÁLIA

Foi iniciação virtual da amizade
A Edith e o seu poema escrito
Que apresentei ao Daniel a qualidade
E no jornal virtual teve o mérito

Por Edith da mãe Amália veio a amizade
Amante da arte trocamos conhecimento
Uma escrita primorosa e de qualidade
E grande analista...Para amizade o fermento

Sempre presente na responsabilidade
Alguns livros meus por ela comentado
Hoje convido Amália e resposta da caridade
Juntos escrever este livro já começado

Não ofereço outro pão senão o empenho
Que a arte e a inspiração delas Amália é mestre
Rezo para Deus me dar inteligência no desempenho
E mastigar a classe da sua arte sem sofrer desastre

Que a amizade com a filha e a mãe faça de zimbrão
A semente especial de muitos frutos de amizade
E nasça um poema e uma poesia de coração
Tornando eterno todo amor nesta especialidade

João P.C. Furtado                                           10/06/2020

ARTE & AMIZADE & POESIA

 

Amizade virtual, factual ainda atual,

Desde sempre foi, será sempre igual;

Amizade prezada pela Edite tal e qual

É pela mãe preferida, de modo cabal;

 

Da arte, à poesia, ao João, salta o memorial

Dum firme e singelo amor pela Nelita e tal

Que o rigor da arte ao compatível pedestal

Desdobrava Edite em excesso de zelo manual.

 

Viva a amizade virtual, factual ainda atual,

Amália, poesia e João, paginam o memorial

Com recordos de vida em pontos de luz especial,

Pescados à mente com anzol e fruta sazonal!!!

 

Tatear às escuras o pomar do Príncipe, que tal?

Oh! Cabo Verde! Fruta banal?  Só milheiral;
Milho assado em novembro, amizade normal,

Se sem seca, cartucho ou abuso do vendaval!

 

Selaremos com milho a amizade virtual

Do lado que estira cana e espiga no pedregal,

E com o coração a poesia dará luz livro real

Dispensando “cafú”, tocha, ou luz do castiçal.

 

 

Amália Faustino Mendes                               28/07/2020

 

DA AMIZADE À POESIA E ARTE

 

 

É certo que li o teu poema magistral
Vou rogar ao Senhor que faça-me pontual
E a luz deste pòdógò sem pedestal
Escrever o poema mui menos imperial 


A Amália é singela vendo arte real
No poema deste inferior ser irreal
Que de letras vãs tento um escrito tal
Que na história fique de ouro no cabedal


Certo está no amor que é fundamental
De infância se prolonga e se torna vital
A Nelita é certamente a metade essencial
Com tudo que é a vida do normal casal


Pode crer que acredito num amigo virtual
Dele outro livro nasceu e é muito real
E consigo espero vir nascer este tão atual
Com pontos e vírgulas e sem vírus mortal


A sombra do zimbrão perto do verde milheiral 
Apresentaremos o livro sobre o poial
E o poilão imponente sentindo-se rival
Olhará para o zimbrão com olhar letal


Não será certamente no carnaval
Pois o Rei Momo estará no canavial
E muito menos será pelo Natal
O Deus-Menino pedirá todo recital


Será por todos…Num dia muito especial
Batizaremos o nosso livro capital
De “AMIGOS DA POESIA” num ritual
Próprio do marco histórico e monumental

 

 

 

 

 



João P.C. Furtado                                            28/07/2020


 

POESIA EM BRINCADEIRA DE AMIZADE

João brinca a escrever sobre amizade

Escreve a brincar, poetando na verdade;

Seus versos brotam viva mentalidade,

Palavras saltitam ao vigor da mocidade.

 

Brinca p’ra deleitar alguém da realidade

Dueta comigo – e meu sim em dificuldade

Ecoa do fundo do poço, certa amabilidade:

Oh! Deus da misericórdia, que excelsa bondade!

 

Extraviada no labirinto circunstancial de nulidade

Peço a Deus que me replante ânimo e capacidade

Para honrar o sim com comedida responsabilidade

E produzir poesias, poemas possantes de validade

 

Fora do poço já, desafogo a escuridão na claridade

Minhas pupilas ocultam do sol, com sagacidade

Meu coração palpita e desencrosta a ansiedade,

Com a rapidez de uma presa a fugir de brutalidade.

 

Mas, já quero olhar e ver tudo, até minha cidade…

Quero trazer a cidade da Praia para a visualidade

E no campo da virtualidade matar a saudade

Da minha terra, minha gente e tudo da atualidade.

 

Amália Faustino Mendes                                01/08/2020

ABRAÇO CRISTALINO

 

Querida amiga e confrade Amália Faustino
Seu poema tão perfeito foge de todo meu tino
E faz-me procurar palavras para dar o destino
Mas não consigo acompanhar o figurino…

Com seu estilo tão belo e tão rico e tão fino
Minha amiga faz-me perder de todo o pino 
E de amizade em amizade cruzados em trino
A Amália e eu e a poesia neste grande desatino

Falando da amizade recordo aqui o Aldino
Merecedor de recordação e ato repentino
De colega de trabalho ao amigo de refino
Foram alguns anos e um abraço cristalino

Peço ao Senhor Deus a inspiração e ensino
Para escrever brincando com arte e bem afino
Pois que esta afronta tal alta só com o Divino
Para alcançar tão alto patamar e tão nobre hino

 




João P.C. Furtado                                           13/08/2020


AMIZADE (E)TERNA NA POESIA

Quem escreve poesia como brincadeira

Brinca, solta alegria a quem se abeira

E quem se abeira pode preferir amizade,

Jogando cordialidade com amabilidade,

Tecendo versos, estrofes de cumplicidade!

 

Se eu escrever poesia como brincadeira,

A pintar poema com rimas de visibilidade,

Proposito e proveito, atrair (e)terna amizade

Apreciadores, adjuvantes como confrade,

Promover, no lazer, o prazer da benignidade.

 

A cooperação inclusiva adestr’a mocidade

Se coincidir com a procura da felicidade,

Patente e fama veem obras de mutualidade

Erigidas por nós, vários atores da atualidade

Com poesia se brinca em qualquer idade!

 

Da cooperação, à antologia e dueto em paridade

Da amizade no alicerce, à firmeza da produtividade

Da vitalidade intencional na obra, à fecundidade

Da amabilidade à conversão da dor em sanidade

Posso revelar na minha fraqueza a potencialidade.

 

Brincar em paridade, estimulante da curiosidade,

Promotor do saber ao sabor da notoriedade

Em paridade, a antologia da ULLA, de qualidade

Em paridade, o Abraço Poético, com extensividade

Adultos, crianças, Galiza, Cabo Verde, na felicidade.

 

Amália Faustino Mendes                                 13/08/2020

A HÁSTIA SINGELA

 

Como não responder com muita alegria
Tua última nobre e abnegada poesia
Bela aventura galega naquela antologia 
Um sonho lindo… Que brincadeira tão séria…

De todo o mundo veio para mim a hástia
Muita amizade e aprendizagem quase diária
Mil e um amigos virtuais e com ímpar sabedoria
Não indico nomes pois injustiça decerto cometeria

De Cabo Verde vem a recente surpresa em poesia
Descobri talento e arte na amiga São Hungria
Que gentilmente foi-me apresentada por Amália
Mostra o sem limite é o Senhor dono da Sabedoria

De recordação em recordação um livro e mais caberia
Mas é nobre deixar a história para a história
E terminar o humano esforço com esta poesia
Que a Minerva escondeu as Ninfas com astúcia

 

 

 

 

 

João P.C. Furtado                                           13/08/2020

 

CORAÇÃO HUNGRIA

 

Creio ser bom dedicar à Hungria esta atenção

Ou mesmo falar dela como amiga, de coração,

Rendida ao amor, sincera na amizade por irmão

Amiga da adolecência, da escola de habilitação

São, sem medo, sem temor, é amor de betão

A menos que haja falsidade e/ou carinho de safanão

O que faz dela fugitiva, sem nunca vingar o pão.

 

 

Há voz que desinveste a minha solidão

Uma, a de São Hungria, tolhe minha evasão,

Nutre meu espírito igual ao melodioso pão

Gentilmente trançado e amassado à mão

Revestido de amizade, sem deixar um vão

Introduz no âmago do meu ouvido, a canção:

Ai como ela tenta reanimar meu coração!

 

 

Ainda sinto ser torturada, pisada a bastão

Festejar nada, brincar pouco com balão,

Mesmo sabendo, voo num esforço em vão.

 

 

 

 

Amália Faustino Mendes                                15/08/2020

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TEMA SEGUNDO

PÃO E PEDRA

 

 

 


 

PEDRA MICROSCÓPICA PEDRA GIGANTE

 

Pé molestado e dorido
Cambando no sapato justo
Previsto um cantante galo
Sofrimento jamais suposto
Ai meu pé esquerdo querido

A dor com tal ardor ferida
E a vergonha de meia exposta
Velha e suja e furo e sem halo  
Tropeçando e titubeante suporta
Que gigante pedra no pé perdida

Em casa por fim bem refugiado
O sapato projetado à distância
Já na mão a pedra e a admira-la
É ela tão minúscula… É areia
Gigante dor da pedra fundida 
 

 

 

 

 

João P.C. Furtado                                           15/08/2020


 

PEDRA OU PENEDO

 

Qualquer pedra vale pelo feito:

Se tamanho não é documento

Não há mais dano pelo efeito

Nem mais estrago no momento.

Sendo areia, pedra ou penedo!

 

Qualquer pedra vale pelo feito:

Se tamanho não é documento

Tal pedra, tal penedo, se perfeito,

Da mina à obra segue a contento

No corpo a esfregar, contrafeito.

 

Qualquer pedra destacada no leito

A ribeira acolhe e sabe, pelo evento,

Se o cutelo a tombou por defeito

Ou a rocha, pelo comportamento,

A expulsou pela rudeza do jeito.

 

Se qualquer pedra vale pelo feito:

Se tamanho não é documento

A cada momento um agente refeito

Areia, pedra, penedo ou rocha, atento,

Inverte o foco da perversão do efeito.

 

Amália Faustino Mendes                                  16/08/2020

 

 

 

PÃO E PEDRA

 

 

 

 

Grão trigo da terra
Farinha moída na pedra
Pão vida ampara

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

João P.C. Furtado                                           15/08/2020

PEDRA NO PÃO

 

Pelos atos madrugas do padeiro

Engolfa o pão fofo, de olhos fechados,

Bochechas regulares, gesto rotineiro,

Mãos nos mesmos moldes passados.

 

Rotina de forno à mesa de assados,

Tal água, tal farinha, tal padeiro

Massas amansadas sem achados,

Porém pedras adentrados no moeiro.

 

Ora tudo natural: pedra, pão e moleiro

O pão fofo ocultando duros entrançados…

- Pedra no macio pão em dente, obreiro?!!!

Ai que dor por valores despedaçados!

 

Nas madrugadas sonolentas do padeiro

Mastiguei noites e rolos empedrados;

Meus dois olhos abertos e encostados

Enxergavam, à distância, o faroleiro.

 

Nenhum navio ao norte do outeiro

Ninguém desce, nada ecoa brados;

Aguardo, ainda, sinal do companheiro

Ou d’algum socorrista de abandonados.

 

Amália Faustino Mendes                             16/08/2020

O PÃO E O PÃO

 

O homem não vive só do pão
A agua e o vinho e o coração
O pão que pode ser a fruta-pão
O arroz e a batata-doce e a razão

A broa é do milho o gostoso pão
O moinho de pedra da cor de carvão
Preparado e cozido naquele fogão
O cuscuz de cada dia é o nosso pão

Três pedras equidistantes no chão
O pobre e o milho e pouco de feijão
Amor no coração e sem sugestão
A cachupa simples do pobre o pão

 

Chuva sem esperança é o cimbrão
Fruto silvestre e das crianças o pão
Franzidas na escola de pouca opinião
Aprendendo a viver com pouco pão

NA PEDRA DA VIDA DURA

 

 

 

João P.C. Furtado                                            15/08/2020

 

DA PEDRA AO PÃO

Em cada doze, dois meses podem molhar

E se a terra amolecer é p’ra o pão brotar

Entre pedras duras o chão difere de moleza

Mesmo que seja democrática a natureza

O pão p’ra cada um, tem diferente dureza.

 

Soprando a fresca brisa, escurece o matacão

Sinais do tempo d’azágua enchem Pilão-Cão:

Sua gente desata a medir sementes ao calhar,

Sua bandola cheia, enxada d’ombro desce a cavar,

Só quatro e dois por cova e três pedras de enganar!

 

E semear o pão entre pedras, do cutelo ao covão,

Macaco ou corvo, ou pelada esfomeados como são

Trepando ladeiras de pedras, desmoronando betão

As folhas viçosas do pé de pão tentam desventrar

Entre as três pedras e o chão amolecido ao molhar.

 

Costas sob a chuva rara, ou ardente sol a brilhar

Pés fincados entre pedras, no massapé a mergulhar

A monda, a remonda e toda a faina por realizar

Ocorrem por conta e custa da esperança no pão

E o camponês, por apego ou inerência de função.

 

Amália Faustino Mendes                                21/08/2020


 

PARALELOS DE PEDRAS

 

A mãe-terra está seca e nega o pão
Do céu só vem o sol e do leste o vento
O gafanhoto comeu todo o cimbrão
da criança ouve-se choro e lamento

 

O homem para sobreviver quebra pedra
E faz com ela os pequenos paralelos
E transforma em pão… Da estrada a obra…
Secaram as goiabas e os marmelos

A mulher rouba do mar a areia
E vê a praia morrer e ficar em rocha
E justifica “para filhos o pão para a ceia”
A “téra” vive da pedra e para vazio olha

 

Vem do céu uma molhada e única gota
O homem lembra-se da enxada pendurada
A mulher com as sementes a força esgota
Semeia e espera a monda esperançada

Volta do leste o vento e seca… O seco chão
Vem a nuvem não de água mas de gafanhoto
Leva o sonho e a esperança e o querido pão
Restam a pedra e a areia e o invisível arroto 

João P.C. Furtado                                    22/08/2020

 

PÃO DE PARALELO

 

Esta manhã quis escrever uns versos

Imaginando imersa em sons dispersos

E monossílabos crioulos a esvoaçar

Ecos de músicas p’ra ouvir e dançar

Revirando pensamentos controversos.

 

Escrever pau, pedra ou pão e diversos,

Orbitando entre mim e mesa, sem roçar

Expelindo de mim sonhos bem despertos

Eu rodava meu carro no asfalto, sem troçar

Das pedras no percurso S. Miguel ao Tarrafal…

 

E agora? Jardins e tambarinha por abrasar!

Sobrevoar, rodas no ar, ou contar paralelos

Revoltando os “V”, de vida feita a martelos

Pedra de valor do pão, p´ra morte fracassar

Numa crise assada em britas e pedras modelos!

 

 

 

 

Britas e paralelos na estrada já sem martelos

Latas de lascas de pedras sem mulheres a tropeçar

Montes a carrada, roubada ou vendida aos apelos,

Ah! paralelo, pedra talhada a martelo, pernas a coçar

Homens, contando, um por um pão, em cada cutelo!

 

No tempo do asfalto foge tanta memória

Mas o paralelo no seu passado, presente na via

Nem olvida a pedra da calçada portuguesa

E agora, qual jovem admite pedra a fonte do pão

E o sobrevivente da era colonial? Vesga de carestia!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Amália Faustino Mendes                     28/08/2020

 

PÃO SUL DE DESESPERO

 

 

Falta de pão que era pobre cachupa
Uma rota ao Sul de desespero
Sem carne nem pele nem roupa
E ao som da criança o seu berro

 

Manso parte com fome o cordeiro
Na grande barriga só fome ocupa

Falta de pão que era pobre cachupa
Uma rota ao Sul de desespero

 

Do céu a gota húmida nem com lupa
O verde manto levou-o o tempo severo
A terra-mãe chora e até pedra preocupa
O povo disperso sem pão no desespero

Falta de pão que era pobre cachupa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

João P.C. Furtado                                    28/08/2020

 

PÃO & ESPERANÇA

 

Se setembro chover, como espero

Milho p’ro pão & cachupa até Paul

Esperança dribla o bicho “desespero”,

Certeza no pão de norte, pão do sul.

 

Julho, pedra; agosto, água e paul.

Raul, rico do tempo de fome, careiro

Se setembro chover, como espero

Milho p’ro pão & cachupa até Paul.

 

Abastado (des)importado, careiro

Vê pobre sucumbindo em corpo azul,

Pragueja a chuva, vaiando coveiro;

- Seu milho mofado, nem p´ró Pitbull,

Se setembro chover, como espero!

 

 

 

 

Amália Faustino Mendes        1 setembro 2020

 

SEM PÃO E COM PEDRA FRIA

 

 

Sentada e quase nua na pedra fria
Estende a mão e pede o pão
A esperança aos poucos esvazia
Com o tempo do pobre coração


A pedra fria congela a alegria
Que um dia era da vida a razão
O pão na mata a fome da Maria
Que com nada espera a compaixão


Cai como sono e fome e miséria
Mas tem força para dar o perdão
Ao mundo que a deu tanta carência
E uma pedra nua e rija e mui fria

 

 

João P.C. Furtado                                    06/09/2020

 

CHOVE PEDRA-PÃO

Se Raul apenas quer saber de si,

Se altruísmo ferir alergia do abastado

Chove pedra sem campanha por si

Cachupa, xerém até pastel e pão assado

Para pobre, medio, está tudo domado.

 

Clientela de Raul toma grogue fiado!

O próximo faminto vira mordomo abonado

Há Quem tudo pode e faz de lá p’ra aqui

Cachupa, xerém até pastel e pão assado

Para pobre, medio, esta tudo domado.

 

Felizmente, nuvens escuras sob céu azulado

De Pilão-Cão a Brava, até Paul, esvoaçado

Sacudindo ancas, em torno e cola S. João

Cachupa, xerém até pastel e pão assado

Para pobre, medio, esta tudo domado.

 

Meu povo graceja em palmas, esperançado,

Pão na mão e no chão da barragem estopado

Há Quem tudo pode e faz de lá p’ra aqui

Cachupa, xerém até pastel e pão assado

Para pobre, medio, esta tudo domado.

 

Amália Faustino Mendes         4 setembro 2020


 

 

 

 

 

 

 

 

TEMA TERCEIRO

AGUA E VENTO

 

 

 


 

O CHÃO SECO ESPERA MILAGRE

 

Ondas revoltadas e gigantes
Uma tempestade de forte vento
O chão seco espera milagre
E o homem lavrador e seu lamento
De Cabo Verde são estados permanentes



Do céu nuvem escura promete
Agua boa para ano de fartura
São gafanhotos e não chuva bendita
A esperança já pouco se procura
A nuvem uma razia as plantas comete


Raramente a água do céu cai e molha
E quando acontece a sonhada raridade
Leva casa e burro e terra para o mar
E o prejuízo transforma alegria em fatalidade
E toda a população para o Céu triste olha

 

 

 

 

João P.C. Furtado                                    06/09/2020

 

AGUAS & EIGHTEEN

Mudam-se os tempos mundanos

Altera-se o clima, atos desumanos,

Atitudes egoísticas e interesseiras

Espatifa o planeta! E agora? Poeiras!

 

Tudo aquece, derrete ou queima

Ozono esvai por prazer e teima

Depressões, furacões, tornados

Ignoram tanto vivos como inanimados.

 

Eighteen em perseguição a Paullette

Agita o Céu, desprende água, sem motete

Jorram gotas mil e barragem encaixa

Ou devastam tudo que não despacha.

 

Sucede-se tudo ou resto em atolada:

Ladeiras com casas em derrocada

Víveres, teres e pedreiras em barreira

Corpos e tudo, em tulha, ao mar se abeira.

 

Pesadas vacas boiam, mar é rumo

Árvores, de raiz em flor, acenam

E aves vêm, esvoaçam e encenam

Seus peitos palpitantes em fumo!

 

Cabo Verde, de per si, feito de grãos

Minha terra, condenada pela situação

Ou água e verde da terra, se menos peca

Ou castanho no azul na paz da seca.

 

Amália Faustino Mendes             09 setembro 2020


 

AGUA DOCE E AGUA SALGADA

 

Água doce e suja caminha enfurecida
Ruma para o mar revolto e salgado
A população banha e dança esquecida
Do tempo da seca e o povo sente-se perdoado


Puro engano da natureza justiceira
Que do nada manda a tempestade
Que sopra e arrasta toda a ribeira
O mal nosso de cada dia arrasa a cidade


Água salgada da minha lágrima
Forma o mar enorme à minha volta
O povo vê ao redor e tudo é lástima
Mas a esperança não permite revolta

 

 

Uma brisa calma e fresca sopra
Uma criança canta uma bela canção
Toda a humanidade sente que sobra
Lá no fundo de tudo um puro coração

 

 

 

João P.C. Furtado                                    09/09/2020


 

TERRA & MAR AO VENTO

 

O mar agita-se, sem afagar as algas

Deserta seu fundo sem ressalvas,

Vias cruas e nuas, sem decalque

Teres e seres em distinto desfalque.

 

Peixes de barbatanas em leque

Ginasticam no turbilhão da água

Vento, prepotente, rodopia e segue,

Tudo arrasta, instigando a mágoa!

 

A Terra desiste e deixa-se decompor:

Água e vento em unidos esforços

No rasto da destruição se nota

Em reunião por dever não se vota.

 

Telhados voados já sem conta

Cérebro egoístico, na zoada, desponta

E a solução ideal? Que plano e quota?

Orçamento desfeito, não importa!!!

 

Afrontas iguais a pobres e sem jeito...

Os menos ricos, gozando dor de peito

Bolsas, bolsos e contas com defeito

Confortado sem poder, sem proveito.

 

 

Amália Faustino Mendes         9 de Setembro de 2020

NÃO SE REVOLTA

Vai a Toninha badia a fonte
Leva à cabeça a lata vazia
Vai cantando uma morna triste
E na mente lembrança da Maria
Sua prima partiu recentemente

A Toninha muita saudade sente
E espera ver em breve a Maria
Sua prima e que juntos iam a fonte
Cantando e brincando e contado histórias
Sozinha vai a fonte e contempla o horizonte

Da fonte vem a Toninha muito triste
E na cabeça a Toninha tem a lata cheia
Traz água para encher o único pote
Mas que belo pote de água sempre fria
De repente voa a lata… Que vento tão potente…

A Toninha mais triste volta a fonte
Leva a lata amolgada e mais vazia
Volta cantando outra morna mais triste
Não desiste ela é a Toninha e é badia
Volta e não se revolta até encher o pote

 

João P.C. Furtado                                    09/09/2020

 

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