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POESIA EM BRINCADEIRA DE AMIZADE
PEDRA MICROSCÓPICA PEDRA GIGANTE
TEMA
PRIMEIRO
AMIZADE E AMIGO
AMIZADE
Amor único incondicional e perfeito
Muito discreto se não preciso
Importante na presença e na
distância
Zeloso se requisitado e sempre e
sempre
Altruísta confessionário do amigo
Doador do braço amigo e querido
Elevado depositário do segredo
eterno
João P.C. Furtado 27/05/2020
AMIZADE OU AMOR
Amizade - depositário de segredo eterno,
Mantém firme laços voluntários de
confiança
Investe amor descomprometido, discreto, terno,
Zera zombaria e zumbidos na ausência…
Ah amizade! Abstrata sim, se sabe a
concreto
Doma espírito e físico, engodados na
bonança,
Em crise pandémica, atua ao modo moderno.
Amália Faustino Mendes 28/05/2020
O MEU PRIMEIRO AMIGO
O meu primeiro amigo o João de Maria
Juntos a pequena Ilha era mais pequena
De Cidade a mata de Inhame com alegria
De Aurora a Trindade e a noite amena
Restavam histórias sem luz nem antena
Veio a idade e com ela veio a distância
O meu primeiro amigo o João de Maria
Juntos a pequena Ilha era mais pequena
Parti para estudar e perdi-te João de Maria
Da Ilha do Príncipe levei a saudade e a pena
Deixe para trás a bela amizade de infância
Hoje longe e sem saber nada revivo a cena
O meu primeiro amigo o João de Maria
João P.C. Furtado
28/05/2020
MINHA AMIGA, TAIVINA
Na greta da memória,
resiste a Etelvina
Recalcada nos
recantos da reminiscência,
És
inesquecível, amiga minha, Taivina
Do capítulo da
infância, em consciência.
Eu, filha única da
mãe da benevolência
Carrego no peito
fechado o amor de menina
E na greta da
memória, resiste a Etelvina
Recalcada nos
recantos da reminiscência.
Adorava galgar com
ela cada encosta e colina,
Covões, arribas de
Santiago, sem concorrência.
Ante destinos
diferentes a amizade não culmina;
Nada nem ninguém
retira de mim a essência
Assim, na greta da
memória, resiste a Etelvina
Amália Faustino Mendes 10/06/2020
VARELA - MEU AMIGO PESCADOR
Do Varela um desafio
Pescar… Peixes para comer
Para a praia esforçado
Do mar quis eu peixes prender
Na linha nenhum apanhado
Pela arte e pouco saber.
No Varela um belo sorriso
E em mim aquele lamento
O peixe fiquei esperando
Sobrou para mim o pranto
Muito peixes e peixinhos
Ao Varela coube um cento.
De raiva lágrimas tal rios
Que o mar ia beijando
Via a pesca e sentia o cheiro
Era o peixe que ia pescando
Ele o meu melhor Amigo
Varela pescava cantando…
João P.C. Furtado
10/06/2020
JOÃO
- POETA DO DESAFIO
Aceitei o desafio do João
Em segui-lo a escrever versos,
Catando palavras como feijão
Perdido em cutelos diversos.
João já navega no mar da poesia
Num chap-chap de fluídos dispersos
Ele já confrontou o Suão e a maresia
Eu só queimo minha azágua em versos.
E agora? Permaneço sem pão,
Sofrendo padecimentos diversos?
Não! Promova a coragem, reze terços
E se varrer o medo, virá a inspiração!
Rezando ladainhas sem bastão
Tentando trincar a seco o Zimbrão
Só da semente molhada em berços
Nasce a perna pela pena por esforços.
Amália Faustino Mendes 27/07/2020
EDITH E AMÁLIA
Foi iniciação virtual da amizade
A Edith e o seu poema escrito
Que apresentei ao Daniel a qualidade
E no jornal virtual teve o mérito
Por Edith da mãe Amália veio a amizade
Amante da arte trocamos conhecimento
Uma escrita primorosa e de qualidade
E grande analista...Para amizade o fermento
Sempre presente na responsabilidade
Alguns livros meus por ela comentado
Hoje convido Amália e resposta da caridade
Juntos escrever este livro já começado
Não ofereço outro pão senão o empenho
Que a arte e a inspiração delas Amália é mestre
Rezo para Deus me dar inteligência no desempenho
E mastigar a classe da sua arte sem sofrer desastre
Que a amizade com a filha e a mãe faça de zimbrão
A semente especial de muitos frutos de amizade
E nasça um poema e uma poesia de coração
Tornando eterno todo amor nesta especialidade
João P.C. Furtado
10/06/2020
ARTE &
AMIZADE & POESIA
Amizade virtual, factual
ainda atual,
Desde sempre foi, será
sempre igual;
Amizade prezada pela
Edite tal e qual
É pela mãe preferida, de
modo cabal;
Da arte, à poesia, ao
João, salta o memorial
Dum firme e singelo amor
pela Nelita e tal
Que o rigor da arte ao
compatível pedestal
Desdobrava Edite em
excesso de zelo manual.
Viva a amizade virtual,
factual ainda atual,
Amália, poesia e João,
paginam o memorial
Com recordos de vida em
pontos de luz especial,
Pescados à mente com
anzol e fruta sazonal!!!
Tatear às escuras o pomar
do Príncipe, que tal?
Oh! Cabo Verde! Fruta
banal? Só milheiral;
Milho assado em novembro, amizade normal,
Se sem seca, cartucho ou
abuso do vendaval!
Selaremos com milho a
amizade virtual
Do lado que estira cana e
espiga no pedregal,
E com o coração a poesia
dará luz livro real
Dispensando “cafú”,
tocha, ou luz do castiçal.
Amália Faustino Mendes 28/07/2020
DA AMIZADE À
POESIA E ARTE
É certo que li o teu poema magistral
Vou rogar ao Senhor que faça-me pontual
E a luz deste pòdógò sem pedestal
Escrever o poema mui menos imperial
A Amália é singela vendo arte real
No poema deste inferior ser irreal
Que de letras vãs tento um escrito tal
Que na história fique de ouro no cabedal
Certo está no amor que é fundamental
De infância se prolonga e se torna vital
A Nelita é certamente a metade essencial
Com tudo que é a vida do normal casal
Pode crer que acredito num amigo virtual
Dele outro livro nasceu e é muito real
E consigo espero vir nascer este tão atual
Com pontos e vírgulas e sem vírus mortal
A sombra do zimbrão perto do verde milheiral
Apresentaremos o livro sobre o poial
E o poilão imponente sentindo-se rival
Olhará para o zimbrão com olhar letal
Não será certamente no carnaval
Pois o Rei Momo estará no canavial
E muito menos será pelo Natal
O Deus-Menino pedirá todo recital
Será por todos…Num dia muito especial
Batizaremos o nosso livro capital
De “AMIGOS DA POESIA” num ritual
Próprio do marco histórico e monumental
João P.C. Furtado 28/07/2020
POESIA EM BRINCADEIRA DE AMIZADE
João brinca a escrever sobre amizade
Escreve a brincar, poetando na verdade;
Seus versos brotam viva mentalidade,
Palavras saltitam ao vigor da mocidade.
Brinca p’ra deleitar alguém da
realidade
Dueta comigo – e meu sim em
dificuldade
Ecoa do fundo do poço, certa
amabilidade:
Oh! Deus da misericórdia, que excelsa
bondade!
Extraviada no labirinto circunstancial
de nulidade
Peço a Deus que me replante ânimo e
capacidade
Para honrar o sim com comedida responsabilidade
E produzir poesias, poemas possantes de
validade
Fora do poço já, desafogo a escuridão na
claridade
Minhas pupilas ocultam do sol, com
sagacidade
Meu coração palpita e desencrosta a
ansiedade,
Com a rapidez de uma presa a fugir de brutalidade.
Mas, já quero olhar e ver tudo, até
minha cidade…
Quero trazer a cidade da Praia para a
visualidade
E no campo da virtualidade matar a
saudade
Da minha terra, minha gente e tudo da
atualidade.
Amália Faustino Mendes 01/08/2020
ABRAÇO CRISTALINO
Querida amiga e confrade Amália Faustino
Seu poema tão perfeito foge de todo meu tino
E faz-me procurar palavras para dar o destino
Mas não consigo acompanhar o figurino…
Com seu estilo tão belo e tão rico e tão fino
Minha amiga faz-me perder de todo o pino
E de amizade em amizade cruzados em trino
A Amália e eu e a poesia neste grande desatino
Falando da amizade recordo aqui o Aldino
Merecedor de recordação e ato repentino
De colega de trabalho ao amigo de refino
Foram alguns anos e um abraço cristalino
Peço ao Senhor Deus a inspiração e ensino
Para escrever brincando com arte e bem afino
Pois que esta afronta tal alta só com o Divino
Para alcançar tão alto patamar e tão nobre hino
João P.C. Furtado
13/08/2020
AMIZADE (E)TERNA NA POESIA
Quem escreve poesia como brincadeira
Brinca, solta alegria a quem se abeira
E quem se abeira pode preferir amizade,
Jogando cordialidade com amabilidade,
Tecendo versos, estrofes de cumplicidade!
Se eu escrever poesia como brincadeira,
A pintar poema com rimas de visibilidade,
Proposito e proveito, atrair (e)terna amizade
Apreciadores, adjuvantes como confrade,
Promover, no lazer, o prazer da benignidade.
A cooperação inclusiva adestr’a mocidade
Se coincidir com a procura da felicidade,
Patente e fama veem obras de mutualidade
Erigidas por nós, vários atores da atualidade
Com poesia se brinca em qualquer idade!
Da cooperação, à antologia e dueto em paridade
Da amizade no alicerce, à firmeza da
produtividade
Da vitalidade intencional na obra, à
fecundidade
Da amabilidade à conversão da dor em sanidade
Posso revelar na minha fraqueza a
potencialidade.
Brincar em paridade, estimulante da
curiosidade,
Promotor do saber ao sabor da notoriedade
Em paridade, a antologia da ULLA, de qualidade
Em paridade, o Abraço Poético, com
extensividade
Adultos, crianças, Galiza, Cabo Verde, na
felicidade.
Amália Faustino Mendes 13/08/2020
A HÁSTIA SINGELA
Como não responder com muita alegria
Tua última nobre e abnegada poesia
Bela aventura galega naquela antologia
Um sonho lindo… Que brincadeira tão séria…
De todo o mundo veio para mim a hástia
Muita amizade e aprendizagem quase diária
Mil e um amigos virtuais e com ímpar sabedoria
Não indico nomes pois injustiça decerto cometeria
De Cabo Verde vem a recente surpresa em poesia
Descobri talento e arte na amiga São Hungria
Que gentilmente foi-me apresentada por Amália
Mostra o sem limite é o Senhor dono da Sabedoria
De recordação em recordação um livro e mais caberia
Mas é nobre deixar a história para a história
E terminar o humano esforço com esta poesia
Que a Minerva escondeu as Ninfas com astúcia
João P.C. Furtado 13/08/2020
CORAÇÃO HUNGRIA
Creio ser bom dedicar à Hungria esta atenção
Ou mesmo falar dela como amiga, de coração,
Rendida ao amor, sincera na amizade por irmão
Amiga da adolecência, da escola de habilitação
São, sem medo, sem temor, é amor de betão
A menos que haja falsidade e/ou carinho de
safanão
O que faz dela fugitiva, sem nunca vingar o
pão.
Há voz que desinveste
a minha solidão
Uma, a de São
Hungria, tolhe minha evasão,
Nutre meu espírito
igual ao melodioso pão
Gentilmente trançado
e amassado à mão
Revestido de amizade,
sem deixar um vão
Introduz no âmago do
meu ouvido, a canção:
Ai como ela tenta
reanimar meu coração!
Ainda sinto ser
torturada, pisada a bastão
Festejar nada,
brincar pouco com balão,
Mesmo sabendo, voo
num esforço em vão.
Amália Faustino
Mendes 15/08/2020
TEMA
SEGUNDO
PÃO E PEDRA
PEDRA MICROSCÓPICA PEDRA GIGANTE
Pé molestado e dorido
Cambando no sapato justo
Previsto um cantante galo
Sofrimento jamais suposto
Ai meu pé esquerdo querido
A dor com tal ardor ferida
E a vergonha de meia exposta
Velha e suja e furo e sem halo
Tropeçando e titubeante suporta
Que gigante pedra no pé perdida
Em casa por fim bem refugiado
O sapato projetado à distância
Já na mão a pedra e a admira-la
É ela tão minúscula… É areia
Gigante dor da pedra fundida
João
P.C. Furtado
15/08/2020
PEDRA OU PENEDO
Qualquer pedra vale pelo feito:
Se tamanho não é documento
Não há mais dano pelo efeito
Nem mais estrago no momento.
Sendo areia, pedra ou penedo!
Qualquer pedra vale pelo feito:
Se tamanho não é documento
Tal pedra, tal penedo, se perfeito,
Da mina à obra segue a contento
No corpo a esfregar, contrafeito.
Qualquer pedra destacada no leito
A ribeira acolhe e sabe, pelo evento,
Se o cutelo a tombou por defeito
Ou a rocha, pelo comportamento,
A expulsou pela rudeza do jeito.
Se qualquer pedra vale pelo feito:
Se tamanho não é documento
A cada momento um agente refeito
Areia, pedra, penedo ou rocha, atento,
Inverte o foco da perversão do efeito.
Amália Faustino
Mendes
16/08/2020
PÃO E PEDRA
Grão trigo da terra
Farinha moída na pedra
Pão vida ampara
João
P.C. Furtado
15/08/2020
PEDRA NO PÃO
Pelos atos madrugas do padeiro
Engolfa o pão fofo, de olhos fechados,
Bochechas regulares, gesto rotineiro,
Mãos nos mesmos moldes passados.
Rotina de forno à mesa de assados,
Tal água, tal farinha, tal padeiro
Massas amansadas sem achados,
Porém pedras adentrados no moeiro.
Ora tudo natural: pedra, pão e moleiro
O pão fofo ocultando duros entrançados…
- Pedra no macio pão em dente,
obreiro?!!!
Ai que dor por valores despedaçados!
Nas madrugadas sonolentas do padeiro
Mastiguei noites e rolos empedrados;
Meus dois olhos abertos e encostados
Enxergavam, à distância, o faroleiro.
Nenhum navio ao norte do outeiro
Ninguém desce, nada ecoa brados;
Aguardo, ainda, sinal do companheiro
Ou d’algum socorrista de abandonados.
Amália Faustino
Mendes
16/08/2020
O PÃO E O PÃO
O homem não vive só do pão
A agua e o vinho e o coração
O pão que pode ser a fruta-pão
O arroz e a batata-doce e a razão
A broa é do milho o gostoso pão
O moinho de pedra da cor de carvão
Preparado e cozido naquele fogão
O cuscuz de cada dia é o nosso pão
Três pedras equidistantes no chão
O pobre e o milho e pouco de feijão
Amor no coração e sem sugestão
A cachupa simples do pobre o pão
Chuva sem esperança é o cimbrão
Fruto silvestre e das crianças o pão
Franzidas na escola de pouca opinião
Aprendendo a viver com pouco pão
NA PEDRA DA VIDA DURA
João
P.C. Furtado
15/08/2020
DA PEDRA AO PÃO
Em cada doze, dois meses podem molhar
E se a terra amolecer é p’ra o pão brotar
Entre pedras duras o chão difere de
moleza
Mesmo que seja democrática a natureza
O pão p’ra cada um, tem diferente
dureza.
Soprando a fresca brisa, escurece o
matacão
Sinais do tempo d’azágua enchem
Pilão-Cão:
Sua gente desata a medir sementes ao
calhar,
Sua bandola cheia, enxada d’ombro
desce a cavar,
Só quatro e dois por cova e três
pedras de enganar!
E semear o pão entre pedras, do cutelo
ao covão,
Macaco ou corvo, ou pelada esfomeados
como são
Trepando ladeiras de pedras, desmoronando
betão
As folhas viçosas do pé de pão tentam desventrar
Entre as três pedras e o chão amolecido
ao molhar.
Costas sob a chuva rara, ou ardente
sol a brilhar
Pés fincados entre pedras, no massapé
a mergulhar
A monda, a remonda e toda a faina por
realizar
Ocorrem por conta e custa da esperança
no pão
E o camponês, por apego ou inerência
de função.
Amália Faustino Mendes 21/08/2020
PARALELOS DE PEDRAS
A mãe-terra está seca e nega o pão
Do céu só vem o sol e do leste o vento
O gafanhoto comeu todo o cimbrão
da criança ouve-se choro e lamento
O homem para sobreviver quebra pedra
E faz com ela os pequenos paralelos
E transforma em pão… Da estrada a obra…
Secaram as goiabas e os marmelos
A mulher rouba do mar a areia
E vê a praia morrer e ficar em rocha
E justifica “para filhos o pão para a ceia”
A “téra” vive da pedra e para vazio olha
Vem do céu uma molhada e única gota
O homem lembra-se da enxada pendurada
A mulher com as sementes a força esgota
Semeia e espera a monda esperançada
Volta do leste o vento e seca… O seco chão
Vem a nuvem não de água mas de gafanhoto
Leva o sonho e a esperança e o querido pão
Restam a pedra e a areia e o invisível arroto
João P.C. Furtado 22/08/2020
PÃO DE PARALELO
Esta manhã quis escrever uns
versos
Imaginando
imersa em sons dispersos
E monossílabos
crioulos a esvoaçar
Ecos
de músicas p’ra ouvir e dançar
Revirando
pensamentos controversos.
Escrever pau, pedra ou pão e
diversos,
Orbitando
entre mim e mesa, sem roçar
Expelindo
de mim sonhos bem despertos
Eu
rodava meu carro no asfalto, sem troçar
Das
pedras no percurso S. Miguel ao Tarrafal…
E
agora? Jardins e tambarinha por abrasar!
Sobrevoar,
rodas no ar, ou contar paralelos
Revoltando
os “V”, de vida feita a martelos
Pedra
de valor do pão, p´ra morte fracassar
Numa crise assada em britas e pedras
modelos!
Britas
e paralelos na estrada já sem martelos
Latas
de lascas de pedras sem mulheres a tropeçar
Montes
a carrada, roubada ou vendida aos apelos,
Ah!
paralelo, pedra talhada a martelo, pernas a coçar
Homens, contando, um por um pão, em cada
cutelo!
No
tempo do asfalto foge tanta memória
Mas o paralelo no seu passado,
presente na via
Nem
olvida a pedra da calçada portuguesa
E agora, qual
jovem admite pedra a fonte do pão
E o
sobrevivente da era colonial? Vesga de carestia!!!
Amália
Faustino Mendes 28/08/2020
PÃO SUL DE DESESPERO
Falta de pão que era pobre cachupa
Uma rota ao Sul de desespero
Sem carne nem pele nem roupa
E ao som da criança o seu berro
Manso parte com fome o cordeiro
Na grande barriga só fome ocupa
Falta de pão que era pobre cachupa
Uma rota ao Sul de desespero
Do céu a gota húmida nem com lupa
O verde manto levou-o o tempo severo
A terra-mãe chora e até pedra preocupa
O povo disperso sem pão no desespero
Falta de pão que era pobre cachupa
João
P.C. Furtado
28/08/2020
PÃO & ESPERANÇA
Se setembro chover, como espero
Milho p’ro pão & cachupa até Paul
Esperança dribla o bicho “desespero”,
Certeza no pão de norte, pão do sul.
Julho, pedra; agosto, água e paul.
Raul, rico do tempo de fome, careiro
Se setembro chover, como espero
Milho p’ro pão & cachupa até Paul.
Abastado (des)importado, careiro
Vê pobre sucumbindo em corpo azul,
Pragueja a chuva, vaiando coveiro;
- Seu milho mofado, nem p´ró Pitbull,
Se setembro chover, como espero!
Amália Faustino Mendes 1 setembro 2020
SEM PÃO E COM PEDRA
FRIA
Sentada e quase nua na pedra fria
Estende a mão e pede o pão
A esperança aos poucos esvazia
Com o tempo do pobre coração
A pedra fria congela a alegria
Que um dia era da vida a razão
O pão na mata a fome da Maria
Que com nada espera a compaixão
Cai como sono e fome e miséria
Mas tem força para dar o perdão
Ao mundo que a deu tanta carência
E uma pedra nua e rija e mui fria
João
P.C. Furtado
06/09/2020
CHOVE PEDRA-PÃO
Se Raul apenas quer saber de si,
Se altruísmo ferir alergia do abastado
Chove pedra sem campanha por si
Cachupa, xerém até pastel e pão assado
Para pobre, medio, está tudo domado.
Clientela de Raul toma grogue fiado!
O próximo faminto vira mordomo abonado
Há Quem tudo pode e faz de lá p’ra
aqui
Cachupa, xerém até pastel e pão assado
Para pobre, medio, esta tudo domado.
Felizmente, nuvens escuras sob céu azulado
De Pilão-Cão a Brava, até Paul, esvoaçado
Sacudindo ancas, em torno e cola S.
João
Cachupa, xerém até pastel e pão assado
Para pobre, medio, esta tudo domado.
Meu povo graceja em palmas, esperançado,
Pão na mão e no chão da barragem
estopado
Há Quem tudo pode e faz de lá p’ra
aqui
Cachupa, xerém até pastel e pão assado
Para pobre, medio, esta tudo domado.
Amália Faustino Mendes 4 setembro 2020
TEMA TERCEIRO
AGUA E VENTO
O CHÃO SECO ESPERA MILAGRE
Ondas revoltadas e gigantes
Uma tempestade de forte vento
O chão seco espera milagre
E o homem lavrador e seu lamento
De Cabo Verde são estados permanentes
Do céu nuvem escura promete
Agua boa para ano de fartura
São gafanhotos e não chuva bendita
A esperança já pouco se procura
A nuvem uma razia as plantas comete
Raramente a água do céu cai e molha
E quando acontece a sonhada raridade
Leva casa e burro e terra para o mar
E o prejuízo transforma alegria em fatalidade
E toda a população para o Céu triste olha
João
P.C. Furtado
06/09/2020
AGUAS
& EIGHTEEN
Mudam-se os tempos mundanos
Altera-se o clima, atos desumanos,
Atitudes egoísticas e interesseiras
Espatifa o planeta! E agora? Poeiras!
Tudo aquece, derrete ou
queima
Ozono esvai por prazer
e teima
Depressões, furacões,
tornados
Ignoram tanto vivos
como inanimados.
Eighteen em perseguição a Paullette
Agita o Céu, desprende
água, sem motete
Jorram gotas mil e
barragem encaixa
Ou devastam tudo que
não despacha.
Sucede-se tudo ou resto
em atolada:
Ladeiras com casas em
derrocada
Víveres, teres e
pedreiras em barreira
Corpos e tudo, em
tulha, ao mar se abeira.
Pesadas vacas boiam, mar é rumo
Árvores, de raiz em
flor, acenam
E aves vêm, esvoaçam e
encenam
Seus peitos palpitantes em fumo!
Cabo Verde, de per si, feito de grãos
Minha terra, condenada pela situação
Ou água e verde da terra, se menos
peca
Ou castanho no azul na paz da seca.
Amália Faustino Mendes 09 setembro 2020
AGUA DOCE E AGUA SALGADA
Água doce e suja caminha enfurecida
Ruma para o mar revolto e salgado
A população banha e dança esquecida
Do tempo da seca e o povo sente-se perdoado
Puro engano da natureza justiceira
Que do nada manda a tempestade
Que sopra e arrasta toda a ribeira
O mal nosso de cada dia arrasa a cidade
Água salgada da minha lágrima
Forma o mar enorme à minha volta
O povo vê ao redor e tudo é lástima
Mas a esperança não permite revolta
Uma brisa calma e fresca sopra
Uma criança canta uma bela canção
Toda a humanidade sente que sobra
Lá no fundo de tudo um puro coração
João
P.C. Furtado
09/09/2020
TERRA & MAR AO VENTO
O mar agita-se, sem afagar as algas
Deserta seu fundo sem ressalvas,
Vias cruas e nuas, sem decalque
Teres e seres em distinto desfalque.
Peixes de barbatanas em leque
Ginasticam no turbilhão da água
Vento, prepotente, rodopia e segue,
Tudo arrasta, instigando a mágoa!
A Terra desiste e deixa-se decompor:
Água e vento em unidos esforços
No rasto da destruição se nota
Em reunião por dever não se vota.
Telhados voados já sem conta
Cérebro egoístico, na zoada, desponta
E a solução ideal? Que plano e quota?
Orçamento desfeito, não importa!!!
Afrontas iguais a pobres e sem jeito...
Os menos ricos, gozando dor de peito
Bolsas, bolsos e contas com defeito
Confortado sem poder, sem proveito.
Amália Faustino Mendes 9 de Setembro de 2020
NÃO SE REVOLTA
Vai a Toninha badia a fonte
Leva à cabeça a lata vazia
Vai cantando uma morna triste
E na mente lembrança da Maria
Sua prima partiu recentemente
A Toninha muita saudade sente
E espera ver em breve a Maria
Sua prima e que juntos iam a fonte
Cantando e brincando e contado histórias
Sozinha vai a fonte e contempla o horizonte
Da fonte vem a Toninha muito triste
E na cabeça a Toninha tem a lata cheia
Traz água para encher o único pote
Mas que belo pote de água sempre fria
De repente voa a lata… Que vento tão potente…
A Toninha mais triste volta a fonte
Leva a lata amolgada e mais vazia
Volta cantando outra morna mais triste
Não desiste ela é a Toninha e é badia
Volta e não se revolta até encher o pote
João P.C. Furtado 09/09/2020
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