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sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Dignidade ao Vento e Chover Maresia

 


DIGNIDADE AO VENTO


Estou distante, mas daqui oiço ranger

Dentes e canelas, até ramos de acácia,

Oiço o povo das ilhas a tentar deter

Sobras de enganos e ofertas de falácia

 

Estou distante, mas daqui vejo constranger

Meu povo ao vento como qualquer acácia:

Verga, range, ajoelha e ora p’ra valer

Amor, paz, sossego, quiçá, alegria rosácea!

 

Estou distante, mas daqui sinto franger

Corcundas colunas, torcidas com audácia

Baixam, sem ruindade, semeando beijos a verter

Amor, paz e algo mais para vida com dignidade.

 

Amália Faustino Mendes     25 /09/20

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CHOVER MARESIA

 

Começa a chover, gotejando água

De sabor ácido, nas folhas da mágoa,

Dependurando de árvore façanha,

 Em rajadas nas teias da aranha.

 

Senti a necessidade de me agarrar

A algo disposto a mim, p’ra amarrar

Tal qual a gota, talvez me solte

Como as folhas dum outono à sorte.

 

Eu quis me agarrar a ti, meu predileto

Tecedor da teia de aranhas do intelecto,

Tu consegues ler o emaranhado alfabeto

Da página do outono do meu teto.

 

Meu Outono, da cor do meu destino,

És tu que o desvendas como predestino;

As maresias que sopram do teu mar

 Salgam o coração do meu pomar.

 

Então, podes libertar tua maresia

Que o meu coração é teu, sem asia

Teu mar pode rolar na areia do pomar,

Onde as frutas podes comer ao remar!

 

Amália Faustino Mendes          15/9/2020

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