DIGNIDADE AO VENTO
Estou distante, mas daqui oiço ranger
Dentes
e canelas, até ramos de acácia,
Oiço
o povo das ilhas a tentar deter
Sobras de
enganos e ofertas de falácia
Estou
distante, mas daqui vejo constranger
Meu
povo ao vento como qualquer acácia:
Verga,
range, ajoelha e ora p’ra valer
Amor,
paz, sossego, quiçá, alegria rosácea!
Estou
distante, mas daqui sinto franger
Corcundas
colunas, torcidas com audácia
Baixam,
sem ruindade, semeando beijos a verter
Amor,
paz e algo mais para vida com dignidade.
Amália Faustino
Mendes 25 /09/20
CHOVER MARESIA
Começa a chover, gotejando
água
De sabor ácido, nas folhas
da mágoa,
Dependurando de árvore façanha,
Em rajadas nas teias da aranha.
Senti a necessidade de me
agarrar
A algo disposto a mim, p’ra amarrar
Tal qual a gota, talvez me
solte
Como as folhas dum outono à sorte.
Eu quis me agarrar a ti, meu
predileto
Tecedor da teia de aranhas
do intelecto,
Tu consegues ler o
emaranhado alfabeto
Da página do outono do meu
teto.
Meu Outono, da cor do meu
destino,
És tu que o desvendas como
predestino;
As maresias que sopram do
teu mar
Salgam o coração do meu pomar.
Então, podes libertar tua
maresia
Que o meu coração é teu, sem
asia
Teu mar pode rolar na areia
do pomar,
Onde as frutas podes comer
ao remar!
Amália Faustino Mendes 15/9/2020
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