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terça-feira, 15 de setembro de 2020

EU CHORO

AS MINHAS LÁGRIMAS!

Eu choro, choro,
E mansamente, choro,
Com paciência, senão pioro

O estatuto de paciente:

- Esta cena se repete como foro.

 

Sempre chorei, ainda que sem ruído...

Sem gritos, ao esconder a dor no peito

Mas assim sempre pioro

 

Minhas lágrimas de sal derretido

Nas costas da ausência de atenção

Evaporam com a fúria da ebulição

Sol em cima, vulcão em baixo,

Em adjacência, pólvoras como lixo

Tóxico interesse e pretensão

Intervalando cada grupo de explosão

Um silêncio melodioso contido

Sob a forma de pacto de paz florido

Agudiza ao ser humano a revolta.

E a mim, todo o mal repelido volta!

 

E eu, sem razão porque adoro

Meu mal e meu mar conservam o amor

Por minha terra amadora

E pioro, sem melodia, sem coro

Amor marinado não se estraga

Mas a maresia ao amor esburaca!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

https://www.youtube.com/watch?v=MNXeVt7yNIc (DESDE 1:19)
SERXIO: “Flor de toxo”, música dos Folkgazais, a banda impulsada por Abel Pérez.
LUÍS: Cinco e XXXXXX minutos. Continuamos co desenvolvemento do programa desta tarde.
SERXIO: O abraço poético continua. Viajamos agora á capital de Cabo Verde.
BERNARDO: Dona Amália Faustino, muito boa tarde!!// Queremos sentir um bocado de inveja: diga-nos como está o dia aí na cidade da Praia. Qual é a temperatura?
ALBA: Senhoras e senhores, estamos em conversa com Dona Amália Faustino, poeta, que nos atende desde a capital da República de Cabo Verde.
Agradecemos o privilégio desta conversa ao escritor Joaquim Arena, que visitou recentemente a nossa terra; e à escritora Analina Rocha, com quem conversamos na semana passada.
BERNARDO: Dona Amália é da Calheta de Sao Miguel? // Sabemos que nesta altura realiza trabalho de gestao, mas foi fundamentalmente professora. É assim?
LUÍS: Diga-nos em que niveis ensinou e em que lugares!
SERXIO: Queremos conhecê-la como escritora. Desde quando faz literatura? // E como é a sua literatura?
LUÍS: A nossa interlocutora conseguiu Mençao Especial no Festival Mundial da Poesía celebrado em Calábria em 2015.
B: Como foi essa experiência na Itália, Dona Amália?
B.: E o que nos diz do Abraço Poético entre a Galiza e Cabo Verde? Como conheceu a inciativa?
SERXIO: Pode nos recitar algum dos seus poemas?
B: Dona Amália Faustino, muito obrigado! Junto com o nosso abraço, vai esta música galega dedicada a Cabo Verde. //Manolo Maseda e os Diplomáticos de Monte Alto.
https://www.youtube.com/watch?v=4A1LJ06v-8Q
ALBA: Era a música de Manolo Maseda, os Diplomáticos de Monte Alto e as Batuko Tabanka. Música afro-galega en Proxecto Neo.
Cinco e XXX minutos. Continuamos.

 

 


apenas sinto a cara molhada
as lágrimas que escorrem
dos olhos que transbordam...
Choro!
Choro por ti, por mim, por nós,
choro pelo mundo
choro pelas crianças mortas
choro pelas crianças que sobrevivem
que ficam feridas, a sofrer
estendidas em camas de hospitais miseráveis
á mercê de serviços médicos sobrelotados
e de médicos cansados!
Choro pelas mulheres presas e torturadas,
violadas e vendidas
choro pelos homens solitários, sem amor
choro pelos animais usados para experiências
choro pelo mar sujo e poluído
pelos aviões desaparecidos e acidentados
choro pelos familiares desesperados!
Choro pelos poetas sem voz
atrofiados por tanto sofrimento e dor
Com a pena seca de tinta e molhada de lágrimas
Sem papel para escrever e que escrevem nas paredes
com sangue fresco, que escorre!
Choro nas noites de pesadelos
Choro ao acordar para mais um dia de sofrimentos
e notícias de mortes, guerras, invasões....
Choro...choro...e partilho com vocês
estas lágrimas mansas
que correm sem esperança
e molham o meu rosto!

  

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