Quero dormir agora, de dia
Embalada pelos pássaros
Ena! Que chilrear agudo eu ouvia
Entre xaxaxá veloz dos carros!
À noite, escuto outra melodia:
Estridentes crioulos sem carros,
Exibindo dotes do final do dia
Sem janela, nem porta ou aros.
Ao rolar na cama, troça caía
Zombaria nas escadas e amparos
Sem parar nos doze e três e meia,
Espalhando uivo e gracejos de cagarros.
Aqui não durmo ! E há cigarros!!!
Estradas esburacadas, saltam carros
À noite, escuto outra melodia
Estridentes crioulos pés de barros.
Somam profundos sulcos de aros
De óculos por séculos de folia
Esvaziam nervos, vasos, testa esguia
Em cada segundo, planos sem amparos.
Amália Faustino
Sem comentários:
Enviar um comentário