Pesquisar neste blogue

domingo, 13 de setembro de 2020

Dormir de dia

 

Quero dormir agora, de dia

Embalada pelos pássaros

Ena! Que chilrear agudo eu ouvia

Entre xaxaxá veloz dos carros!


À noite, escuto outra melodia:

Estridentes crioulos sem carros,

Exibindo dotes do final do dia

Sem janela, nem porta ou aros.


Ao rolar na cama, troça caía

Zombaria nas escadas e amparos

Sem parar nos doze e três e meia,

Espalhando uivo e gracejos de cagarros.


Aqui não durmo ! E há cigarros!!!

Estradas esburacadas, saltam carros

À noite, escuto outra melodia

Estridentes crioulos pés de barros.


Somam profundos sulcos de aros

De óculos por séculos de folia

Esvaziam nervos, vasos, testa esguia

Em cada segundo, planos sem amparos.



Amália Faustino

Sem comentários:

Enviar um comentário