EU CHORO
Eu também choro, choro,
E mansamente, choro,
Com paciência, senão pioro:
- Esta cena se repete como foro.
Sempre chorei, ainda que sem ruído...
Nem gritos, ao esconder a
dor no peito
Mas assim sempre pioro
Minhas lágrimas de sal derretido
Nas costas da ausência de
atenção
Evaporam com a fúria da
ebulição
Sol em cima, vulcão em
baixo,
Em adjacência, pólvoras ou
graxo
Tóxico interesse e
pretensão
Intervalando cada grupo de
explosão
Um silêncio melancólico
contido
Sob a forma de pacto de
paz florido
Agudiza no ser humano a
revolta.
Em mim, tudo que o meu ser
revolta
E eu, sem razão, desde
sempre te adoro
Meu sal e meu mar conservam
o amor
Por minha terra amadora
E pioro, sem melodia, sem
coro
Amor marinado não se
estraga
Mas a maresia ao amor
esburaca
Amália Faustino Mendes alterado em 26 de novembro de 2020
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