Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Nada a qualquer tempo




Toda a carne é como a erva;
Nenhuma se identifica ao mineral,
Nem a da mais valorosa serva
Permanece em ouro no beiral.

Seca-se a erva e cai a sua flor;
A carne imobiliza-se a fundo,
Desfazendo-se no meio da dor
E da insensibilidade do mundo.

A queda da flor leva o fruto,
Em embrião ainda asfixiado,
E o feto, numa luta em bruto,
Vê-se no relevo do ventre esfriado.

Qualquer delas à terra retorna
Sem se confundir com a pedra
De dimensão arrojada que a orna,
Forrada de cetim cor de cidra.

Pressentida a afluência da efemeridade
Da carne, da erva (da vida) no mundo,
Impõe-se a formatação da perenidade
Pressurizando a consciência a fundo.

Amália Faustino Mendes, 8 de Novembro de 2010

Sem comentários:

Enviar um comentário