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terça-feira, 26 de abril de 2011

Mãe

Eu e tu, neste mundo, fomos as únicas!

Eu sou a única filha e não usava túnicas
Eu fui aquela que nas tuas belas túnicas
Enfiava meus bracinhos finos como o fio
Enroscava-me nelas, deixando de fora o frio
Estatelava, com elas, no chão de terra bufa,
Esgaravatando impregnadas marcas de rufa
Escondidas nas pregas das bainhas de renda.
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Esqueço-me nunca e das brincadeiras, não!!!
Escondias, no pano bento na missa, o pão
E fazias-me surpresas de outros guloseimas,
Emendando um sorriso maroto de damas,
Esticavas-me teu braço com carinho de mãe
E dizias-me: advinhas o que te trouxe a mãe?
E não respondia, ao apartar-te os dedos
Extorquindo das tuas mãos os conteúdos!
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Enfatizo as recordações infantis inesquecíveis,
Ensaboando com elas as melancolias resistíveis,
Engalanando profundas apunhaladas actualizadas
Em tempos coincidentes de dores desmedidas,
E hoje, triste ou alegre, nós as duas resignadas.
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